26 de março de 2018

Cultural Sunday [take 11].


  O tempo não me pregou uma rasteira, e se temi que o fizesse. Tive um dia de algum sol, sem ameaças de chuva. O frio não me intimida de forma alguma. Museu Bordalo Pinheiro, Museu da Cidade e Museu do Centro Científico e Cultural de Macau foram as escolhas para o dia de ontem.

  Começando pelo Museu Bordalo Pinheiro, no Campo Grande, numa vivenda unifamiliar do início do século XX. Quem passa por ali, talvez nem se dê conta do museu dedicado a este artista plástico português, conhecido, sobretudo, pelas suas surreais cerâmicas. Provavelmente, nos dias de hoje, Bordalo Pinheiro seria considerado um artista kitsch, e quem sabe já o fosse à época. As suas peças de faiança das Caldas, para decoração ou para uso diário, são, o mais das vezes, irónicas, satíricas e mordazes, com muitos elementos ligados à fauna e à flora. Os animais marinhos inspiravam-no sobejamente. A sátira também se encontra nas suas ilustrações, que davam conta da instabilidade política, com uma monarquia prestes a tombar. Entre elas, a sua criação mais conhecida, a figura popular do Zé Povinho, personificação e caricatura do povo português, que vive, apático, entre os desmandos da elite, embora não indiferente - como se vê no manguito.

  O museu é composto por dois blocos, cada um com dois pisos. No primeiro, terão acesso a parte da sua vasta colecção de faiança; no segundo, somos convidados a conhecer mais de perto a sua intimidade, as sátiras políticas em papel, trabalhos que foi desenvolvendo, e para os quais foi contratado, incluindo os instrumentos: aquarelas, utensílios, etc. Deixo-vos algumas fotos.




   O segundo museu, mesmo em frente, do outro lado do jardim do Campo Grande, não posso dizer que tenha sido uma novidade. Estive por lá em 2013. É um espaço que trata, sucintamente, da história da cidade, com enfoque no período do terramoto e posterior reconstrução. O piso inferior está fechado para remodelação. Foi uma visita rápida, que tinha outros planos, e para Alcântara, longe dali. De qualquer forma, é sempre bom revisitar o Jardim Bordalo Pinheiro, nas traseiras do Museu da Cidade, com as suas peças de cerâmica inconfundíveis.




   Chegado à Rua da Junqueira, em Alcântara, não tive dificuldade em descobrir o semi-escondido Centro Cultural e Científico de Macau, não obstante nada haver, excepto uma placa discreta, que nos informe de que por ali se encontra um excelente museu dedicado ao Oriente - e aqui lembra-me o Museu do Oriente, também na freguesia, curiosamente, do qual vos falei há pouco tempo. O museu não se detém apenas em Macau, embora dê amplo destaque, evidentemente, à antiga praça portuguesa, devolvida à China ainda nem há vinte anos. A arte e as tradições chinesas imperam. Gostei muito da ampla colecção de porcelanas chinesas, no piso superior, que vi com toda a calma - o lado bom de estar escondido, o museu, é esse mesmo: era a única pessoa, sem barulhos, sem ruídos e sussurros. O espaço está muito bem concebido, com uma decoração intimista e quente, como se quer. Reportou-me imenso aos pisos superiores do Museu do Oriente: pouca luz, espaços amplos, cores quentes, mas discretas, esbatidas, com predomínio dos castanhos e beges e, no caso do Museu do Oriente, negros. Há um senão para quem gosta de escrever crónicas destas visitas culturais: não deixam tirar fotos, o que já sabia, porque disponibilizam essa informação no site. Captei uma à entrada.
  Não deixem de visitar este museu. A deslocação vale bem a pena. Estando sol, poderão passear por ali, que a vista sobre a ponte não deixa de impressionar.



   Para o domingo que vem, e em virtude de se celebrar a Páscoa, não irei a lugar algum. Talvez o faça no sábado, que tenho lugares para visitar que encerram ao domingo. Em todo o caso, poderão acompanhar os registos fotográficos de ontem através, para quem me segue, das demais redes sociais.

Todas as fotos foram captadas com o meu iPhone. Uso sob permissão.


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