8 de junho de 2014

Before Sunrise.


   Não sou especialmente ligado a cinema. Gosto de um filme por outro. Frequentemente, vejo as estreias meses após a apoteose. Sou incapaz de correr movido pela vontade incontrolável de ver um filme. Na adolescência, as idas ao cinema significavam convívio com colegas. Era um meio de passar o tempo, de socializar entre as aulas, naquela época em que precisamos de alguma dose de afirmação perante os pais e os educadores. 

  Abri uma excepção à Maleficent, a que ainda não assisti, mas irei. Combinei com um amigo, ontem. Ele preferia de tarde. Muito em cima da hora. À noite, bom, teve um jantar e acabou por cair o acordo. Não passará desta semana. O peso do clássico, na minha infância, é um bom motivo. Espero não sair defraudado.

   Há dias, encostei-me no sofá da sala de estar e liguei a tv. Aos anos que não o fazia. A televisão perdeu todo o interesse. Os conteúdos estão acessíveis na internet. Cada vez mais será um meio de comunicação obsoleto, a menos que apostem na interactividade. Os espectadores já não se conformam à oferta dos servidores. Ver o que nos impingem, passo a expressão, não faz sentido na segunda década do século XXI. Sem nada para ver, liguei num dos canais temáticos, TVCine 2, e dei com um filminho - não dava nada por ele - que me prendeu a atenção. De mil novecentos e noventa e cinco, não é recente. O título, Before Sunrise. Aposto que a maioria de vós terá visto. Assim mesmo, aborda a história de um rapaz, norte-americano, e de uma rapariga, francesa, que se encontram a bordo de um comboio com destino a Viena. Entretanto, conhecem-se, comunicam, e vivem uma tarde e noite de paixão, sabendo que no dia seguinte cada um partirá rumo à sua vida, prevendo-se que não voltarão a estar juntos.

   Lendo a sinopse na internet, depois, soube que foi muitíssimo bem recebido pela crítica e consta em algumas listas como um dos filmes mais românticos de sempre. É, de facto, lindíssimo. A atmosfera vienense, o desempenho dos actores, a inocência daquele contacto tórrido e momentâneo enterneceu-me. Uma cena em particular mexeu comigo. Deitaram-se num jardim e decidiram não avançar para uma relação sexual. Ela temeu entregar-se a um rapaz que não voltaria a ver. Sofreria ao imaginar o seu corpo unido ao de outra mulher. Ele aceitou, dizendo-lhe que o sexo não é tudo e que preferia trocar carícias e afagos. Em dois jovens adultos, achei bastante expressivo. "É filme", dirão.

   A realidade é substancialmente diferente. A facilidade com que hoje em dia se tira a roupa é de pasmar. Os sentimentos são relegados. Primeiro o prazer da carne, sujo, depois os afectos. É tão... minimalista da capacidade de abnegação e de amar do ser humano.

   O filme tem duas sequelas. Temo vê-las. As continuações nunca saem bem. Li críticas favoráveis, apesar disso, prefiro não arriscar. Fico com as imagens que gravei no meu disco rígido.

    A ficção ajuda a encarar a verdade.

    Deixo-vos com uma das cenas.



24 comentários:

  1. não conheço o filme mas agora fiquei com vontade de ver xD ver se o vejo online!

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    1. Não darás o teu tempo por perdido. É tão... bonito.

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  2. ADOREI esta cena!
    Daqui a pouco vou ver o filme!

    Thanks a lot, dude! xD
    ou
    Merci bien. :-)

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    1. Eu também. Todas as cenas entre eles são belas. :)

      Ela a imitar um típico rapaz norte-americano é de chorar a rir. :D

      You're welcome, dude!

      De rien, Ine. :)

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  3. Eu amo cinema mas ultimamente não tenho ido muito, gosto tanto de cinema que até já trabalhei em um... Mesmo assim eu sou como vc no ponto de não sentir essa necessidade de ver o filme imediatamente, ou mesmo nos fins de semana. Quando voua cinema prefiro ir nos dias de menos movimentos, gosto de ter a sala de cinema só pra mim!
    Ainda não fui ver Maleficent mas todos que foram ver gostaram muito.
    Como vc eu tbm não sou muito de ver tv, passo muito pouco tempo assistindo, talves se houvesse alguém pra me acompanhar nisso seria mais divertido... Realmente as tvs terão que se reiventar... eu prefiro mil vezes assistir um filme no dvd ou ficar no computador... só assisto aos programas que realmente ahco interessante e ti digo , são muito poucos

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    1. Eu não ligo a filmes. Sou pouco chegado à sétima arte. É estranho, eu sei. :)

      Ver televisão é cansativo. A televisão fará sentido para aquelas pessoas de mais idade, bastante mais idade, até porque se torna comum ver pessoas de setenta e tal anos a mexer num tablet, portátil, etc. A tv é um marasmo. Em Portugal, e ao que sei também no Brasil, tirando os canais a cabo, é um pavor. Temos aqui um canal, TVI, que é um lixo. Dá-me náuseas, ugh!

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    2. Credo , só de ouvir vc falar já fico com nauseas tbm... o canal que vc curtir vai ser o que eu vou curtir tbm ok bjs !!!

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  4. Curioso, também eu publiquei uma postagem sobre um filme que vi recentemente e alarguei-a a uma certa temática de filmes; apenas que tu tens os habituais comentários dos que te seguem e comentam sempre quer "chova ou faça sol", e vais ter muitos mais e eu lá apanho um comentarito de um qualquer distraído. A nossa blogosfera é assim, e sei que não só concordas, como não tens culpa disso.
    Quanto ao filme que viste, eu ainda não o "apanhei", pois eu também não corro atrás dos filmes, mas espero que me "cheguem às mãos" e tal como nos livros a ler, a lista é imensa...
    Olha, só ontem vi "Os Miseráveis" e hoje se tiver pachorra vou ver o "Lincoln"...
    Mas esse filme e as duas sequelas que parece serem interessantes, ao contrário de muitas outras, falam de um relacionamento romântico, não piegas ao longo dos anos e os actores que são sempre os mesmos vão ficando mais velhos como no decorrer da acção - vou ter curiosidade de ver...
    Abraço amigo.

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    1. João, se comentam não é a pedido. Como disse no teu blogue, estás magoado e ressentido com alguma deterioração da blogosfera ou com determinadas pessoas, situação de que não tenho culpa. Não creio que me comentem quer "chova ou faça sol". Isso ofende-me em certa medida, hás-de me perdoar. Popularidades virtuais ou número de comentários nada me dizem. Acho que terás de bater em algumas "portas ao lado". Se queres uma opinião: não ligues a essas mesquinhices.

      É um bom filme, sim.

      um abraço.

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  5. Mark esta trilogia é excelente e aconselho-te a vê-la.
    Ainda ontem revi o 3º filme.
    Os mesmos atores,o mesmo realizador,a mesma temática,as mesmas personagens anos depois e o rumo que as suas vidas deram.
    O tempo que passou entre a estreia dos 3 filmes passou ao mesmo tempo na idade das personagens.

    Já começaste agora acaba, não te vais arrepender :)

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    1. Sim, li maravilhas sobre a trilogia e, agora com o que disseste, certamente irei procurar os restantes dois filmes. :)

      Obrigado, Shiver! :)

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  6. Amei essa cena! Eta filmizinho bacana! Deve ser lindo. Quem dera eu viver assim uma linda história de amor, rs :D

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    1. Podes viver. Imagina...Pegas o comboio, que aí se diz trem, rumo a Viena, depois de aterrares em Paris, suponhamos. Imagina que outra pessoa tem a ideia de fazer o mesmo, recriando o que se passou no filme? Vale para mim também, ahah. É fantasia. :)

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  7. Mark, eu andei a publicar a sequela há duas semanas, no face.
    Até tinha imagens retiradas dos filmes.
    Os filmes têm cenas e alguns diálogos bastante interessantes.
    Vi a trilogia seguida, em dois dias.
    Passada uma semana comecei um romance/relação com uma pessoa muito interessante que conheci com quem tenho o mesmo tipo e qualidade de relacionamento que as personagens.
    Vê os filmes todos. Para mim funcionou como a sequência de um único filme. São os mesmo atores e temos a rara oportunidade de perceber o que de facto é uma relação, longa, de duas pessoas que crescem, amadurecem e envelhecem, juntas ou apartadas.
    As relações e as pessoas não são perfeitas e muitos têm fases diferentes de vida, mais ou menos carnais, mas uma (ou algumas) relação (ou relações) com uma pessoa que se prolongue no tempo é provavelmente das coisas que mais no enriquece e transforma.

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    1. Oh, não vi. :( Eu nem sempre tenho o feed aberto. :(

      Ainda não pude ver os dois filmes que compõem a sequela, mas pretendo fazê-lo muito em breve.

      Quando terminamos, é quase impossível não sentirmos aquela vontade de viver algo semelhante. É tão mágico, inocente e arrebatador ao mesmo tempo. :')

      Sim, eu sei que tendo a desvalorizar a parte carnal, talvez por imaturidade. Isto que vou escrever é péssimo, mas chego a ver o sexo como algo menor, residual. :x Parece que o sexo diminui a estima, o amor, quando na verdade deve aumentar. Enfim, sou leigo nestas matérias.

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  8. Maleficent vale a pena, mas sabe a pouco. Queria mais, precisava de mais :D

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    1. Pois. :( O meu medo é sair "decepcionado" da sala de cinema...

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  9. ah, a trilogia da minha vida. acompanhou-me desde o início da idade adulta até ao ano passado, quando vi o último filme.
    quase 20 anos separam o primeiro do último filme, é engraçado (bem, não engraçado, mas é um choque, porque eu revejo-me tanto), como os actores envelhecem tanto, principalmente o Ethan Hawke. que diferença abissal neste último filme. A Julie Delpy também perdeu um pouco o ar de menina. afinal, são quase 20 anos e eu bem que os sinto.
    bjs.

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    1. Mas, ao contrário deles, mantens o ar de menina. :)

      O Ethan e a Julie faziam um casal perfeito. Tenho realmente de ver os dois filmes que faltam.

      um beijinho.

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  10. Já fui ver e gostei bastante

    Bom cinema :)

    Abraço amigo Mark

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    1. Eu creio que irei amanhã. Tenho ouvido / lido críticas muito favoráveis ao filme e ao desempenho da Angelina. :)

      um abraço, Francisco.

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  11. - Também não sou rapaz de ir ver estreias ao cinema. A exceção esteve, claro, em Harry Potter. Normalmente penso em ir ao cinema, e vejo o que está disponível para ver...
    - Eu desenvolvi um ódio de estimação à TV, acreditas?

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    1. Somos dois. Não ligo nadinha à televisão. Acho um tédio, exceptuando um filme que veja que é bom, um documentário (menos), um programa de informação (geralmente debates...).

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