3 de dezembro de 2016

Moments.


   No domingo passado, com um tempo não tão pouco convidativo, aceitei o convite de um amigo para assistir à sessão da tarde no Amoreiras, aproveitando para pôr a conversa em dia, jantando por lá. Devo dizer que aprecio imenso o tempo chuvoso, as noites longas, os dias pequenos, simultaneamente. Para sair de casa, com efeito, não é aconselhável.

   Assim foi. A escolha recaiu num filme que está em cartaz, American Honey, do qual, em verdade, não gostei muito. Aborda a vida tal qual ela é, nua e crua, no excitante desafio da sobrevivência. Todavia, é demasiado extenso para o objecto em questão, repetindo-se a lógica com excessiva recorrência. O filme é pouco inovador. Talvez seja o meu sentido estético e crítico que é pouco apurado. Não recomendo, portanto.

   Optámos por um restaurante ali mesmo, no centro comercial, que, pela noite, as portas do céu abriram-se sobre nós. Felizmente, tenho uma mãe-galinha que me obriga a sair de casa munido de guarda-chuva. Levo sempre um mínimo, o modelo mais pequeno que alguma vez vi à venda. Bom, como calculam, o meu amigo molhou-se todo, enfim. Com os meus problemas respiratórios, não o pude acompanhar na mística que comporta descer a Rua das Amoreiras à chuva.

    Quis levar-me a um bar gay-friendly, ou, como ele diz, ironizando, straight-friendly. Purex. Não conhecia; aliás, saí pouquíssimas vezes à noite. Evito sair à noite. Não gosto de bares, nem de discotecas. Tinha música ambiente, bebi já-não-sei-o-quê, sem álcool, evidentemente, e ficámos a trocar ideias, até que me acompanhou a casa. Cedo, que não sou pessoa de andar na rua até horas tardias.

     Uma semana depois, sugeriu-me a visita a alguns museus, amanhã de manhã, e um almoço, em seguida. Com o tempo assim, estou na dúvida em aceitar.
     Antes que magiquem tontarias nessas mentes fecundas e perversas, somos amigos, tão-só amigos. Convida-me porque gosta da minha companhia, sem idealizações românticas. Acredito que com muitos já andasse aos beijos (Mark, como és ingénuo!; beijos?), porque ele até nem é nada de se deitar fora. Deus Nosso Senhor deu-me olhos, e bons, segundo o oftalmologista, da última vez que me submeti a um exame à visão.

      Já está, escrevi um pouquinho sobre mim. Um texto trivial, que é o que se quer, para não se pensar muito.

22 comentários:

  1. Olá!

    Escrever textos triviais é mais difícil do que se julga - reflectir sobre a relação "nós e o mundo", leva-nos a várias questões morais e filosóficas sobre até onde nos devemos expor, narrando uma história da nossa vida (emoções), sem perder a nossa intimidade/dignidade enquanto pessoa.

    Gostei de saber um pouco mais sobre ti.


    Beijinhos e porta-te mal!! ;)

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    1. Olá, estás bom?

      Eu recordo-me, inclusive, de comentar isso contigo. Já fui, não sou mais, de falar de mim. Houve um tempo em que o fazia com regularidade.

      As pessoas mudam. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, como se diz.

      um abraço. :)

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  2. Boa sugestão a do teu amigo. Amanhã os museus são grátis e na minha opinião estar-se dentro de um museu enquanto cai a chuva é óptimo, especialmente se existirem grandes vãos com vista para o exterior. É a mística do Outono/ Inverno. :)

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    1. Com a chuva que cai lá fora, creio que não será muito agradável andar por aí. Dentro dos museus, é provável que sim. :)

      De qualquer dos modos, aceitei. Vamos lá ver.

      um beijinho.

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  3. Um homem prevenido vale por dois, esse seu amigo hem?
    Abração.

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    1. Não gostar de andar com o guarda-chuva; haverá alguém que goste? :)

      um abraço.

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  4. Mas porque não avançar um pouco o sinal? rs

    Beijão

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    1. Somos só amigos. A ideia até me causa repulsa. Prefiro ter um amigo a perdê-lo.

      um forte abraço.

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  5. Quero um amigo assim :)

    Beijos?! Risos e muitos

    Grande abraço amigo

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    1. E rimos a "bandeiras despregadas". :) É uma pessoa educada e solícita.

      um abraço.

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  6. Se tiver de sair em dias de chuva, há três ou quatro locais que gosto de frequentar, a Versalhes (nem sei porquê, pois é uma coisa que lembra senhoras de idade de uma época ultrapassada, e fica cheia que nem um ovo, o que é desagradável, mas sou uma pessoa de hábitos arreigados), o Museu de Arte Antiga, o Museu de Calouste Gulbenkian e as Casas-museu de Medeiros e Almeida ou do Dr. Anastácio Gonçalves.
    São fetiches, que sei eu, que não entendo estas coisas do mundo da mente.

    No entanto, arrancar-me de casa não é fácil, mas se tiver de ser, será com certeza para um destes locais.
    Cinema gosto de ver no aconchego do lar, pois, após a queda em desuso das tradições das noites de cinema passadas nos defuntos e fantásticos Império, Monumental ou Condes, do saudoso Tivoli da melhor época, ou do S. Jorge quando estava inteiro e se acendiam os grandes lustres, tudo o resto considero triste, em comparação.
    Não suporto ver cinema com ruído de pipocas, as quais acabam quase sempre no chão, coca-cola ao lado, adolescentes (alguns até já não o são) barulhentos que não conseguem perceber onde acaba a liberdade deles e começa a dos outros.
    A não ser que seja uma sessão fora de horas, boa para quem tem insónias (havia-as há anos atrás, e frequentava-as para meu deleite, pois passavam filmes que estavam fora da "onda", mas que eram boas obras de autor ou de cineclube - hoje em dia descarrego-as na net - talvez não devesse dizê-lo, pois é mau exemplo, mas é a verdade).

    Quanto a sair à noite, só se for um passeio pelo quarteirão para exercitar o cão, tudo o resto desapareceu há mais de 20 anos atrás, onde conhecia praticamente todos os locais possíveis e imaginários. Uma grande parte de nós passa por aí!

    Mas eu já sou doutro tempo. No entanto, acho que é muito bom que sinta o convívio e a partilha com pessoas de quem gosta, pois não há assim tantas como isso por aí, como bem deve saber. Carpe diem!!!

    Uma boa semana - já sei que escrevo em demasia, nada a fazer

    Manel

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    1. Olá, Manel.

      Começando pelo final da sua intervenção, vulgo comentário: escreva o quanto lhe aprouver. Eu não consigo ser sucinto. As ideias fluem. Entretanto, nas palavras de um professor que tive, saber ser breve é uma virtude (que não aprendi).

      Olhe, a propósito, frequento a Versailles com alguma assiduidade. É provável que nos cruzemos. Vou mais acompanhado da avó. Lá está, senhora de idade.

      E curiosamente, também estive, hoje, no Museu Nacional de Arte Antiga, que conhecia, claro, mas que é sempre bom revisitar. Aproveitei e entrei numa galeria de rua, de exposições, com jovens artistas, passando pelo Museu Colecção Berardo e pelo MAAT, que achei pavoroso.

      Esse hábito de comer pipocas nas salas de cinema é tão inoportuno e deselegante. Creio que nunca estive perto de quem o faz.
      Assinei uns canais premium de filmes, pelo que não faço os ditos downloads. Como é de conhecimento público, o cinema não é arte que me cause dependência...

      É fácil "arrancar-me" de casa, ou relativamente fácil. Já não guardo na memória o último dia que passei sem pôr os pés na rua. Que seja por dez minutos, mas sair é obrigatório. O Manel é de outra geração. Entendo-o.

      Uma excelente semana para si, e obrigado pelas suas palavras sempre tão pertinentes.

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  7. Foi um dia em cheio. Eu não conseguiria visitar todos esses locais num só dia. :)
    Por acaso a galeria de rua era na rua das Janelas Verdes?

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    1. Conseguiria, claro. :)

      Fica. Ao cimo da rua. Uma galeria muito modesta.

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  8. Tens que sair, viver a vida, conhecer gente.
    "Aproveita-o" já que são bons amigos!!

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    1. Já expliquei isso: eu saio, só não saio à noite. :)

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  9. É sempre bom sair de casa, sair da rotina, conviver com um amigo. Eu prefiro sair com um ou dois amigos - preferencialmente um - do que com um grupo. Permite-nos conversar melhor, partilhar ideias e ter conversas mais intimistas. Mas lá está, isso sou eu. ^^

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    1. Concordo. Não gosto muito de saídas em grupo.

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  10. Mark só te faz bem saíres à noite, não tem que ser sempre, nem ser uma noitade. Ver pessoas desperta a nossa atenção :-)

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    1. E não foi uma noitada. :) Saí cedinho, como todo o menino honrado. (risos)

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  11. Adorei este texto, nem sei bem porquê.... Lol
    Mas à medida que o ia lendo, dizia para mim mesmo que te estão a cantar a canção do bandido... Só que tu tens ouvido duro xD

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