29 de junho de 2018

Campeonato do Mundo de 2018 (parte III).


    A fase de grupos deste Campeonato do Mundo - Rússia 2018 terminou. Das trintas e duas equipas iniciais em jogo, restam dezasseis, as que avançam para os oitavos-de-final. A atipicidade do torneio, já adivinhada, confirmou-se com a saída precoce da Alemanha, que há oitenta anos - leram bem - oitenta anos que não era afastada numa fase inicial. Foi-o em 1938, no Mundial da França. Desde que a FIFA introduziu a fase de grupos que a Alemanha a passava sempre, seguindo na competição.

   Bem como vos havia dito na publicação anterior, houve selecções que tiveram dificuldades para se qualificar à fase seguinte. Espanha, Portugal, Argentina, Colômbia. O próprio Brasil, que entrou tremido e que lá se conseguiu erguer. Ainda assim, teremos jogos interessantes na próxima fase, que já será a eliminar. Aliás, a última jornada da fase de grupos carrega essa probabilidade. A Argentina apurou-se com um golo marcado quase no tempo limite do último jogo, a Colômbia também se arriscou a ficar pelo caminho, o Japão protagonizou talvez os quatro minutos mais vergonhosos da história do futebol, ao trocar a bola entre os seus jogadores para “queimar” tempo. Portugal, desde logo, que por pouco não sofreu um golo do Irão no final da partida, o que automaticamente nos afastaria dos oitavos.

    De igual modo, surpreendeu-me o número de penáltis marcados, o mau comportamento de alguns seleccionadores, inclusive durante os jogos, e a polémica em torno do VAR. Se antigamente se pedia o cartão amarelo, agora qualquer jogada leva à intervenção do VAR e à visualização de imagens. Ajudará a corrigir problemas que há décadas conhecemos, é certo, roubando espontaneidade e originando outros erros. Onde há mão humana, há erros. O VAR ajuda a clarificar casos em que os jogadores caem sem falta, em consequência de disputas acesas pela bola; noutros casos, e até o slow motion a isso propicia, o árbitro vê tudo menos o que realmente ocorreu. A velha polémica se foi mão na bola ou bola na mão. Quem diz na mão, diz no braço.

    Portugal x Uruguai, França x Argentina, Brasil x México e Colômbia x Inglaterra. Estes serão, a meu ver, os jogos dos oitavos-de-final que prometem mais espectáculo, quanto mais não seja pela qualidade das equipas envolvidas.
    No que respeita a Portugal, muito tenho ouvido. Uns teriam preferido o primeiro lugar do grupo - pelo facilitismo, porque defrontaríamos a menos forte, teoricamente, Rússia, vaticinando-nos agora o pior dos cenários. Em rigor, entrámos no mata-mata. Todas as selecções têm a sua qualidade, e provaram-no nos três jogos. Umas mais, outras menos. O Uruguai é uma excelente selecção e a Rússia também o é. Têm os seus pontos fracos e fortes, e seguramente que nenhuma é imbatível. Se jogássemos frente à Rússia, diriam que jogávamos com a equipa da casa, o que nos traria dificuldades acrescidas. O importante é que os jogadores se foquem no adversário e que não se dispersem com prognósticos e polémicas (sim, aludo a Queiroz e ao seu ressabiamento).

   Continuarei a acompanhar aquele que é o torneio mundial mais visto e até mais sentido pelas populações, ultrapassando sobejamente os Jogos Olímpicos. E para terem uma ideia do impacto que o futebol pode ter na vida de alguém, vejam, se quiserem, a comemoração do último golo do Uruguai pelo seu seleccionador, Óscar Tabárez, a quem diagnosticaram uma doença neurológica que o obriga a deslocar-se de canadianas. No golo que a sua selecção marcou ao Egipto, levantou-se, para estupefacção geral, sem as muletas, comemorando. Algum encanto este desporto deve ter.

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