13 de março de 2018

Cultural Sunday [take 9].


   Este fim-de-semana foi, seguramente, um dos melhores, principalmente pelo primeiro museu que visitei. Deixei-me ficar ali por Santa Maria Maior, pela zona da Sé de Lisboa, e por onde terei andado em concreto? Museu do Aljube, Museu do Teatro Romano e Museu de Santo António, o último que havia visitado há uns anos.

  Pensei em dedicar uma única publicação ao Museu do Aljube, um testemunho bem preservado do que foi o Estado Novo português no que respeita à repressão. O edifício, que actualmente é museu, albergou a antiga prisão do Aljube, um cárcere do regime onde permaneceram homens e mulheres durante décadas, muitos à espera de julgamento sem acusação formada, sujeitos aos tratos mais desumanos e degradantes. São quatro pisos de penosas memórias. Há fotos e relatos impressionantes. Aconselho vivamente a que o visitem. O pessoal que por lá está é de uma simpatia extrema. Terão acesso, ainda, a documentação vária, a recortes censurados de jornais, a uma excursão histórica pelo período de '33 a '74, inclusive no Ultramar, designadamente. Um piso é, todo ele, dedicado às práticas inquisitórias brutais da PIDE/DGS. Que nunca caia no esquecimento. Deixo-vos algumas fotos.



   Tantas e tantas fotos que tirei, e que irei publicando espaçadamente nas minhas demais redes sociais. Há relatos de vítimas da perseguição política encetada pelo regime. Relatos duríssimos, de uma violência, quase gráfica, que impressiona qualquer um. A voz de Oliveira Salazar ecoa por todos os espaços, emanada de um filme de 1936, do décimo aniversário sobre o golpe de Maio de 1926. Sinistro. O museu está muitíssimo bem idealizado, com a informação e a documentação bem expostas e de um modo atractivo para os visitantes. Adorei, e repetirei brevemente.



  Como era cedo, e uma vez que estava por ali mesmo, fui ao Museu do Teatro Romano e às ruínas. O Museu do Teatro Romano guarda um núcleo arqueológico de extraordinário interesse que a cidade de Lisboa escondeu durante séculos e que o terramoto de 1755 pôs a descoberto. O museu abriu portas ao público em 2001, finalmente, após décadas em que não se sabia bem o que fazer a um património histórico milenar que nos pertence. Encontra-se a umas ruas acima do Museu do Aljube, portanto, não deixem de o visitar.







   Para finalizar o domingo, aproveitei a proximidade e fui ao Museu de Santo António, que já conhecia, como referi, e à Igreja de Santo António, onde terá nascido o mais português de todos os santos - lisboeta, sem sombra de dúvida, por mais que isso incomode aos italianos, que o vendem de Pádua. É um museu pequeno, com muita iconografia de Santo António, os seus responsos e lendas associadas. No vosso périplo pela zona, não deixem também de o visitar, que por ali andarão. 

Na segunda foto, o pequeno cubículo, no subsolo, onde Santo António terá nascido.




   Fui contemplado com chuvas intermitentes, que felizmente caíram quando estava dentro dos museus. Ainda dei um pequeno passeio, pela zona, antes de regressar. Para o próximo domingo, tenho já em mente dois destinos, um deles se o sol despontar. Entretanto, e na medida em que irei acompanhado de um amigo, à partida, que ainda não conhece muitos dos espaços que eu já conheço, é provável que me repita. Vamos ver o que irá acontecer.

Todas as fotos foram captadas com o meu iPhone. São minhas e de minha autoria. Uso sob permissão.

9 comentários:

  1. Bela agenda cultural aos domingos que tens feito

    Abraço amigo

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    1. É verdade. Tenho conhecido muito. :)

      um abraço.

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  2. Abraço
    https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt/

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  3. De volta das minhas férias e marcando presença. Depois retorno para comentar com mais calma.

    Beijão

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  4. Agrada-me sobretudo o Teatro Romano, que, à época da sua construção daria para 4000 espetadores, pensa-se.
    A sua localização era privilegiada, embora me pareça que os espetadores, sentados nos seus lugares, e dada a existência da estrutura da frente do cenário, não teriam a vista fantástica que seria possível ter, caso pudessem ver todo o rio pela frente, como é o caso daquilo que se vê a partir do Miradouro de Sta. Luzia, mesmo ali próximo.
    Com certeza conhece, mas, de qualquer forma, deixo-lhe um pequeno excerto de um vídeo onde se pode ver uma recriação da Felicitas Julia, com o próprio teatro:
    https://www.vortexmag.net/lisboa-assim-era-o-teatro-romano-com-video-em-3d/
    Hoje, face às construções que lhe foram sendo construídas por cima, pouco se nota da sua grandiosidade, apesar de não ter a imponência do de Mérida, que daria para 6000 espetadores, e que ainda hoje está em muito bom estado de conservação. Ali sinto-me sempre diminuto!
    O de Marcelo, em Roma, albergava entre 11000 a 20000 espetadores, e era algo de fantástico, antes de parte dele passar a fazer parte do palácio dos Orsini, para lá das outras construções que lhe colocaram na estrutura ao longo dos milénios.
    Desejo-lhe muitos e bons passeios por esta cidade que sempre considerei de eleição, apesar dos crimes arquitectónicos que entretanto lhe foram fazendo ... e foram muitos. Apesar de pensar que esta cidade é muito bela, poderia ter um casco histórico dos mais fabulosos, e que não ficaria atrás do de Barcelona, por exemplo. Veja o que fizeram ao núcleo da Avenidas Novas, Av. da República, Duque de Loulé, dos seus belíssimos palacetes (de que conheci ainda alguns, hoje inexistentes) ou mesmo dos bons, burgueses, sólidos e arquitectonicamente afrancesados edifícios de arrendamento, da António Augusto de Aguiar, Alexandre Herculano (só me estou a lembrar de umas poucas avenidas, mas eram em número considerável) para não falar da Avenida da Liberdade, onde ainda resistem uma meia dúzia, hoje meio perdidos no meio de toda aquela selvajaria.
    Toda a Lisboa Romântica e da Belle Époque praticamente desapareceu, para grande desgosto meu. Claro que quem não conheceu, não poderá lembrar a beleza cálida e intimista de uma Lisboa burguesa e romântica - evidentemente não pretendo regressar a uma Lisboa onde ainda pastavam rebanhos em plena Avenida da Liberdade e se viam os golfinhos a cabriolar no Tejo, mas seria bonito, como fizeram noutras capitais, manter um núcleo historicista que só traria beleza a esta cidade por tantos admirada
    Manel

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    1. Olá, Manel.

      Ontem mesmo, ali no Jardim Amália, nas traseiras do ECI, pude dar-me conta disso: dos edifícios, como diz, "burgueses", de traços sólidos, daquela zona.

      Permita-me uma observação: não sabendo a sua idade, mas imaginando que alguma terá, o Manel parece-me ser um senhor culto, educado, interessante. Gosto de o ler. Muito.

      Cumprimentos.

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  5. Não faço qualquer segredo sobre a minha idade, que vai quase em 63 anos
    Manel

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