11 de novembro de 2024

A blogosfera fora da internet.


   Já fiz, anteriormente, balanços pessoais da minha experiência na blogosfera. Igualmente, falei do estado actual, medíocre, desta plataforma. Sucumbiu, como outras, ao Facebook, Twitter, e por aí fora (agora há umas que nem sei para que servem). Este post será diferente. Falarei da blogosfera fora da blogosfera.

    Para alguns, a blogosfera transformou-se em algo que extravasou o meio virtual. Conhecemo-nos. Recordo-me do meu primeiro dia -que foi o primeiro também para alguns, e não o foi para outros-. Algures em Maio de 2013. Num jantar promovido por determinado blogger, conheci vários. Desde aí, os encontros sucederam-se, até meados de 2017, quando percebi que foi tudo um erro. Houve pessoas que gostei de conhecer, efectivamente, mas a maioria não valeu a pena. Não direi “desilusão”, porque só um idiota espera algo melhor, nestes meios, do que aquilo a que está acostumado lá fora. O mais correcto será utilizar a expressão que usei acima: não valeu a pena. Temos de aturar tanto lixo no dia-a-dia, sem que tenhamos a possibilidade de escolha; para quê sujeitarmo-nos nós mesmos, sem necessidade, a lidar com mais porcaria? Foi o que eu eu fiz.

     E fi-lo porque nunca me escondi atrás dum pseudónimo. Havia muitos blogues de pessoas que usavam o anonimato para se libertarem de medos, frustrações, armários. Não era o meu caso, isto é, dar-me a conhecer não iria restringir de forma alguma a minha liberdade de continuar a dizer o que penso e faço. Havia, e é compreensível, pessoas que criavam nestes meios um mundo de ilusão, que depois podia cair por terra se os seus leitores/seguidores os conhecessem pessoalmente, ou poderiam sentir que perdiam a liberdade de poder falar abertamente sobre si mesmos. Isto, claro, voltando atrás. Hoje em dia é um meio -a blogosfera- sem nenhuma relevância. Alguém ainda se encontra através disto?

    Naturalmente que tenho o meu feitio. Não me apresento aqui como um anjo de candura, maravilhoso, que foi massacrado pela maldade de terríveis bloggers que conheceu. Não. Eles são o que são, cada um deles, e eu o que sou. Mas sim, espero sempre, pela vida fora, encontrar pessoas melhores do que eu. Infelizmente encontrei ainda piores. E acreditem, pior é difícil. 

    Quando comecei a escrever este post, vim determinado a escrever os seus nomes, ou os seus pseudónimos, sem medo, um pouco imbuído na fórmula “que se lixe”. Não o farei. Não lhes darei esse prazer. Simplesmente digo, ou melhor, repito, o que disse: conheci-os, dei-me a conhecer, foi um erro, hoje não o faria, salvo pouquíssimas, mas mesmo muito poucas, tão poucas, excepções (conto 2 pessoas). Agora é continuar, como tenho continuado, como se nunca os tivesse conhecido.

6 comentários:

  1. Percebo o que dizes, e a tua frustração. Apenas te posso dizer, que a blogosfera imita a vida, isto é, há boas pessoas, outras menos boas, umas más e outras horríveis. E é uma pena que tenhas conhecido tanta gente “negativa”, que faz a balança pender para um dos lados de forma mais abrupta.

    No meu caso pessoal, e como já te disse – e escrevi – sempre senti medo desses encontros ao vivo. Porque o meu blogue era demasiado pessoal, porque falava de pessoas que desconheciam o blogue, e ao fim ao cabo, tinha medo que ao escrever as pessoas começassem a pensar que estava a escrever diretamente para elas, quando não estava.

    Cometi esse erro em 2014/2015, ao mostrar o meu blogue a um grande amigo... e em publicações subsequentes, pelo menos em algumas, ele começou a ler “recados” para ele e para o namorado... e percebi que o afastamento derivou disso, mesmo que ele nunca o tenha confirmado. Por isso é que o anonimato é tão importante para mim, porque me permite desabafar, e talvez ser mais verdadeiro e ao reler o que escrevo, chegar a conclusões a que nunca chegaria de outra forma – nem com terapia, como estou agora a fazer. Não quero, nem nunca quis, que o meu blogue desse a ideia que tenho uma vida fantástica, porque não a tenho, e quem for reler tudo neste “comeback blogosférico”, percebe que é mesmo a antítese disso. Ou seja, a minha vida está uma valente merda.

    Agora, se “alguém ainda se encontra através disto?”, eu diria que não, mas também não tenho dados para o afirmar, assim convictamente. O que noto, é que há menos pessoas na blogosfera, como seria de esperar, do que noutras plataformas mais visuais (como o Instagram) ou polémicas (como X), o que para mim tem sido bom. Porque tenho desabafado, e desabafado, e sinto que ninguém lê, o que me permite ir mais além do que iria, em circunstâncias mais “populares” – como ter mais de 500 visitas por dia ao blogue, e viver em constante exposição.

    Grande abraço Mark’zinho.

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    1. Olá, Namorado.

      Há menos bloggers, mas sempre há regressos (tu, por exemplo), e de vez em quando lá volta um por outro, que depois torna a desaparecer. Eu creio que o “bichinho” dos blogues nunca nos deixa, independentemente de nos afastarmos.

      O meu blogue é o que sou. É um escape. Já foi um conjunto de textos mais históricos, outros mais de teor político; nos últimos anos perdi a paciência para escrever sobre História e quase só escrevo sobre mim e sobre actualidades que me interessam abordar (opinar).

      Agora, conhecer bloggers, mesmo que estivesse em Portugal, estaria fora de questão. Não repetiria o mesmo erro. Era mais miúdo, tinha ânsia por conviver, e arrisquei. Perdi.

      Fazes bem em manter o anonimato.

      Um abraço,
      Mark

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  2. Bom dia Mark.
    Não lhe sei comentar este seu blog, pois não conheço o mundo que aqui refere.
    Encontrei pessoalmente três "blogers", sempre de forma individual, tendo sido o Mark um deles. Aprazia-me comentar e trocar ideias.
    No entanto, devo confessar-lhe, não tenho muita curiosidade por conhecer quem está do outro lado, pois gosto de ler (e gosto muito de lê-lo) ideias e opiniões (quando avalizadas) de outras pessoas, quando sinto que me podem enriquecer, quer pelos conteúdos, quer pelo que de novo me podem trazer, pois outras formas de ver os problemas (quando me fazem sentido) são muito bem vindas, até para me obrigarem a sair da minha "caixa"!!!
    Quando se é idoso (há gente que fica muito incomodada quando digo que sou velho! lol), criam-se hábitos de pensamento que é bom colocar em causa, pois podem existir outras formas mais interessantes. Claro que nem tudo "o que vem à rede é peixe", como soe dizer-se. Não é demais dizer que eu, como aliás, quase toda a gente, tenho os meus limites, a partir dos quais nem eu saio, nem permito que alguém penetre!
    Assim, tive muito prazer em conhecê-lo, assim como às outras duas pessoas que conheci igualmente, tendo-se, uma dessas pessoas, transformado em amigo para a vida. Já lá vão 15 anos e, espero eu, tantos mais os que nos forem permitidos.
    Blogs políticos, de desporto (brrrrr!), ou de viagens não me interessam, interessam-me os generalistas, com incidência sobre cultura, pessoais e, muito importante, arte!
    Claro que o seu, não sendo de arte, é generalista, e, quando trata de assuntos que, ou não me interessam, ou desconheço de todo, remeto-me ao silêncio, como é o caso do desporto, sobre o que não possuo qualquer conhecimento (nem conto vir a ter!), além de que me aborrece de forma particular.
    Apesar de gostar de blogs pessoais, quando tratam de coisas demasiado particulares, tomo-as como desabafos (e aprecio-os por isso), e também prefiro não os comentar, pois todos nós necessitamos de desabafar o que nos vai no interior, alguns através deste meio, outros, escolhendo aqueles com que se sentem mais confortáveis.
    Mas gosto de o ler, pois, por vezes, envereda por caminhos que, não sendo os meus, me colocam a pensar sobre outras formas de ver os problemas, o que me agrada de sobremaneira.
    Há, no entanto, outros blogs pessoais que também vou lendo/seguindo, mas acabo por não comentar, talvez por preguiça, ou para não me envolver em questiúnculas que não fazem sentido. Cada um é livre de colocar aqui o que lhe vai na alma, e cabe-nos a nós saber ser flexível o suficiente para lhes dar esse espaço sem que nos melindremos. Mas também acabo por gostar muito de ler essas pessoas.
    Por isso, não conhecendo o mundo de "bloggers" que aqui traz, digo-lhe que vou gostando de o ler, e, espero que continue, se a isso estiver disposto.
    É sempre agradável.
    Muito cumprimentos
    Manel

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    1. Olá Manel,

      Como calcula, o Manel está entre as 2 pessoas que gostei de conhecer. Tivemos um jantar muito agradável. Olhe, o melhor jantar de Natal!

      Também lho disse noutras ocasiões que estimo muito que me leia, aprendo imenso consigo. Considero-o um homem extremamente educado, culto, inteligente, e às vezes -isto é certo- escrevo para si, esperando pelo seu comentário. Gosto de saber o que pensa sobre o que escrevo e a sua opinião. Em suma, a sua presença -quero que o saiba- é-me muito importante. Digo-o com toda a sinceridade.

      Só lamento não abordar temas que sejam mais do seu agrado, como arte, mas enfim, tenho os gostos um bocado foleiros. Se calhar sou foleiro e nunca me apercebi disso.

      Olhe, comecei a ouvir ópera. Tenho quase 40 anos. Está na hora de começar a ser mais selecto nos gostos.

      Que mais posso dizer? Que adoro tê-lo aqui, que voltaria a conhecê-lo sem pestanejar e que espero ter outra oportunidade para confraternizar consigo.

      Um grande abraço,
      Mark

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  3. Agora fiquei cheio de problemas.
    Não quero que escreva para me fazer a vontade!!!!!!
    Se não for coisa que entenda, ou sobre a qual não tenho qualquer informação, pura e simplesmente não direi nada, mas nunca serei inconveniente, de forma alguma.
    Respeito as pessoas demasiado para o fazer, e nunca o faria escondido num pretenso anonimato, que considero uma cobardia total.
    Talvez por isso tivesse acedido a conhecer quem conheci, pois não gosto do anonimato, gosto de mostrar a cara a quem tem paciência para me ler ... lol
    E não se incomode se gosto ou não do tema ... escreva a seu bel-prazer, já basta quando estamos reprimidos no nosso dia-a-dia.
    As pessoas devem escrever sobre aquilo que se sentem à vontade para elaborar textos. Não estando à vontade sobre algo, porque é que o há de abordar? Não faz sentido.
    Gosto sempre de o ler, por isso, continue enquanto lhe der prazer. Lê-lo-á quem quiser, e quem disso tirar prazer.
    Eu lê-lo-ei, pode estar seguro, quer seja aqui, em Portugal, quer seja por esse mundo fora, quando de viagem. A net é maravilhosa, deixa-nos essa liberdade de contacto onde quer que estejamos. Tem coisas más também, claro, mas dá-nos liberdade, o que me parece quase um milagre, vindo eu de um tempo em que a net nem sequer se intuía.
    Gosto de o ler de forma tranquila, e tentar perceber se se encontra bem com a vida que escolheu, pois é muito importante para que se realize como pessoa de corpo inteiro que é. Não se esqueça que, se estiver bem, todos os que o rodeiam, e que gostam de si, sentem-no, e serão igualmente melhores pessoas!
    Continue, se sente que é esse o seu caminho. Temos de escolher o nosso caminho e percorrê-lo, quanto aos outros, nunca todos estarão de acordo, mas isso que importa, quem percorre o nosso caminho somos nós mesmos, por isso seremos os últimos responsáveis por ele, não os outros, por isso não preste atenção às vozes dissonantes.
    Isto é, ouça-as, se acha que deve, mas não se esqueça, que a escolha é sempre nossa, e nisso estamos sozinhos!!!! Optar é um ato solitário!
    Quanto à ópera, para mim foi um caminho longo e solitário, que fiz de forma individualista. Mas tive um mau começo, pois o meu pai, para me "iniciar", levou-me, ainda miúdo, a ouvir Wagner (para mim dos piores autores para iniciar), e, pior ainda, a tetralogia do Anel dos Nibelungos .... fez com que nos 20 anos a seguir eu recusasse totalmente ouvir cantar fosse o que fosse. Foi traumatizante.
    Foi com Mozart, e a ária da Rainha da Noite, da Flauta Mágica, que se iniciou a reconciliação e, logo a seguir, a ária da Habanera, da Carmen, e o meu estimado Verdi, claro (onde ouvi um fabuloso Coro dos Escravos Hebreus - o muito conhecido Va Pensiero- de Nabucco, na ruínas de Caracala, em Roma), a que se seguiram outros compositores, mas nenhum dos século XX, pois a música contemporânea aborrece-me de sobremaneira, e recuso-a totalmente - exceto algumas composições, mas que se podem contar pelos dedos de uma mão.
    Continue no seu caminho e faça o favor de ser feliz
    Manel

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    1. Olá Manel,

      Disse que escrevo para que me leia no sentido de que espero sempre a sua opinião. Também não quero, com isto, se sinta “obrigado” a comentar tudo o que escrevo. Em suma, gosto da nossa troca de impressões sobre os vários assuntos que vou abordando. É um prazer saber que está aí, desse lado, e poder conversar consigo.

      O estar bem… Sabe, eu nunca estou bem. Acho que é uma herança da minha avó paterna, que nunca esteve bem. Tinha uma depressão crónica. Imagine o que é viver desde os 20 anos até aos 94 com um imenso sofrimento interior. Por isso, quando digo que não quero chegar a velho, as pessoas ficam chocadas. É anti-natural. O ser humano quer viver o mais possível. Eu não. Com isto não quero que pense que desejo a morte, de todo, mas sei que, pior do que a morte, seriam décadas e décadas com o meu perpétuo sofrimento interior.

      A ópera. O meu marido adora fados, música tradicional galega e recentemente começámos com a Callas, a ouvir óperas de forma aleatória. Pedimos à Siri que nos ponha óperas a tocar. É relaxante. Mas eu confesso que nos gostos musicais sou foleiro. Agora ando viciado numa nova canção do Bruno Mars e da Lady Gaga, veja lá. Ao Manel provavelmente fá-lo-ia regurgitar. Eheh

      Cumprimentos,
      Mark

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