26 de abril de 2024

Não, não morri (ainda).


   Olá! Passou-se um mês desde a última vez que postei no blogue. Ando atarefado, daí a ausência. Tem sido um mês intenso. Começando pelo começo, como se costuma dizer, comecei a conduzir. Tirei umas aulas de condução, comprei um carrito (usado, para ir aprendendo) e já conduzo. Comprámos uma casa no campo, a 7 quilómetros da vila onde vivíamos, porém, pertence a outro concelho. Aqui não há nada -o que eu queria; sossego-. Não há comércio, nada. Agora tão-pouco preciso, ao ter o carro. Todos os dias vou à vila deixar o meu marido, e depois vou buscá-lo. Já moramos aqui. É uma casa bonita, de pedra, com imenso terreno, e até tem uma pequena piscina. Estava (quase) pronta a entrar a viver. Tivemos de arranjar a bomba da caldeira de gasóleo (para o aquecedor central), instalar um esquentador novo, mudar a placa de vitrocerâmica… Fora isso e mais algum detalhe de que me esqueça, estava pronta a viver. Inclusive tem móveis, bonitos e de boa qualidade. Não foi muito cara. O antigo proprietário queria desfazer-se dela, tal como eu, agora, me quero desfazer daquele maldito apartamento onde vivi no último ano e meio, quase, e onde não fui nada feliz, nada mesmo. Péssimos vizinhos, sem vistas, imenso barulho de fundo. Fui do céu ao inferno, e agora tenho a minha casinha. Posso fazer uma horta, um jardim (inclusive já tenho rosas). Estou contente, na fase das mudanças, e sabe Deus o quão eu odeio mudanças -já fiz tantas na vida, e esta, vo-lo garanto, é a última-. Daqui não saio, daqui ninguém me tira. Naturalmente, não quero mais sair daqui, mas a vida é imprevisível. Nunca sabemos o que nos espera. 

    É tudo, por enquanto. Manter-vos-ei a par.

24 de março de 2024

Conduzir, uma vez mais.


   Eu tirei a carta de condução em 2011. A história começou em 2007. Matriculei-me numa escola de condução em Alfornelos. Ia às aulas de código todos os dias. Cheguei ao exame de código, aprovei. Bestial. Na condução, chumbei duas vezes. O exame de código caducou. Mudei de escola de condução. Voltei a fazer o código e a aprovar. Bestial. Consegui passar no exame de condução (a muito custo, à terceira tentativa, contando com as duas primeiras na anterior escola). E voltamos a 2011. Nunca mais peguei num carro. Em Lisboa, não é necessário conduzir, e além disso não me sentia minimamente preparado para o fazer.

    Agora vivo no rural. Queremos comprar uma casa numa aldeia pequenita, mas o meu marido trabalha numa vila, ou seja, e sem transportes, terá de ir todos os dias da aldeia para a vila. São cerca de 7km de carro. O M. não tem a carta de condução. No seu caso, percebe-se facilmente. Esteve 11 anos em medicina. É um curso muito exigente. Por isso, uma vez que eu já tenho a carta, terei de ser eu a levá-lo. 

    Eu conduzo mal. Morro de medo de conduzir, de ter um acidente. Sou péssimo. Entretanto, já me inscrevi numa escola para tirar umas lições de condução e, por fim, comprar um carrito e começar a conduzir. Estou apavorado. Serei capaz algum dia de o fazer? É um dos meus maiores desgostos, não saber conduzir. Porém, agora terá mesmo de ser. É agora ou nunca.

18 de março de 2024

Ave do Paraíso (Tessa, Festival da Canção, 1983).


   Nunca prestei atenção ao Festival da Canção. Quando nasci e cresci, já estava em franca decadência (anos 90), portanto, as minhas memórias do certame vão pouco mais além de cantarolar “peguei, trinquei e meti-te na cesta” da Dina, com as minhas coleguinhas da primária. Em 2017, assisti à final da Eurovisão -que Portugal ganhou- num bar de ursos, no Príncipe Real, e foi giro pela convivência. E é tudo. Não sou a tradicional bicha festivaleira e eurovisiva. Contudo, este ano, soube, comemoraram-se os 60 anos do Festival da Canção (1964-2024), e achei por bem escrever algumas linhas sobre o festival de 1983. E porquê de 83? Teve algumas especificidades: foi o primeiro que se realizou fora de Lisboa (Porto), o Herman José ficou em 2° com A Cor do Teu Baton, o Carlos Paião e a Cândida Branca-Flor (paz à alma de ambos) imortalizaram a patriótica Vinho do Porto, Vinho de Portugal e, para terminar, houve uma pequena grande pérola: uma miúda chamada Tessa levou um tema chamado Ave do Paraíso que foi… bom, é melhor que o vejam e oiçam, porque não há palavras. Apenas uma interrogação: como foi possível? Deixo-lhes o vídeo:



14 de março de 2024

As bichas são perversas.


     O meu marido é um homem muito educado e diplomático. Evita os confrontos, procura dar-se bem com todos. É um rapaz criado no rural, no meio das vacas, e que portanto desconhece o meio gay. Nunca o viveu. Não sabe como é. Não subestimo a sua inteligência. É um rapaz extremamente culto e inteligente, mas há coisas que ou as vivemos ou não as conhecemos. Podemos intuí-las, porém, há que vivê-las.

     Há aqui um tipo, médico também -que contudo não trabalha no mesmo sítio que o meu marido-, com quem, por motivos profissionais (derivação de doentes etc), o meu marido teve de começar a falar. Trocaram Whatsapp e tal. Tudo bem. Acontece que a bicha -e bicha não porque seja feminino; a bicha, pronto- começou a fazer-lhe perguntas mais pessoais: desde quando sabe que gosta de rapazes, há quanto tempo estamos juntos, a insinuar que o meu marido estuda muito e que isso lhe parece sexy (acompanhado de um emoji insinuante…). Esse tipo de situações.

     Eu comentei a situação com o M. - ele, aliás, foi o primeiro a mostrar-me as mensagens-. Ele leva aquilo na brincadeira. Ri-se daquilo que considera ser um ciuminho bobo da minha parte e pergunta-me se não confio nele. Eu nele confio; eu não confio é nestas bichas, que não são desinteressadas. Eu não venho do meio das vacas. Venho duma cidade, lidei com muita bicha. Sei como elas são, como pensam, e o que querem.

     Sou um senhor, mas há coisas que não admito. Se a bicha estica a corda, conhecerá o meu pior lado, e acreditem, é muito mau esse meu lado. Sou menino para lhe estragar a vida aqui, começando pelo seu local de trabalho. Ele que se cuide.