11 de maio de 2016

Los Hermanos.


        Assistimos, serenos, à crise social e humanitária na Venezuela, ofuscada que está pela situação política conturbada no Brasil. Quando, por fim, verdadeiramente percebemos o cenário de catástrofe em que vive o povo venezuelano, regozijamo-nos, por mim falo, por estarmos inseridos numa comunidade europeia regulada por organismos supra-estatais que, embora com contrapartidas, nos ajudam a suportar os ventos desfavoráveis.

     A Venezuela acompanhará a desditosa consequência comum a todos os Estados que rumaram à extrema-esquerda: o caos. Serviços suspensos, inflação galopante, acesso à energia eléctrica nacional e à rede de abastecimento de água potável racionado, carestia de bens essenciais nas superfícies comerciais, recrudescimento da tensão social, que se manifesta pelo aumento da criminalidade de roubo, e pilhagens.

        O falecido Hugo Chávez foi um líder carismático. Ninguém o põe em causa. A sua orientação política originou, inclusive, uma corrente: o chavismo. Todos estes dirigentes, incendiários, sobrevivem por obra do seu populismo desenfreado. A tónica em Chávez era a de "combater o inimigo americano". Conseguiu colocar a Venezuela no centro das atenções internacionais e, por alguns anos, muitos foram os que admiraram a sua coragem e até o aparente êxito das suas reformas estruturais. O caudilho morreu, mas o seu sucessor, Nicolás Maduro, manteve similar linha ideológica, colhendo os frutos de políticas desastrosas que não vêem na humanização o genuíno coração do progresso. A "revolução socialista" fracassou.

       Presentemente, a Venezuela é um país à beira da ruína. A atrocidade do seu regime, que tão-pouco privilegia o diálogo político, exercendo censura sobre os opositores, traz-nos à memória as vivas recordações das democracias populares, totalitárias, em que o indivíduo existe somente no e para o Estado, servindo de mero instrumento à prossecução dos objectivos impostos pelos auto-intitulados "pais dos povos". Até em Chávez, sobretudo, verificámos o tão acarinhado culto da personalidade.

      Maduro, seu correligionário, vê nos imperialistas americanos os instigadores da discórdia, o alvo a abater. Esquece-se, porém, de que não são apenas estes a exigir a sua cabeça numa bandeja, à semelhança do sucedido a João Baptista. O povo venezuelano, do torpor de uma síndrome de Estocolmo adaptada, começa então, timidamente, a insurgir-se em nome da mudança, que ainda vai tardando em chegar.

18 comentários:

  1. opa! e adivinhem quem no Brasil apoia os Chavistas?....

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    1. Presumo que o PT, mas eu hesitaria em comparar Lula com Chávez, ainda que saiba que há brasileiros com quadros de Lula na sala de suas casas... Bom, não há como controlar a vontade das pessoas. Cada um decora o seu espaço como bem entende. (risos)

      Melhor ficar-me por aqui ou ainda corro o risco de ser acusado de perfilhar uma ideologia de direita, eu, que sou um homem de centro (-esquerda).

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  2. Olha, concordo plenamente contigo. Só não seria capaz de descrever o assunto dessa forma.

    Graças a Deus né? rsrsrs

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    1. E eu não saberia descrever como tu, na medida em que não há duas pessoas iguais.

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  3. E, a Venezuela que tinha tudo para ser uma potência na América do Sul

    Devolvam tudo aos indios se faz favor hehehehehehheheheheheh

    Grande abraço amigo

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    1. Sim, tem recursos naturais, nomeadamente o "ouro negro".

      um abraço, amigo.

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  4. Realmente o Brasil é bem diferente da Venezuela mas o PT e seus asseclas não exitariam [até que tentaram] seguir a mesma trilha por aqui ... Felizmente, hoje, ficamos livres para sempre desta corja do Foro São Paulo ...

    Torcendo pelos irmãos Venezuelanos ...

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    1. Totalmente distinta. O Brasil já teve períodos de grande inflação, no entanto julgo que não passou por crises humanitárias como aquela que se vive actualmente na Venezuela.

      Dilma será afastada por cento e oitenta dias, prazo findo o qual reassumirá a Presidência se não for julgada e condenada, segundo sei. Pode, efectivamente, ter sido o seu último dia enquanto Chefe de Estado e de Governo.

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    2. Cada um interpreta ao seu jeito.

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  5. Mais um golpe se aproxima na A.L no século XXI, muito similar ao que ocorreu no Chile em 74. Há fatores exógenos endógenos envolvidos nas tentativas de derrubar governos eleitos democraticamente neste país desde 2002. Ter uma economia dependente do petróleo só agrava ainda mais a crise de desabastecimento que o país enfrenta, além das empresas que escondem toneladas de alimentos em retaliação ao governo de Maduro.

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    1. Hitler foi eleito democraticamente. É preciso lembrar.

      Eu não compararia o golpe de Pinochet com o que actualmente se vive na América Latina. O facto é que a Venezuela está a atravessar uma terrível crise humanitária, e dificilmente conseguiremos responsabilizar os Estados Unidos por isso (o tal factor "exógeno"). Essa retórica faria todo o sentido em 1973/74, em plena Guerra Fria. Quanto ao factor "endógeno", seria até bom saber que há uma oposição combativa na Venezuela, já que Chávez tratou de a sufocar.

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  6. Não vazia a mínima ideia do que se passa na Venezuela, eu até nem tenho visto as noticias na TV, e é como dizes o Brasil tem tomada o tempo de antena no que toca às questões da América Latina.

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    1. Tem passado despercebida do grande público, sim.

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  7. Cheira-me que há por lá muitos interesses muito mal explicados. Não acompanho nem conheço com profundidade para poder emitir uma opinião...

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  8. é muito difícil de imaginar o futuro a curto e médio prazo na Venezuela. Recordo-me que, quando estudava no 7º ano, conheci um rapaz, era da minha turma, que tinha imigrado para cá, vindo da Venezuela. Naquele tempo, as coisas já não andavam famosas, mas agora estão completamente caóticas. Os ditadores teimam em viver nas suas fortalezas de cristal, deixando o seu povo morrer à fome e a passar privações. Infelizmente, o cenário de guerra civil também não é boa hipótese. não só eles, mas o resto do mundo, sofrerá as consequências disso. Que solução para o povo venezuelano?

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    1. É um impasse. O problema reside neste tiranos, que não entendem que a soberania não lhes pertence, mas ao povo. Governam despoticamente.

      Não sei mesmo responder. Uma guerra civil é sempre, a par do que de catastrófico acarreta, lamentável. Um povo a brigar entre si. Também desconfio das intervenções externas.

      Espero que a situação acalme por aquelas bandas.

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