Sempre fui uma pessoa propensa à sensibilidade ou ao medo. Medo, entenda-se, daquelas situações do quotidiano. De situações que, à primeira vista, parecem banais e facilmente ultrapassáveis para a grande maioria.
Vejamos, eu tenho imensos medos e sou sensível a uma inumerável lista de situações.
Tenho imenso medo de cães. Pavor, diria mesmo. Se vejo um cão na rua, grande e de aspecto maligno, não passo até que o dono coloque a coleira no animal. Como se sabe, os portugueses são dos povos mais incultos e irresponsáveis do planeta, logo, as leis que obrigam a que os donos de cães considerados perigosos não os soltem na rua e lhes coloquem «aquela coisa na boca» são totalmente subvertidas. Felizmente, onde habito, só há praticamente daqueles cães pequenos e felpudos... cães de tia, vá, exceptuando um ou outro...
Tirar sangue. Odeio. Tenho imenso medo de agulhas. E mesmo no particular, o cuidado dos enfermeiros não é nada de especial. Faço sempre imensa fita. Fico a tremer, ajeito a franja do cabelo (o meu típico sinal de nervosismo...)... As pessoas ficam a olhar assustadas. Às tantas, o enfermeiro/a já não sabe o que me fazer. Pareço uma criança. Tenho de olhar para o lado e apertar a mão de alguém.
Ontem, da parte da tarde, a avó mediu a diabetes com aqueles aparelhos que dão uma pica no dedo. Ao medir a minha taxa de glicémia, fiz uma fita. Pus o dedo na boca a choramingar. Eu bem tento controlar estes impulsos medrosos, mas não consigo.
Insectos, roedores, aracnídeos e répteis, morro de medo! Tenho imenso medo de tudo o que sejam baratas, ratos, lagartixas e aranhas. Q'horror! Só de pensar chego a ficar incomodado. Ao visualizar os membros destas espécies do demónio, sou capaz de gritar mais alto do que uma mulher furiosa...
Todas estas situações acima descritas podem ser indicadoras de uma pessoa medrosa ou sensível. Varia consoante as diferentes percepções de cada um. Contudo, eu distingo estas situações como medos e ponto final. Sou sensível em outras questões. Sou muito sensível a manifestações de ódio, intolerância e, apesar de ser irritadiço, podendo, por vezes, responder mal às pessoas, sou particularmente sensível ao ódio alheio. Também sou sensível aos resultados escolares. Aí, não sei se há lugar para uma distinção nítida entre medo e sensibilidade. Tenho medo de tirar uma má nota (o que não acontece desde o básico) e sou sensível ao meu progresso escolar e ao que poderá suceder de negativo nesse trilho de objectivos por mim delineados.
Tenho a noção de que o meu lado emocional é mais feminino do que masculino. Sinto que as minhas emoções, os meus medos e receios são semelhantes aos das mulheres e consequentemente diferentes do lado emocional da maioria dos homens. Precisamente por isso, abomino rudeza de carácter, brutalidade, falta de educação, machismos e demonstrações patéticas de masculinidade infundadas. Creio mesmo que para a existência de um mundo sadio e melhor, deverá existir a combinação perfeita entre o pragmatismo tipicamente masculino e a sensibilidade feminina/homossexual masculina. Uma colaboração estreita entre estas características resultaria num avanço para a Humanidade.