13 de maio de 2018

Eurovision Song Contest Lisbon 2018.


   Não sou fã do certame. Vi, salvo erro, umas quatro edições na minha vida: uma em pequeno, outra no ano em que os meus pais se separaram (porque distraía a cabeça...), a do ano passado (em que ganhámos, pela primeira vez desde 1964) e esta. A deste ano porque a organizámos. Foi, de certa forma, ainda no seguimento da vitória do Salvador.

   Falou-se, na altura, na incapacidade de Portugal em sediar um evento de tamanha projecção e grandiosidade. O país é pequeno, relativamente pobre e anda em constante contenção financeira. A verdade é que a RTP aceitou o desafio e arregaçou as mangas. Resultado: uma edição fantástica, com elogios velados e unânimes. A Europa rendeu-se à nossa capacidade de receber, de bem receber. Os turistas sentem-se em casa. Desfrutam do nosso sol e da nossa paz social. A par do espectáculo em si, na Altice Arena, a Eurovision Village, no Terreiro do Paço, com um forte dispositivo de segurança, cumpriu com o que faltava: por alguns dias, Lisboa mergulhou na magia do maior evento musical da Europa e do mundo. A Eurovisão, que, repito, não me seduz, tem um magnetismo próprio, atrai milhares de pessoas às cidades que a organizam e outros tantos milhões prende através da caixinha mágica. É aquele momento do ano, goste-se ou não.

   Passarei à margem das canções. Não é isso que me traz aqui, que me leva a escrever sobre a Eurovisão. Há-as melhores e piores. Uns gostam mais de umas, outros de outras. Provámos, em 2017, que era possível conquistar a Europa com um poema simples, sem aparatos, luzes e fogos. Hoje, ou melhor, ontem, que já passa da meia-noite, não o conseguimos. E o poema e a música eram, quanto a mim, substancialmente melhores, mais tocantes. A Europa é de modas. Ainda assim, geralmente querem-se músicas alegres, divertidas, que não sejam particularmente complexas. O chamado bubblegum pop, não obstante haver casos de metal - a Hungria levou este estilo musical nesta edição. Recordo-me, em 2006, justamente no ano da separação dos meus pais, de os Lordi terem ganhado com uma canção de hard rock, o que demonstra em como a Eurovisão também é uma vitrine de tendências e de riscos que se assumem. Há depois, mas não entrarei por aí, o lado dos compadrios, que, parece-me, se tem vindo a mitigar. Temos mais países ocidentais a conseguirem conquistar os lugares cimeiros. A votação do júri pode equilibrar. E depois, naturalmente, as afinidades e as relações de proximidade influenciam as escolhas do público. Portugal deu os doze pontos a Espanha, referindo este exemplo, quando poderia citar outros.

   Creio que estamos de parabéns, sobretudo a estação pública e as suas apresentadoras. Catarina Furtado, Daniela Ruah, Sílvia Alberto e Filomena Cautela. Estiveram as quatro muitíssimo bem, umas mais do que outras. A vida é mesmo assim. O tempo já acusa certo desgaste em Catarina Furtado. Daniela Ruah surpreendeu enquanto apresentadora, ela, que é actriz, e Filomena Cautela superou-se, afirmando-se definitivamente como uma das nossas melhores apresentadoras de televisão da actualidade.

    Últimos na tabela, para não desabituar, primeiros no esforço e no reconhecimento do mérito.

6 comentários:

  1. Só eu é que achei que a Daniela a meio da apresentação dos resultados adoptou a postura mais enjoada de sempre? Parecia que estava a "adorar" lá estar. A Catarina se a falar Português não me seduz, em Inglês muito menos... Quanto à Sílvia Alberto entristece-me ver que está, aos poucos, a adoptar a postura da colega de canal... A Filomena, como já vi em muitos locais, foi uma surpresa. Embora ache que o seu estilo seja um tanto ou quanto abrutalhado, foi a mais dinâmica das quatro...

    A invasão de palco aquando a apresentação da música do Reino Unido fez-me questionar as medidas de segurança que foram tão apregoadas mostrando uma lista de itens proibidos dentro do recinto... E para quê? Se o invasor tivesse conseguido, de alguma forma, levar consigo uma arma branca, o que teria acontecido? Obviamente que este tipo de invasões têm como interesse o simples destabilizar do evento mas...

    Fiquei surpreso com as votações, a Finlândia, que parecia ser das favoritas (também para mim) teve uma classificação miserável nas duas frentes... O que se passou?
    O que se passou também com as músicas da Suécia e da Holanda? Os votantes ouviram as mesmas músicas que eu ouvi? Principalmente a música Sueca, completamente desprovida de alma, genérica como um medicamento genérico deve ser. E não suporto o Alexander Rybak desde que retirou o pódio à Islândia há anos atrás...
    A nossa música era gira, gostava da piquena, mas acho que usámos uma fórmula demasiado igual à vencedora do ano passado só a ver se colava, como se vê não foi o caso este ano...
    A música de Israel, não me batam, mas é demasiadamente engraçada para fingir que não gosto... E a ironia de ver o Salvador Sobral a entregar o prémio à música que disse "não ter conseguido ouvir" por ser má demais fez-me dar uma ou duas risadas.

    Falando em risadas e só para acabar, risadas foi coisa que não ocorreu durante aquele momento supostamente humorístico que precedeu os resultados. A tentarmos expiar as nossas participações de forma a sermos "gozados" foi triste. É que nem dava vontade de gozar com Portugal por que aquilo nem piada tinha...

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    1. A Daniela foi uma escolha acertada, porque é a que melhor domina o Inglês, e também a escolheram bem para anunciar os votos. A Catarina pouco falou, sobretudo após a polémica do mau inglês. Acho que a Daniela se saiu bem. Às vezes a naturalidade saiu esforçada, mas ela não é apresentadora; é actriz.

      Estavam todas nervosas, inclusive a veterana Catarina. São 300 milhões de pessoas.

      Não queria falar muito das músicas - não porque não as tenha visto, que as vi, mas porque, como referi, isso tem a ver com gostos individuais - mas as minhas favoritas até eram as da Irlanda e da Suécia. Ainda fiquei expectante com a votação. A Suécia estava bem. O voto popular, depois, alterou tudo radicalmente.

      A nossa canção era bonita. Pouco eurovisiva, e a fórmula não pega duas vezes. Há duas perspectivas: ou queremos ganhar e cedemos ao comercial, o que inclui cantar em inglês, ou mantemos a nossa personalidade e levamos músicas que se enquadram naquilo que somos, e a alma portuguesa não é igual à israelita, por exemplo.

      Aquilo da invasão de palco acontece até no futebol. Acontece em todos os grandes eventos. A segurança foi excepcional. A “arma branca” provavelmente nunca entraria ali, porque presumo que passem por detectores de metais.

      Tristemente ficámos em último lugar. Muito mau, atendendo a que fomos o país anfitrião. Enfim.

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  2. Portugal deu 2 pontos enquanto júri à Espanha e a Espanha obteve 12 pontos graças ao televoto... Portugal insiste na mesma fórmula...

    Último lugar para não termos a mania, bem merecido lolol

    Abraço amigo

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    1. Demos 12 pontos a Espanha, foi o que eu disse. Demos, povo. O júri deu 2.

      abraço, amigo.

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  3. Eu passei a acompanhar do ano passado para cá. Gostei dos dois eventos ...

    Beijão

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