31 de janeiro de 2018

Call Me By Your Name.


   Vinha-vos falar do meu último domingo, mas entretanto impôs-se que priorizasse a crítica ao Call Me By Your Name, a que assisti hoje mesmo (ou ontem, se considerarmos a hora tardia).

    Sou naturalmente despistado, e um aselha com o cinema (os dias em que ia várias vezes por semana ficaram lá atrás). Posso adiantar, desde já, que gostei muito. Soube, posteriormente, que foi elencado entre os dez melhores do ano. Não vi os outros nove, mas Call Me By Your Name figurará, seguramente, entre os melhores que já alguma vez assisti na categoria dita LGBT. Pela candura da história, sobretudo. A descoberta e a iniciação sexual abordadas de uma maneira genuína. O realizador foi pretensioso, aí sim, com a atmosfera que deliberadamente quis recriar. Uma Itália rural, ainda com vestígios do fascismo, nos anos 80. O selo anos 80 convenceu-me de imediato. Como referi, salvo erro no La La Land, está na moda ambientar filmes nessa década, com as musiquinhas típicas («words, don't come easy...») e os excessos, até nos comportamentos, e temos vários exemplos durante os 130 minutos.

   O Elio não é mais nem menos do que qualquer jovem imberbe que experiencia sensações e sentimentos novos. Há, outrossim, uma tentativa de recriar a cor e a luz do cinema italiano, ou, pelo menos, daquele que conta com essas parcerias.
    As cenas familiares são nucleares. Judeus que falam uma profusão de idiomas; que se confundem, afinal, com a diáspora do povo judaico pelo mundo.

   A aventura sazonal que Elio e Oliver vivem, a bem dizer, não difere de muitas já anteriormente exploradas no cinema. Os avanços e recuos, as reticências, os medos, até a desilusão final - a cena do comboio é muuuito cliché. A bella italia, as paisagens, as cores e a fotografia é que dão ao filme o toque que o distingue e que o torna especial. Acrescente-se-lhe a interpretação de Timothée Chalamet e aquela química fabulosa com os pais - o diálogo final é surpreendente - e temos a fórmula do sucesso. O filme é bom, é, mas não o é pela história; é bom pelo argumento que dela se origina, pela envolvência que se gera em torno daquele proto-casal de verão. Para alguns, será até monótono - perdi a conta à quantidade de vezes que vi Elio às voltas na cama ou no sofá, como se a adolescência tivesse necessariamente de ser aborrecida.

  Realizado por Luca Guadagnino, inspirado num romance de André Aciman, Call Me By Your Name tem sido premiado em vários festivais internacionais, e recebeu, ao que sei, três nomeações aos Oscars, incluindo a de Melhor Actor para Timothée.

6 comentários:

  1. Partilho mais o menos da tua opinião a respeito do filme. Acho que, de certa forma, está a ser sobrevalorizado, mas acho que a adolescência retratada é tudo menos aborrecida. é antes inquieta.

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  2. Tenho que o ir ver :)

    Abraço amigo

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