4 de março de 2021

La Casa de Papel.

 

   La Casa de Papel é uma série espanhola que terminámos recentemente. Mundialmente conhecida, tornou-se numa das produções mais vistas da Netflix, e nós não escapámos à curiosidade que gerou. Dividida em quatro temporadas, conta-nos as peripécias de um grupo de criminosos, uma quadrilha, que se dedica a assaltar a Fábrica da Moeda, num primeiro momento, e o Banco de Espanha, num segundo. Sucede que a trama está concebida não para que os detestemos e apoiemos a polícia, que tenta pôr cobro à situação, senão para que nos solidarizemos com os bandidos e, a determinado momento, sintamos afeição por eles.

   O argumento tem interesse e foi, até meados da terceira temporada, posto em prática com eficácia, no entanto, a certa altura senti -sentimos- que se perde o norte, que falha a inspiração e que o autor começa a forçar a estória. E digo sentimos porque foi uma sensação comum ao meu marido e a outras pessoas com quem a comentei. A série não está dada por terminada e, ao que parece, segundo li, terá pelo menos mais uma temporada, a que assistiremos, claro. Outro factor que me prendeu foi a dinâmica nas sequências e a ausência de sangue, pelo menos do que se esperaria tratando-se de uma situação limite, de profundo desgaste emocional e físico, entre sequestradores, reféns e polícia. Há-o, claro, mas não é uma série violenta ou que faça o apanágio da violência. Aliás, um dos princípios do professor e dos seus alunos, chamemos-lhes assim, era o de se evitar ao máximo o derramamento de sangue.

   Quem sai mal na foto, muito mal, é a polícia espanhola e as instituições do Estado. Sendo ficção, não sei até que ponto haverá um aproveitamento da tensão permanente entre cidadãos e forças de segurança, sobretudo devido aos conflitos com os separatistas e a polícia na Catalunha, que são recorrentes e amplamente comentados nas redes sociais e na imprensa.

   Terminando-a, começámos a ver El cuento de la criada (A Serva, em português, The Handmaid's Tale, no original em inglês), uma estória perturbadora. Dar-lhes-ei conta dela mais à frente.

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