2 de março de 2018

Dunkirk.


   Presumo que terei completado o meu ciclo de nomeados para os Oscars (Lady Bird ainda não estreou). Os cinemas UCI - os melhores de Lisboa - acompanham o resto da superfície no que concerne ao indicador qualidade (eu ainda sou do tempo em que se encontrava no El Corte Inglés o que não se encontrava em lado algum da capital): Dunkirk havia estreado no Verão, e repuseram-no, novamente, em cartaz. A horas indecentes, diga-se. A sessão da meia-noite, que, a mim, ficaria muito tarde. Até que se lembraram de colocá-lo no horário das dezanove.

   Por coincidência, anteontem vi o Darkest Hour, uma narrativa que assenta exactamente no mesmo período da História: a participação do Reino Unido da II Guerra Mundial; ambos, mais concretamente, na evacuação de soldados britânicos dispostos na praia de Dunquerque, a célebre Operação Dínamo - em Darkest Hour, a Operação é tratada, não sendo o foco. Em Dunkirk, não há lugar para cenas que se demoram. O filme é de acção, sempre acompanhado por uma música de fundo que nos incute aquela estranha sensação de perigo e de tensão. A guerra travava-se em três frentes: mar, terra e ar. Pelo ar, procurava-se dar cobertura à fuga, digamos assim, daqueles homens, que tudo quanto queriam era regressar, a salvo, a casa.

  Os planos são minuciosos e detalhados, incluindo nos caças. O som é extraordinário. O filme impressionou-me pelo ambiente recriado, definitivamente de palco de guerra. Não há sorrisos ou complacências. Há o instinto de sobrevivência a funcionar, numa atmosfera fria e angustiante, se bem que também encontramos, pelo meio, gestos de solidariedade. O curioso em Dunkirk, entretanto, é que embora tenhamos pelo menos um actor principal, a história dispersa-se por vários. Há uma quantidade apreciável de personagens a quem o realizador quis que seguíssemos o trajecto, sem, contudo, densificar nenhuma delas. São homens de quem pouco sabemos - literalmente homens, que as únicas mulheres que se vêem são enfermeiras. É um filme de guerra, com poucos diálogos, e os que tem são apressados.

   Não serei um apreciador confesso deste género cinematográfico. Em todo o caso, Dunkirk, definitivamente, é um dos favoritos a levar para casa a estatueta dourada, e é um dos meus favoritos entre todos os que venho assistindo. Entrei numa numa operação militar com Christopher Nolan, que conseguiu recriar com esmero um episódio que tem escapado aos nossos holofotes quando pensamos nas várias facetas que a II Guerra Mundial assumiu. Geralmente, temos uma perspectiva da participação dos EUA. Nesta longa-metragem, não consta um americano.

2 comentários:

  1. Logo veremos os que os óscares dizem :)

    Grande abraço amigo
    Francisco

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