30 de abril de 2025

Apagão.


   Não me recordo de algo assim. Recordo-me de, em miúdo, faltar a luz algumas vezes. Nada como isto. Um apagão internacional. Eu fui afectado, claro, ao residir em Espanha. Parece que afectou Portugal, Espanha e algures pelo sul de França. Os motivos, não no-los querem dizer, ou ainda não os conhecem. Por aqui, por Espanha, a Audiência Nacional (que é um tribunal sui generis que não tem paralelo em Portugal) já está a investigar as causas, ou seja, se não terá sido um ciberataque. 

    No meu caso, estive sem electricidade desde as 12h30, como todos, até às 6h do dia seguinte. Dezoito horas, a rezar para que a comida não se estragasse. Tenho uma arca frigorífica no rés-do-chão da casa onde guardo a carne e o peixe. Além de perder dinheiro, seria comida que se estragava, e com a fome que grassa pelo mundo… Felizmente aguentou. Em todo o caso, eu não estou nada tranquilo. Pandemias, apagões… O mundo está-se a tornar num lugar estranho e perigoso. Eu acho que situações insólitas como estas e outras começarão a suceder-se. E é isso que me mete medo. O que ainda virá por aí…

27 de abril de 2025

25 de Abril de 1975.


   Há uns anos que não falava do 25 de Abril. Repetir a mesma ladainha ano após ano torna-se chato e inútil. Este ano, entretanto, assinalaram-se os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal, e também as primeiras nas quais puderam votar mulheres. As primeiras eleições de sufrágio verdadeiramente universal. Teve uma participação de 91%. Das cidades à província, as pessoas acudiam às urnas para votar. Vi uma reportagem na RTP. O analfabetismo era tão grande que muitos nem sabiam em quem votar. E diziam-no. “Eu votei ao calhas”; “Eu votei num qualquer”. Também não sabiam em que é que se votava. Uns diziam que era para o Presidente da República. 


Jamais se voltou a ver uma adesão às urnas como a 25/04/1975


   Na verdade, a 25 de Abril de 1975, exactamente um ano após a revolução, votou-se para a Assembleia Constituinte, isto é, a assembleia que viria a redigir a Constituição de 1976, que entrou em vigor precisamente no dia 25 de Abril do ano seguinte. Um dia histórico, não da dimensão do 25 de Abril de 1974, mas ainda assim um dia histórico, e merece ser assinalado.

21 de abril de 2025

Adeus, querido Papa Francisco.


   É realmente um dia muito triste para mim. Cada um falará por si. O Papa Francisco foi o responsável por eu ter abraçado a Igreja. A sua mensagem de inclusão (uma Igreja para todos, repetindo o todos três vezes) não deixou margem para dúvidas: o Papa queria que a Igreja acolhesse homossexuais também. Nós, que durante tantos séculos, e inclusivamente mais recentemente com João Paulo II e Bento XVI, fôramos desprezados e tratados como aberrações, com o Papa Francisco voltámos -pelo menos eu- a sentir-nos integrados e acolhidos no seio da nossa fé. E eu estou seguro de que o Papa teria ido mais além se pudesse, uma vez que a Igreja é uma instituição enorme, onde há lobbies fortíssimos. Fica a imensa saudade.

   Quanto ao seu sucessor, temo o que poderá vir por aí. Espero que o conservadorismo de João Paulo II e de Bento XVI não se repita, e que o caminho que o querido Papa Francisco iniciou não se encerre, pelo contrário, prospere e continue.


17 de abril de 2025

Dad or Son?


   Eu não sou destas publicações -creio até que é a primeira no blogue deste tipo, em dezassete anos-, mas prontes, como diz o outro. Para desanuviar um pouco e recuperar (também um pouco) do que era a blogosfera de há muitos anos, divertida e lúdica (risos). Bem, e com o perdão de Deus por estarmos em Semana Santa, vocês ficavam com o pai ou com o filho? Ou com ambos? Estes dois começaram a aparecer-me nos reels do Youtube, não faço ideia porquê.






15 de abril de 2025

Paris VIII (Saint-Chapelle et Conciergerie e Panteão Nacional).


   No nosso último dia em Paris, adoeci. Alguma virose, suponho. Cumpri com o programa a custo, por querer muito aproveitar e sobretudo para não perder o dinheiro (como sabem, compro todos os bilhetes com a devida antecedência). Nesse sentido, começámos o dia na Saint-Chapelle, um templo gótico precioso, como se diz em Espanha, cuja capela superior está dotada duns vitrais maravilhosos que merecem bem enfrentar a afluência de gente -aliás, em Paris onde é que não há afluência de gente?-.


Se tivesse um pouquinho menos de gente…


  A Conciergerie foi uma prisão, recordada principalmente no período pós-revolucionário do Terror (1793/94). Não lhe vi especial interesse. Tinha umas exposições temporárias, imagino, para preencher aquele espaço frio e inóspito. Vemos o que foram as celas dos prisioneiros, umas explicações relativas e pouco mais.


O Panteão Nacional francês 



Túmulo de Voltaire


  O Panteão Nacional, sim, para quem gosta de ver túmulos funerários. Há quem considere desprezível, desprezível aqui no sentido de perda de tempo. Pode ser, mas eu não quis sair de Paris sem ir ao Panteão. Um panteão que fica aquém, em beleza, do nosso, pelo menos na parte das criptas. Outra coisa é na planta baixa. Por lá poderão encontrar os túmulos de escritores franceses como Victor Hugo, Émile Zola, bem assim como de filósofos da envergadura de Voltaire ou Rousseau, entre inúmeros outros (os investigadores Curie também, e há quem diga que os túmulos têm uma protecção adicional de chumbo devido às radiações dos corpos… se é verdade ou mito…).


Eu adoro comprar livros, e encontrei boas surpresas


   Por coincidência, à tarde, no mesmo dia, descobrimos uma livraria lusófona, portuguesa e brasileira, que foi um verdadeiro achado. Naturalmente, adquirimos inúmeros livros, e vimo-nos aflitos, no dia seguinte, para levar todo aquele arsenal nas malas, e mais ainda para disfarçá-los no embarque.

11 de abril de 2025

Paris VII (Les Invalides e Le Marais-Bastille).


   Ui, há tanto tempo que não falo da minha viagem a Paris. Entretanto foram surgindo outros temas da actualidade social e política, e fui deixando para trás. Como falta pouco, continuo. No nosso sétimo dia em Paris, começámos pelos Inválidos, que em parcas palavras é um complexo arquitectónico mais conhecido por albergar a tumba de Napoleão Bonaparte. Embora seja um mero túmulo, pelo menos em mim suscita alguma curiosidade estar diante dos restos mortais de tão insigne figura. Nos Inválidos, também está situado o Museu Militar. Eu não gosto particularmente de museus militares, mas já que estava…


O túmulo do grande general, Napoleão Bonaparte 


Os Inválidos


O Muro dos Justos


   À tarde, passeámos pelo bairro de Le Marais e pela Bastilha. Passámos designadamente pelo Memorial de Shoah, que se trata de um muro onde se recordam as vítimas do Holocausto nazi. Entrámos em igrejinhas e capelas, procurando, como dissera antes, fazer desta viagem um equilíbrio saudável entre a vertente mais cultural de palácios e museus e a outra, de explorar a cidade, que é igualmente cultural, claro.

9 de abril de 2025

Debates Legislativas 2025.


   Tenho acompanhado os debates, mas zero vontade de fazer o que costumo fazer em todos os actos eleitorais, isto é, a minha própria análise a cada um dos debates. Supostamente, não deveríamos ter eleições legislativas este ano, se Luís Montenegro não tivesse provocado esta crise devido à promiscuidade entre a sua vida profissional e pessoal. Recebeu avenças sendo primeiro-ministro, não se demitiu, não se explica, há uma suspeição no ar que perdurará ainda que o PSD “ganhe” de novo as eleições. É um acto eleitoral sem sentido; as pessoas não entendem porque têm de voltar às urnas um ano depois. As pessoas querem -queriam!- estabilidade, que é o que menos têm, e eu não consigo olhar para a cara de Luís Montenegro, para aquele sorriso de cínico, sem ver a sua responsabilidade única por esta crise, portanto, não irei fazer uma análise pormenorizada de cada debate, e nem sei se voltarei a falar dos debates e desta eleição. Não há vontade. Aliás, eu nem vivo em Portugal (embora vote, como qualquer emigrante). Não sei por que razão continuo a preocupar-me com um país que, sendo sincero, já não me diz nada.

4 de abril de 2025

Bichas… (parte 3 - a bicha bruxa).


   Hoje venho falar-lhes de uma bicha dos blogues que conheci… bem, hilariante. A macaca foi a Lisboa já não me lembro porquê. Sei que me queria conhecer, desfazia-se-me em elogios e beijinhos quando comentava no meu blogue… Enfim, foi. Queria conhecer-me. Eu, por educação, acedi. Bem, qual o meu espanto quando a vejo! Cabelo meio comprido atrás, meio careca à frente, com uns fios esquisitos ao pescoço, esotéricos, as unhas sujas. Um filme de terror. Onde ir com “aquilo”? Fomos até ao Terreiro do Paço (eu cheio de medo que alguém conhecido me visse naquela companhia). 

    Soube mais tarde que a bicha queria que eu a tivesse levado a passear por Lisboa, sei lá por onde, o Castelo de São Jorge, ou quiçá mais em plano romântico, no Palácio da Pena, em Sintra. Não me lembro como soube, mas vim a saber. Que tinha ficado decepcionada por não a ter levado a passear. Eu sentei-me com ela junto ao Tejo, no cais das colunas, e estava a rezar a todos os santinhos para me poder pirar dali o mais rápido possível.

   Creio que voltei a ver a criatura esquisita nuns jantares de blogues. Sei que hoje ainda anda por aí nos blogues a escrever contos juvenis, a lançar tarot, búzios, horóscopos, eu sei lá. (risos) Isto só a mim. Bem, é melhor calar-me. Ainda me faz uma bruxaria.

3 de abril de 2025

Oviedo.


   Neste fim-de-semana, fomos à capital das Astúrias, Oviedo, que ainda fica a mais de 250 quilómetros da nossa casa. Espanha é grande.


A catedral e, na estátua, A Regenta, personagem enigmática da obra de Leopoldo Alas


Uma das ruas comerciais de Oviedo


    Gostei imenso da cidade. É bonita. A catedral também, embora por dentro desaponte um pouco. É uma urbe super bem cuidada, limpa, com um plano urbanístico equilibrado, fácil de percorrer, de vida nocturna agitada e, pareceu-me a mim, com um pouco menos de imigrantes (pr*talhada e outros que tais).



Cudillero deixou-me sem palavras



As suas casas


    No domingo, aproveitando a continuação de bom tempo, fomos a uma vila lindíssima (está entre os pueblos más bonitos de España) chamada Cudillero, perto do mar, na costa asturiana. As casas foram construída na encosta; estão como escarpadas entre os montes, de frente para o mar. Uma beleza. Já de regresso, fizemos uma paragem noutra vila chamada Tapia. Deixo-lhes fotos.

1 de abril de 2025

Anjos vs. Joana Marques.


   Para os mais desatentos, os Anjos (dúo dos irmãos Rosado) processaram a humorista Joana Marques. Sem perder muito tempo com a polémica, que podem pesquisar na internet, basicamente eles cantaram o hino nacional num evento, aquilo foi um desastre, e a Joana Marques (a humorista da rádio) pegou na actuação e fez uma brincadeira (se de mau gosto ou não, vai de cada um). Eles entraram com uma acção na justiça por danos no valor de 1 milhão de euros.

    O que é que eu acho. Acho que há várias questões. Os danos patrimoniais. Eles têm empresas associadas que, ao verem aquela rábula dela e o impacto que teve, se quiseram afastar deles. Empresas de publicidade e outras. Agora, temos de ver o resultado final de tudo isto. Acredito que eles perdem mais com o processo e o mediatismo em torno dele. Eu não sabia do vídeo da Joana Marques, nem do vídeo deles a cantarem o hino nacional, e como eu milhares de portugueses. Soube disto com a notícia do processo. O processo teve o efeito de viralizar mais o vídeo do hino. Eles eram acarinhados pelo público. Neste momento, além de já todo o país ter visto o vídeo, passaram a ser vistos como duas pessoas que não têm capacidade de encaixe e humor. Acho que levantaram uma poeira enorme que os vai prejudicar mais. As pessoas estão do lado da Joana. E depois há a questão do milhão de euros. Também não entendem esse valor. Eles vivem do público, do carinho das pessoas, e a opinião pública não está com eles nisto. Não está mesmo. E eles não conseguem ver isso. Se perderem o processo então, será uma hecatombe. Aliás, na minha opinião, para eles será sempre uma derrota. Já perderam no tribunal da opinião pública.