18 de junho de 2017

Pedrógão Grande.


    Nunca fui a Pedrógão Grande. Nunca, felizmente, vivi um incêndio. Todavia, torna-se recorrente, a cada ano, escrever sobre estes flagelos que se abatem sobre o país, e sobre a Europa, sazonalmente. Não estamos em período de rescaldo. As chamas ainda deflagram pelo centro do país, consumindo hectares, ceifando vidas, provocando o caos e a dor. Estamos, todos, perturbados, perplexos, consternados, sobretudo pelo número avassalador de vítimas mortais. Sessenta e duas até ao momento, em dados que são permanentemente actualizados.

    Já sabemos o que pode e deve ser feito. A ladainha repete-se. Ordenamento florestal, pequenos coutos de mais fácil vigilância, cuidados acrescidos com a cultura do eucalipto, limitar a desertificação do interior, numa enumeração não exaustiva. Há estudos, há opiniões. Há, às vezes, culpados que nos transcendem. Fatalidades. Parece ter sido o caso. Temperaturas descomunais, incomuns, superiores a quarenta graus centígrados, uma humidade próxima do zero, ventos fortes, propícios a incrementar os fogos. Fenómenos naturais que não podemos prever.

    Só podemos minorar os danos e chorar as vítimas. Tentar aprender com os erros. Os incêndios repetir-se-ão - o Verão nem começou. Insisto na ideia: ainda que tenhamos sido negligentes com as florestas e que haja muito por mudar na nossa atitude, haverá imprevistos, sempre estaremos sujeitos a condições climáticas desfavoráveis. A busca por culpados é uma tendência irresistível, e compreendo a indignação. Somos muito severos connosco.

    Queria deixar uma palavra de apreço e de profunda gratidão às corporações de bombeiros, àquelas dezenas de homens e mulheres que arriscam as suas vidas pelas nossas. São os verdadeiros heróis, mesmo numa história que talvez, desta vez, tenha como único vilão o tempo. E a nós como cúmplices.

11 comentários:

  1. Sempre assim meu caro. Todos sabem as causas, os efeitos, o que deve ser feito e por aí vai. Entra ano e sai ano a história se repete. Nada é feito e a sociedade se omite. Lamentável mesmo a perda de vidas. Por aqui nada é diferente, Incêndios, Inundações, Desmoronamentos. etc. Choro e ranger de dentes, mas tudo fica na mesma até a nova tragédia.

    Beijão

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  2. Há anos que eu vejo Portugal a arder. Só Monsanto é que nunca arde...

    Ali o Tempo deve ser amigo :)

    Se o tuga soubesse o que significa Prevenção e Preocupação com o outro?! Muita coisa seria diferente, digo eu...

    Grande abraço amigo

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    1. Eu não sei o que entendes por prevenção, mas acho que devias saber mais sobre a realidade de um país que ainda vive sobre a batuta do "que é meu ninguém me tira". E sobre ecologia também. Existe um Portugal diferente das grandes cidades.

      PS: Não te estou a criticar de modo negativo. Um dia conto-te os pormenores. rsrsrs

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    2. Alguma explicação terá, mas Monsanto é o pulmão de Lisboa, não o do país. Temos floresta muito mais densa e extensa em hectares.

      um abraço grande, amigo.

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  3. No 10 de junho passei por Pedrógão Grande, numa viagem de volta da Cova da Beira. Por curiosidade comentei com quem comigo viajou sobre a dispersão de aldeias, a quantidade de área de mata e do tipo de árvores existentes. Imaginei na altura a dificuldade ao combate a um incêndio florestal. E uma semana depois prova-se o que naquele dia pensei.

    Uma semana mais cedo e seria apanhado... ainda dizem que Deus não existe...

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  4. Oh meu amigo, que tragédia! Hoje acompanhamos as tristes notícias... uma tristeza mesmo! Agora é esperar que algumas lições possam ser aprendidas para evitar tantas perdas em situações futuras...

    Grande abraço.

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    1. Sim, uma enorme tragédia. Deixou o país abalado e de luto.

      um grande abraço, e muito obrigado. <3

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  5. Já vivi in loco um incendio de uma mata minha, depois do fogo circundar a aldeia. Foi horrivel. Dantesco.

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