7 de maio de 2018

Cultural Sunday... on Saturday [take 17].



   Este fim-de-semana começou cedo, com um sol radioso, num dia bastante quente. Estes dias têm um efeito extremamente benéfico no meu astral. No de todos, presumo eu. A mim, ajuda sobejamente, até porque andar por aí, à chuva, não é nada agradável. A Casa-Museu Medeiros e Almeida e o Museu da Fundação Portuguesa das Comunicações foram as opções escolhidas.

   Comecemos pela Casa Museu Medeiros e Almeida, numa transversal à Avenida da Liberdade. A Casa Museu, como o nome indica, é uma casa que, pela morte do seu proprietário, António de Medeiros Almeida, foi adaptada para museu. Já havia sido criada uma fundação, ostentando o seu nome, nos anos 70. Medeiros e Almeida foi um importante mecenas português, riquíssimo, cujo espólio só foi superado pelo de Calouste Gulbenkian. A sua impressionante colecção particular pode ser observada e apreciada na Casa Museu. Por forma a preservar o seu legado, e em virtude de não ter deixado descendência, Medeiros e Almeida foi perspicaz ao permitir que o público dela pudesse desfrutar. Deixo-vos algumas fotos.



Na primeira foto, a sala de jantar da casa, onde, em 1964, o senhor Medeiros e Almeida deu um jantar de recepção aos príncipes do Mónaco, Rainier e Grace Kelly.

   De seguida, e porque ainda se fazia cedo, dirigi-me à Fundação Portuguesa das Comunicações, ali para os lados das Janelas Verdes, um bocadinho antes. Como só abria às 14h, dei uma volta por aquela zona. Descobri a lindíssima Igreja de São Francisco de Paula, nos Prazeres, da qual vos deixo a sua fantástica torre do sino.


   A Fundação Portuguesa das Comunicações alberga o Museu das Comunicações, inaugurado em 1997. Recordo-me de por lá ter estado, através do colégio, e posteriormente. A museu permite que acompanhemos a evolução que se deu, no nosso país, no que concerne às comunicações, desde os tempos em que era o monarca quem incumbia alguém da distribuição da correspondência até ao advento dos correios modernos. É curioso acompanhar esse longo caminho de séculos. No piso 0 há uma exposição muito curiosa sobre os cabos submarinos que ligam todos os continentes da Terra. Soube que Portugal é o único país do mundo ligado directamente por cabos submarinos a todos os continentes, honrando a nossa tradição marítima. Tudo se deve à importante posição estratégica que temos na Europa.


Na foto, uma "mala-posta", que levava a correspondência já no século XIX, antes da entrada em circulação das locomotivas movidas a vapor.

   Nem só dos correios de ocupa o museu. No piso 1 temos a evolução das comunicações também quanto aos inventos tecnológicos que foram surgindo pelo século XIX, ou aperfeiçoados, dos quais a telégrafo, o telefone, a telefonia móvel, etc., são exemplos. Portugal foi pioneiro também no telégrafo. Durante o Fontismo, foi lançado o primeiro cabo submarino entre Lisboa e os Açores, em 1855. Cinco anos depois, já estávamos ligados a cidades como Londres ou Nova Iorque. No século XX, a televisão e a telefonia móvel revolucionaram completamente o modo como nos comunicamos e como temos conhecimento do que acontece no mundo.


Na primeira foto, modelos de telefones antigos; na segunda, um computador portátil de 1986.

   A parte mais interessante da visita, contudo, estaria reservada pata as 16h. A essa hora, no piso 2, houve uma conferência subordinada ao tema "Casa do Futuro na Cloud - viver numa smart city". Por lá, um monitor do museu, da área das tecnologias, demonstrou-nos, numa casa em tamanho real, como tudo podemos controlar com recurso a tecnologia já existente, ou seja, não falamos de uma casa realmente projectada para daqui a dezenas de anos, irreal, e nada vi num filme projectado. Entrei numa casa e vi o monitor a ordenar, pelo telemóvel ou inclusive pela voz, ao robot Alexa, que erguesse os estores, pusesse o fogão a trabalhar, ligasse e desligasse as luzes, abrisse a porta de entrada, etc., podendo desenvolver várias actividades em simultâneo. Só lá estava eu e umas três famílias. Poucos, o que ajudou, de facto, porque pudemos ver tudo com mais calma e atenção. Não imaginava que já houvesse tanta tecnologia à nossa disposição. Efectivamente à nossa disposição, porque é uma empresa neerlandesa, implantada em Portugal, que a desenvolve. Não me recordo do nome. O robot, a Alexa, ainda só responde a comandos em inglês, porque a tecnologia é norte-americana.


   A entrada no Museu das Comunicações têm um preço associado.
   Já sabem que terão acesso a mais fotos nas minhas redes sociais. Foi um dia produtivo.

   Uma boa semana a todos.

Todas as fotos foram captadas com o meu iPhone. Uso sob permissão.


6 comentários:

  1. Nem preciso de sair de casa, com o que escreves e publicas de fotos :)

    Sempre a aprender

    Abraço amigo

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  2. Que maravilha, quanta preciosidade ... nada como ter o privilégio de viver no velho mundo ... OMG ... que sina a minha de aqui estar entre as bananas ...

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    1. Pois é. Eu sei que, aí, a produção cultural é pouco significativa. :(

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  3. Mais um dos meus paraísos, esta casa-museu Medeiros e Almeida, onde por vezes vou e fico até fechar.
    É uma coleção desigual, com peças de qualidade extraordinária e outras menos boas, apesar de bastante vistosas.
    No entanto, perante algumas peças da coleção de relógios e de cerâmica, é difícil não parar e estudar cuidadosamente o que está em exposição. Para não mencionar algumas peças de mobiliário - o contador holandês é fantástico. Quanto à pintura, é menos boa.

    Na última vez que ali estive, havia uma família americana, com dois filhos rapazes, estando um deles ainda na puberdade; este último, por falta de vigilantes, abria as gavetas das cómodas e sentava-se em cada cadeira que encontrava, sem que os pais lhe chamassem à atenção (!), o que considerei uma falha grave na educação dos adultos (os jovens fazem aquilo que os deixam fazer, claro!) assim como uma falta preocupante de sensibilidade, face à fragilidade de algumas peças, que são igualmente raras.
    Ainda esperei que tivessem câmaras televisivas espalhadas, e que alguém viesse acudir a todo aquele vandalismo.
    Foi necessário uma intervenção minha para que, com maus modos, a situação se controlasse, enquanto eu estava na mira deles ... mas claro, depois de saírem da minha vista ...
    E encontrei uma veneranda senhora francesa que, sentadinha num banco desdobrável, ia fotografando paulatinamente toda a coleção de cerâmica. Queria escrever sobre ela.

    Há uns meses, no Machado de Castro, deparei com uma volumoooosa senhora, portuguesa, já muito idosa, incluída num grupo que visitava o museu, e que, cansada e pouco importada com tudo aquilo que lhe queriam impingir, não esteve com meias medidas: vendo um delicado, mas apetecível canapé francês, de finais do século XVIII, frágil nas suas delicadamente esculpidas pernas em madeira dourada, Luís XVI, revestido a palhinha, de época (!), sentou-se e ... só ouvi o canapé ranger e inclinar-se para um lado ... alguém ajudou a senhora a levantar-se rápido, tentaram endireitar o assento, mas aquela peça está condenada, não aguentará seguramente o próximo ataque!

    Quanto à coleção da Gulbenkian, está a anos-luz de qualquer destas coleções, pois possui o que de melhor se produziu no mundo, e todas as peças são de primeira grandeza. Até consegue ter peças provenientes do muito célebre Hermitage - a Diana de Houdon é fantástica e conseguir fazê-la chegar de S. Petersburgo a Paris foi uma viagem que fez história.
    Ali estão os únicos Rembrandt, ou, pelo menos, que lhe são atribuídos com alguma certeza, que conheço em Portugal e a coleção dos Guardi é de se ficar sem fôlego.
    Gulbenkian acabou por fazer uma doação bastante importante e curiosa ao Museu de Arte Antiga, pois ele achava que esta instituição, sendo a primeira do país, tinha lacunas que ele considerava importante preencher.
    Algumas destas peças, creio, estão hoje em dia nas reservas.

    Uma boa semana
    Manel

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    1. Olá, Manel.

      Sim. Na pintura, gostei do óleo de Dona Catarina de Bragança, ainda jovem. A "natureza morta", da qual não sou grande apreciador, abunda por lá. A colecção de relógios é notória. Tantos! As porcelanas também, que têm uma sala logo ao lado da dos relógios.

      Vi um vigilante algo zeloso, mas, efectivamente, os visitantes passeiam-se facilmente. Não gosto que os vigilantes sejam demasiado incisivos, no entanto, exigia-se uma atenção redobrada. Têm ali um espólio de considerável valor.

      A inconsciência das pessoas deixa-me perplexo. Sentar-se num canapé oitocentista!... Que falta de sensibilidade. Por cá, até colocam, em canapés, sofás, cadeiras, etc., um papelinho com um "Não Sentar", bem visível e legível.

      Sim, a colecção do senhor Gulbenkian é bem melhor. Presumo, contudo, que a seguir virá esta do senhor Medeiros e Almeida. Se tanto, é a informação que disponibilizam, quem sabe vendendo o "seu peixe", não sei.

      Uma boa semana, Manel, e muito obrigado!

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