5 de fevereiro de 2021

Guerra dos Tronos.

 

    Não há muitas actividades para desenvolver no rural galego, ainda menos em contexto de pandemia. Quando morava em Lisboa, ia frequentemente ao cinema, esporadicamente ao teatro, assiduamente a museus, exposições e palestras. Aqui, não há nada disso. As cidades mais próximas distam 70 e 30 km, num e noutro sentido.

   Já nos meus derradeiros dias em Portugal, mas sobretudo aqui, comecei a ver séries. Há umas semanas, começámos a ver Guerra dos Tronos, a épica produção do canal americano HBO que tanto sucesso fez ao redor do planeta. Desde logo, estranhei, uma vez que não gosto especialmente do género fantasia. E não é que a série é realmente boa? Tem fantasia, tem-na, mas eles fizeram aquilo de uma forma que a mim, particularmente, caiu bem. Provavelmente porque mistura história ficcionada, mitologia, intrigas palacianas, conflitos, religião. Vamos terminar hoje a sexta temporada e, assim espero, iniciar a sétima e penúltima.

    Sem contar muito, que quem saber vê, Guerra dos Tronos passa-se algures no início da nossa era, num continente ficcionado chamado Poniente (ou Westeros), dividido entre várias casas senhoriais que dominam vastas áreas feudais (os Sete Reinos) sob o ceptro da família Lannister, que vive em Desembarco do Rei. É precisamente nos domínios da coroa que está o Trono de Ferro. A série centra-se no assédio de várias das casas nobiliárquicas ao trono. 

    A violência é transversal a todas as temporadas, o que se compreende tendo em conta que o autor se inspirou claramente na Idade Média europeia, que não foi exactamente uma época de tolerância. A religião não existe como a conhecemos, ainda que George R. R. Martin -o autor da saga literária que deu origem à versão televisionada- tenha introduzido elementos do cristianismo e do paganismo. A fé predominante em Westeros consiste na adoração a sete deuses. Há personagens, entretanto, que professam outras crenças.


   Pressinto que Guerra dos Tronos tenha estabelecido um novo interesse em mim, ou pelo menos esbatido o desprezo pelo género fantasia (que não era mais tão inflexível desde American Horror Story). Derrubou alguns preconceitos que cultivava. Nem toda a fantasia é infantil. Nem toda a fantasia é um sem-sentido total. A conjugação de vários elementos, medievo e fantasia, religião e paganismo, tolerância e extremismo, resultou numa produção fantástica, muitíssimo bem dirigida e realizada, excepcionalmente caracterizada e interpretada.

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