16 de abril de 2018

Cultural Sunday [take 14].


   Visita molhada, visita abençoada. Não, que nem choveu. Chuviscou. Lisboa consegue ser encantadora nos dias cinzentos, como o de ontem. Fundação Ricardo Espírito Santo - Palácio Azurara pela manhã, com a tarde dedicada ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência (e Jardim Botânico de Lisboa) e ao Reservatório da Patriarcal

   O Palácio Azurara situa-se em Santa Maria Maior, nas Portas do Sol. É um edifício do século XVII, que Ricardo Espírito Santo comprou para aí depositar a sua colecção particular. A entrada não é gratuita. Apreciadores de História, sobretudo daquele período, não o levarão, ao preço, em consideração. Gostei particularmente dos óleos de personagens da nossa história, como os de Dom João V, Isabel Farnésio ou Catarina de Bragança. De igual modo, adorei os exemplares da mais bela faiança que temos, assim como da prataria. O mobiliário, que decora o interior, é também ele riquíssimo. Um dos tesouros, por assim dizer, mais curiosos diz respeito ao estudo de um quadro maior, oferecido a Dom João VI, que se terá perdido no Brasil na sequência da saída da corte. Deixo-vos algumas fotos.




   Quando saí, chuviscava. Entretanto, não podia perder a oportunidade de ir ao miradouro das Portas do Sol e ao miradouro de Santa Luzia, a uns metros abaixo. A chuva afugenta alguns turistas. Alguns. Outros, por sua vez, passeiam-se literalmente sob ela, sem guarda-chuva.



   O tempo melhorou no decorrer do dia. Dirigi-me, de seguida, ao Príncipe Real. O Museu Nacional de História Natural e da Ciência encontra-se na Rua da Escola Politécnica. O edifício, antigo, albergou a faculdade de ciências até 1985. Antes disso, funcionou até como Real Colégio dos Nobres, até à sua extinção pelos liberais, no século XIX.
   O museu está dividido em várias salas, por dois pisos, cada uma delas com uma exposição. Não as contei, se bem que fiquei com a ideia de que são realmente muitas, a ponto de - julgo que terão a mesma sensação - se sentirem perdidos entre os corredores. Gostei muito da exposição sobre o surgimento do planeta e da vida, desde os seres unicelulares aos hominídeos, no contexto do sistema solar e do universo. Gostei de praticamente todas, em suma. Dos fósseis, dos minerais. Áreas completamente distintas da minha, ou das minhas. Eis algumas fotos.

               


   O Jardim Botânico de Lisboa, nas traseiras do museu, reabriu os seus portões ao público. Não iria, à partida, revisitá-lo, no entanto, uma vez que ainda tinha tempo, decidi fazê-lo. É lindíssimo, e encerra espécies únicas. É conhecida a minha predilecção por jardins. Recentemente, estive no Jardim Tropical de Belém, como sabem.


   
   O dia não terminaria sem uma passagem pelo Reservatório da Patriarcal. O reservatório, inutilizado nos anos 40 do século passado, foi projectado para resolver os problemas de abastecimento de água nas zonas mais baixas da cidade. Contempla passagens subterrâneas, algumas das quais com percursos que podem ser efectuados mediante inscrição prévia. O reservatório fica a meio do jardim do Príncipe Real, no subsolo.


   Um dia em cheio, com três visitas. Tenho imensos registos fotográficos, que irei partilhando convosco, sobretudo através do Instagram (isto para quem me segue - sabem que, aqui, apenas vos abro o apetite). Como é expectável, já tenho ideias para o próximo domingo. Ou sábado. Até lá!

Todas as fotos foram captadas com o meu iPhone. Uso sob permissão.






8 comentários:

  1. Belo passeio de fim de semana :)

    abraço

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  2. Bem, por mais do que uma razão, até porque me sinto "em casa", agradeço-lhe a visita ao Museu das Portas do Sol.
    Não que o museu esteja em mau estado, que não está, ou haja incúria premeditada, que me parece não haver, mas, em boa verdade, refiro que aquele museu já conheceu dias melhores. Claro que a queda do BES ditou este estado, e ainda é incerto o futuro deste fantástico espaço, e espero que o estado lhe consiga deitar uma mão, mas parece que este só está interessado em pagar milhões pela coleção do Berardo.
    Não quero dizer com isto que esta última não seja importante, mas há outras igualmente fantásticas que merecem ser salvas, tanto mais que se trataram de doações, e nós não somos muito dados à filantropia. Preferimos desbaratar ou deixar cair ou apodrecer a legar qualquer coisa a um estado.
    Por isso, este é um exemplo a seguir e preservar.

    Lastimo profundamente o estado das palmeiras das Canárias que povoam este país, e nós sempre gostámos muitos delas (a sua fotografia do Jardim Botânico mostra exemplares mortos).
    É frequente vê-las por todo o sítio, mas só o tronco, pois a folhagem já partiu rumo a outras paragens. Que incrível que nada possamos fazer de eficaz para combater tal praga que destruiu algumas das nossas mais belas espécies arbóreas.
    Em Estremoz, na conhecida Quinta do Carmo (ou Quinta de D. Maria, como algumas pessoas a denominam) há um jardim fabuloso, intimista e reservado, que possuía dezenas destas palmeiras, antiquíssimas, que constituíam um jardim que parecia um paraíso oriental, constituindo um dossel verde que se espraiava e se estirava a quase 15 ou 20 metros de altura.
    Mágico! Hoje resta uma única palmeira viva!!!! Faz impressão!
    Próximo do Convento do Espinheiro, em Évora, há uma quinta com uma alameda feita com mais de 50 palmeiras que ... não sobra uma única!!!
    Fico desolado.

    Sempre prolixo, já sei ... nada a fazer.
    Uma boa semana
    Manel

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    1. Segundo li, é uma praga que afecta as palmeiras e que as deixa assim. E pouco há a fazer. Não sei muito mais sobre isso, mas li que é difícil controlar a dita praga. Desolador, sem dúvida. A maioria das palmeiras está assim.

      Eu gostei do Palácio Azurara. Reparei nesse mau estado. A crise do BES provavelmente terá atingido o palácio e a fundação, consequentemente. O palácio precisa de obras. E algumas obras precisam de restauro.

      Prolixo e assertivo! :)

      Uma boa semana, Manel, e obrigado!

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  3. Passeio muito interessante
    Abraço
    https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt/

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