29 de janeiro de 2011

Um Medo Maior


O amor, sendo um sentimento maior e abstracto, deve ser vivido de forma espontânea e livre. Se o amor é o verdadeiro motor da Humanidade, porque razão milhões de seres humanos escondem o seu amor, tão legítimo como qualquer outro, dos olhos impiedosos do mundo? E que direito tem o mundo de julgar um amor como sendo superior ou quantitativamente inferior a outro sentimento idêntico? Existirão, porventura, amores mais válidos, reais ou merecedores de um tratamento diferente?
O amor é só um, manifestando todo o seu esplendor de variadas e diversificadas formas. Não existe uma fórmula para amar, um guião de como, quando e quanto amar. Ama-se e é tudo. E amar é o que basta ao mundo. Todas as formas do amar devem ser entendidas como algo de benéfico e não de destrutivo. Uma forma diferente de amar não compromete outra forma diferente de amar. Ambas poderão coabitar livre e espontaneamente, com o acréscimo de que a tolerância enriquece e compromete a fidelização da diversidade.
Não existe, por isso, uma supremacia de um amar sobre outro amar. Existe, isso sim, a supremacia do amor sobre todos os sentimentos que radicam na nossa sociedade.
Contudo, o amar exige, nos dias de hoje, uma boa dose de coragem. Sobretudo o amar diferente. O amar contra ventos e marés, tempestades de preconceito e trilhos ardilosos. Apenas o acto simbólico de amar é uma prova de valentia num mundo carregado de ódio e de sentimentos nefastos. Mas o amar diferente é o mais complexo. É um amar menosprezado, como se se tratasse de uma mera peça barata que vai a leilão. Um amor olhado com desdém, visto como o cúmulo da loucura e da insanidade de dois seres humanos. Então, torna-se um amor escondido, marginalizado, tratado como o lixo imoral que vagueia na perdição. Este amor é um filho menor de um mundo imperfeito, amoral e desprovido de tolerância.
É um amar com medo. 
É um medo maior.








 A todos os que sofrem por amar... diferente.

28 de janeiro de 2011

Convites


Hoje recebi a nota que aguardava da faculdade. Passei, claro. Assim como passei a todas as cadeiras. Bom, no fundo, no fundo, eu já sabia, mas nunca é demais guardar os festejos para o final. Torna tudo bem mais divertido. O melhor é que foi com valores bem superiores às minhas expectativas iniciais, pese embora o facto de todas as pessoas me dizerem que estava a ser modesto. Nunca fui modesto, todavia, achei por bem sê-lo nesta nova caminhada que é ser estudante universitário. Convém ter alguma cautela.
O R. voltou a telefonar-me. Reprovou definitivamente a uma cadeira, está pendente em duas e apenas passou a uma com uma nota baixa. Marcámos definitivamente o dia em que, veja-se!, vou ajudá-lo no estudo para as orais e, segundo ele, dar-lhe umas explicações. Ironia do destino!... Eu, simples e modesto colega, dou explicações a um outro colega que era suposto saber tanto quanto eu. Faço-o de bom grado. Volta e meia, convidou-me para ir a Setúbal almoçar à sua casa. Confesso que me senti acarinhado. Senti-me uma verdadeira namorada-cujo-namorado-vai-levá-la-a-casa-para-conhecer-os-futuros-sogros-cunhados-e-afins. Uma caturra! Admitam!: foi um querido. E eu? Aceitei, claro. É tudo para a semana. Qualquer dia pede-me em casamento. LOL
Pouco tempo depois do telefonema do R., recebo um telefonema do pai a convidar-me para o, veja-se! (repetição), Porto x Benfica que, ao que parece, é na quarta-feira. AHAHAHAHAHAHAHAHA! O pai é um amor e sabe mesmo que eu adoro futebol! LOL É que acertou! Conhece-me tão bem... Era TÃO habitual ir ver futebol com ele... Bom, pelo menos ele tem camarote no Estádio do Dragão. Não me misturo com a populaça, como é evidente. E eu? Aceitei, claro, vale tudo! Estou por tudo (pode ser que me aumente o salário...). Enfim, saio daqui e vou até à minha querida e adorada cidade do Porto que amo de paixão. Beijinho, beijinho aos portuenses.
Que dia maravilhoso e excitante. LOL
Lá vou eu perfumar e levar a Luz ao Estádio do Dragão. Será o melhor jogo da época. E ganhe quem ganhar, quero lá saber.








P.S.: Ai, só espero que aquela gente não desate aos tiros e às pedradas. Português é assim, minha gente!

26 de janeiro de 2011

Nunca tão Longe...


A tua imagem e o que vivemos continua impresso na minha memória. Há um pedaço que nos pertence, que jamais algum tempo poderá dissipar. Apesar de nada ter dado certo, as experiências vividas são um pouco de ti e um pouco de mim que se misturam naquele todo que é a eterna recordação dos bons momentos.
Nem todos os momentos foram bons, mas todos eles guardam algo de inesquecível, algo que faz parte da nossa história pessoal.
Todavia, tudo o que de bom vivemos suplanta as experiências infelizes. Guardo em mim as caminhadas pela praia, os gelados no Verão, as viagens de carro, as horas de estudo, o verde da relva, o azul do céu e as cores que nós imprimíamos nas nossas vidas.
O tempo, esse impiedoso e devastador, nada levará de mim. Não permitirei que me retire o teu melhor, as lembranças dos nossos momentos e o que de bom aconteceu entre nós.
É impossível não te comparar com outra pessoa. Eras tão especial, tão fantasticamente único na tua forma de ser. O teu olhar transmitia-me segurança, as tuas mãos um conforto seguro e as tuas palavras a eterna paz.
Nunca tão longe. Nunca te afastarás demasiado de mim. A cada momento, a esperança de que me tornes a amar renasce em mim. Sei que é ilusório, sei que é passado, mas não evito o que desejo. Ninguém é como tu, ninguém me conhece tão bem, ninguém me amou da mesma forma tão especial.
Tudo é um mero pedaço de ontem. Porém, um ontem que vive em mim.
Não, não te afastes demasiado. Mantém-te sempre por perto. Faz-me reviver o passado. Faz-me pedir por mais.
Não tão longe.
Nunca tão longe.

25 de janeiro de 2011

Sensível no Medo


Sempre fui uma pessoa propensa à sensibilidade ou ao medo. Medo, entenda-se, daquelas situações do quotidiano. De situações que, à primeira vista, parecem banais e facilmente ultrapassáveis para a grande maioria.
Vejamos, eu tenho imensos medos e sou sensível a uma inumerável lista de situações.
Tenho imenso medo de cães. Pavor, diria mesmo. Se vejo um cão na rua, grande e de aspecto maligno, não passo até que o dono coloque a coleira no animal. Como se sabe, os portugueses são dos povos mais incultos e irresponsáveis do planeta, logo, as leis que obrigam a que os donos de cães considerados perigosos não os soltem na rua e lhes coloquem «aquela coisa na boca» são totalmente subvertidas. Felizmente, onde habito, só há praticamente daqueles cães pequenos e felpudos... cães de tia, vá, exceptuando um ou outro...
Tirar sangue. Odeio. Tenho imenso medo de agulhas. E mesmo no particular, o cuidado dos enfermeiros não é nada de especial. Faço sempre imensa fita. Fico a tremer, ajeito a franja do cabelo (o meu típico sinal de nervosismo...)... As pessoas ficam a olhar assustadas. Às tantas, o enfermeiro/a já não sabe o que me fazer. Pareço uma criança. Tenho de olhar para o lado e apertar a mão de alguém.
Ontem, da parte da tarde, a avó mediu a diabetes com aqueles aparelhos que dão uma pica no dedo. Ao medir a minha taxa de glicémia, fiz uma fita. Pus o dedo na boca a choramingar. Eu bem tento controlar estes impulsos medrosos, mas não consigo.
Insectos, roedores, aracnídeos e répteis, morro de medo! Tenho imenso medo de tudo o que sejam baratas, ratos, lagartixas e aranhas. Q'horror! Só de pensar chego a ficar incomodado. Ao visualizar os membros destas espécies do demónio, sou capaz de gritar mais alto do que uma mulher furiosa...
Todas estas situações acima descritas podem ser indicadoras de uma pessoa medrosa ou sensível. Varia consoante as diferentes percepções de cada um. Contudo, eu distingo estas situações como medos e ponto final. Sou sensível em outras questões. Sou muito sensível a manifestações de ódio, intolerância e, apesar de ser irritadiço, podendo, por vezes, responder mal às pessoas, sou particularmente sensível ao ódio alheio. Também sou sensível aos resultados escolares. Aí, não sei se há lugar para uma distinção nítida entre medo e sensibilidade. Tenho medo de tirar uma má nota (o que não acontece desde o básico) e sou sensível ao meu progresso escolar e ao que poderá suceder de negativo nesse trilho de objectivos por mim delineados.
Tenho a noção de que o meu lado emocional é mais feminino do que masculino. Sinto que as minhas emoções, os meus medos e receios são semelhantes aos das mulheres e consequentemente diferentes do lado emocional da maioria dos homens. Precisamente por isso, abomino rudeza de carácter, brutalidade, falta de educação, machismos e demonstrações patéticas de masculinidade infundadas. Creio mesmo que para a existência de um mundo sadio e melhor, deverá existir a combinação perfeita entre o pragmatismo tipicamente masculino e a sensibilidade feminina/homossexual masculina. Uma colaboração estreita entre estas características resultaria num avanço para a Humanidade.