21 de outubro de 2014

Aulas.


   Os últimos dias têm passado tranquilamente. A par dos relatórios, que implicam um esforço acrescido, a componente expositiva, oral, é interessante, tendo aprendido que há várias perspectivas sobre um mesmo assunto. Não deixa de ser curioso de que duas pessoas terão, no limite, visões subjectivas, construídas sobre os seus próprios preconceitos e vivências, quando a matéria-base de análise é a mesma. Daí que a ponderação dos magistrados varie. A máxima do juiz como «a boca da lei», de Montesquieu, exprime uma realidade mecânica que não é inteiramente verdade; nem sempre da leitura das normas, diria eu quase nunca, resulta uma interpretação consensual e verdadeiramente unitária.

  Tem sido muito enriquecedor. Aprendi mais nestas parcas semanas do que em semestres durante a licenciatura. O horário nocturno é cansativo, o único revés. Há um dia em que chego particularmente tarde a casa, ressentindo-se o corpo de tantas horas em actividade, mediante que passo as tardes a preparar as aulas e as exposições.
    Intervenho mais. Mudei significativamente comparando à licenciatura. O facto de as turmas serem mais pequenas ajuda. O nível dos alunos também. Acredito que mantivesse a mesma postura caso estivesse num mestrado profissionalizante, onde está a maioria dos meus ex-colegas de licenciatura, excluindo os que mudaram de faculdade e os que deram os seus estudos por terminados ou, na melhor das hipóteses, interrompidos, até porque longe vão os tempos em que a licenciatura era quanto baste. Hoje em dia, exige-se (exigem...) uma pós-graduação qualquer, um complemento.

    Investigar é bom. Passo muito tempo na biblioteca da faculdade rodeado de monografias de Direito Penal. Não chega. Tenho de requisitar livros na biblioteca da Procuradoria-Geral da República, bastante mais completa. Nessas incursões, já tenho cruzado com o dito colega chato, impertinente. Não raras vezes passamos por corredores. Incomoda-me o jeito com que me olha, sobretudo há dias, quando entre leituras num livro olhou-me de esguelha. Reparei que tem uns tiques esquisitos nos olhos. Dou por mim, em momentos mortos, a imaginar o que seria uma casa com nós dois. Embora não possa dizer que lhe ache piada, respeito-o como um semelhante. Não sei da sua história pessoal, das suas capacidades, temendo que reacções indelicadas o levem a construir uma imagem deturpada do que sou. As suas intervenções, circunscritas e pontuais, são, todavia, muito oportunas e evidenciadoras de alguém interessado e perspicaz. E tem um mini notebook igual ao meu!

     E agora, com licença, que há mais um relatório a elaborar.

42 comentários:

  1. Muito curiosas as tuas observações não só da forma como estás a encarar a nova fase dos teus estudos, mas também acerca desse teu colega...

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  2. Estou alegre por encontrar blogs como o seu, ao ler algumas coisas,
    reparei que tem aqui um bom blog, feito com carinho,Posso dizer que gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns, decerto que virei aqui mais vezes.
    Sou António Batalha.
    Muita paz.
    PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se o desejar siga, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.

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    1. Obrigado, António Batalha, pelas suas palavras. :)

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  3. Que bom que esteja gostando do novo curso. Fico feliz por vc. :)

    Eu ainda acho curioso vc gostar de direito penal.

    Um grande abraço.

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    1. Dos ramos de Direito, Penal é aquele que prendeu a minha atenção. Tive, pela primeira vez, no terceiro ano, ou seja, andei os dois primeiros completamente à deriva. :)

      um abraço grande, Tiago.

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  4. Uma casa para os dois?! Li bem?

    Uhmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

    Quem desdenha quer comprar :D

    ehehehehhehehehehhe

    Continua lá a elaborar a lista de casamento, ups relatório amigo relatório eeheeheheheh

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    1. Ahahah, Francisco, foi uma suposição. Seria uma casa estranha, porque eu e ele estaremos no mesmo patamar cultural, sobretudo.

      Não quero nada com ele, nem com ninguém. :)

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    1. LOL, não mesmo, caro Ine. :)

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    2. Aham... Tu ne me racontes que des histoires...

      Estou muito internacional hoje lolol. Vai-te a ele!!!

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    3. Vocês apaixonam-se com facilidade. :)

      Eu não estou disponível para relações amorosas. Não acredito nisso, tampouco no que vocês chamam de "amor". Contudo, isso não me torna cego, surdo, mudo, irracional. Sou sensível aos estímulos e noto que o rapaz olha para mim com insistência e alguma falta de vergonha / pudor. Se me abordasse com qualquer intenção que não a estritamente relacionada com o mestrado, dir-lhe-ia com clareza que não. :)

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    4. Estou com o Inefável.
      E vive a vida, rapaz (não estou a dizer para o convidares para uma tórrida noite sexo). Vais chegar a uma determinada idade e arrepender-te dessa postura.
      convida o rapaz para um café! (como diz o Francisco, um café não mata nem compromete)

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    5. Horatius, há várias formas de "viver a vida". Já disse que não acredito em relacionamentos e nem os quero. Não pensamos de modo igual; cada pessoa é diferente e faz as suas escolhas. Eu não vivo em função de encontrar um "amor", um/a namorado/a. Isso não existe para mim. Eu basto-me.

      E por que razão convidaria um estranho para um café? No sense. :)

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    6. Basicamente, para o estranho deixar de o ser. E às vezes que falas nele já dei para perceber que não te é indiferente :-P

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    7. É impertinente.

      Horatius, a carne é fraca, mas a razão não o é tanto. :)

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    8. Os impertinentes Às vezes são os melhores... lolololololol
      (ok, estou só na brincadeira, que ainda te zangas...)

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    9. Não me zango nada. :) Se eu tenho falado nele, é natural que falem dele.

      Ele não me será indiferente. Tenho olhos, emoções, (ainda) não sou uma pedra, mas nada mais do que isso.

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    10. Ah, não te é indiferente...
      Convida-o para um café. Assim "ou vai o racha", que é como quem diz, ou a coisa evolui (seja para um quase casamento seja para coisa nenhuma) ou ela deixa de te "incomodar" como tem estado a "incomodar". LOL

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    11. O café ê o estabelecimento e não a bebida:-)

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  6. :))

    (para a última parte).

    bjs.

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  7. Tenho fé em ti, Mark. Ao longo dos anos, aqui a ler-te, vejo uma evolução em ti que não tem par na blogosfera. Espero sinceramente que um dia nos conheçamos, e, quem sabe, nos convides para o teu casamento. :D Com esse impertinente ou outro, que te mostre que estavas errado.

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    1. Uma evolução sem par na blogo? Sinto-me lisonjeado. :)

      Havendo casamento (mais fácil Jesus voltar a pregar entre nós), serás um dos convidados, pronto. :)

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    2. Tenho novidades para ti, Jesus já prega entre nós, no balneário do Benfica! E, misturando posts, nós vamos de fato, que a tradição ainda é o que era.

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    3. Ah, sim. Esqueci-me desse Jesus. :)

      Fatos só na época amena. No Verão é um suplício.

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    4. VAMOS TER CASAMENTO!
      Já alguma vez disse que adoro casamentos?

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    5. Não, não "vamos ter". :)

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    6. O Mark esta na fase dá negação :-P:-P:-P

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    7. Tu és verdadeiramente terrível. :)

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    8. Meus amores, já vi gente casar-se por menos. :P

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  8. O Mark está apaixonado e não admite... :-D

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    1. Oh, imenso, Horatius. Nem durmo, nem como.

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    2. Apaixonado, agora, não digo. Mas acredito que se vai apaixonar um dia, e até estou desejoso de ler os textos de um Mark in love.

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  9. Dá uma oportunidade ao moço Mark, quem sabe não é uma agradável surpresa! ;)

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    1. Mas qual oportunidade? LOL Os filmes que vocês constroem nessas cabecinhas férteis.

      O rapaz só olha. E ainda que olhasse querendo "algo", mas é que jamais.

      E não falo mais disto. Tanto mediatismo numa coisa sem importância nenhuma. Até me sinto estúpido a escrever tantas linhas sobre algo tão... vazio de conteúdo. LOL

      E não estou chateado. Apenas constato (retirar o tom sério disto). :)

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  10. Já vi paixões começarem por menos LOL.

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