12 de maio de 2014

De Paris com... amor (?)


   Um amigo voltou há dias de Paris. Não sei se amigo será o melhor substantivo para designar o que significa para mim. Será mais um conhecido. Não um qualquer; de outra forma não teria saído com ele. Conhecemo-nos através dos nossos pais. É filho de um amigo da mãe. Por curiosidade, é gay, mas, como diz a outra, "isso agora não interessa nada". Não escolho as amizades em função de orientações.

  Telefonou-me na quinta à noite, perguntando-me se estava disponível para tomarmos um café. Aceitei de imediato. As frequências estão aí e não se nega um bom momento. Assim foi. Sexta, à hora marcada, envia-me uma sms a dizer que está prestes a sair de casa. Eu, que me esquecera, estava a estudar quando ouço o "bip" das mensagens. Dou um jeito no cabelo, reforço o perfume e saio.

   Fomos a um barzinho muito simpático, daqueles típicos para amigos. Escolhemos uma bebida. Segui a sua sugestão e, pela primeiríssima vez, bebi um cocktail light, creio que com álcool, não posso assegurar. Isto porque não estava na lista das bebidas sem álcool. Por acaso, nem era mau. Tinha morango e tal. Bebeu-se, mas senti aquele travozinho. Bah, ridículo, tive de sujeitar o meu fígado a essas porcarias, abrindo o precedente. Bom, podia ter escolhido um batido ou outra bebida. Aceitei porque não quis introduzir o elemento do "sou abstémio" à conversa. Senti que seria weird e que cortaria o clima divertido e noctívago - só isso, que não sinto nada pelo rapaz.


    Foi engraçado. Estivemos à conversa. Falámos mais de estudos que de outro assunto. Para o final, lá puxou o tema relacionamentos, que prontamente refutei, e pouco mais. Teceu-me aqueles elogios ostensivos que não me deixam as faces rubras, de facto, mas que são constrangedores. Odeio que me façam sentir um ser de outra galáxia. Disse que era pelo meu discurso fluente. Por favor, tenha dó (risos).
   Pouco passava da meia-noite quando saímos. Ainda me desafiou para ir "ao Bairro beber uns shots", que recusei de imediato, mesmo tendo me dito que não teria de beber álcool. Pois, isso eu sei, só faço o que quero. Achei, humm - falta o adjectivo correcto - demasiado (na falta de melhor). Perguntou-me se conhecia. De noite, não, e nem quero. Ao longe. De dia, claro, há por lá um restaurante ao qual ia imenso com os pais.

   Levou-me a casa. Ainda ficámos a falar no carro. Senti-me à vontade. Sei que não abusaria. Aludiu a um possível mestrado em Paris. Estadia teria - a sua casa. Mais uma dose colossal de risos. Não tenho vontade nenhuma sequer de conhecer Paris e, decididamente, não ficaria hospedado na sua casa por melhores que fossem as intenções. Volta e meia lá vinha o engatezinho mal dissimulado e, por esse motivo, mais ridículo. Não sairemos esta semana, não, que deixei bem claro - até pelas frequências que estão prestes a começar, roubando-me toda a atenção.

    Despedimo-nos informalmente, sem intimidades. Não é fácil marcar a fronteira. Envolve alguma astúcia, que vou aprendendo, passo a passo. A tal da... experiência, dizem. Antes assim.

35 comentários:

  1. tens tantas ideias pré concebidas que te fazem não querer conhecer e experimentar tantas coisas :/

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    1. Referes-te a Paris? A mãe conhece e diz que achou horrível, suja. Pelas fotos e por relatos de amigos, não tenho lá grande curiosidade, além de que sou anglo-saxónico de alma. :) Se ele fosse de Londres, pensaria duas vezes, muahahah (não, de todo, tenho princípios e deles não abdico).

      Se é em relação ao Bairro, epá, não tenho curiosidade em andar a beber shots, mea culpa. Não gosto do sabor do álcool - isso nem discuto. Não acho que ser abstémio me torne melhor ou pior. São opções. :)

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    2. em relação às duas coisas.
      eu detesto a língua francesa, não gosto da cultura deles e também acho a cidade suja mas.. isso não me impede de ir lá conhecer por mim mesmo, até perceber o encanto da cidade, ver aquelas zonas incrivelmente giras e especiais. e tal como tu também venero londres e toda a cultura inglesa.

      quanto ao bairro, eu também não gosto de álcool e nem bebo álcool. mas o bairro não é só álcool, o bairro é uma zona com muitas pessoas e muitos bares engraçados (com bebidas sem álcool também) e é fixe estar lá com os amigos a conviver.

      não te faz bem simplesmente dizer que não gostas de algo sem conheceres por ti mesmo.. e se os fores conhecer não podes ir para lá já com a decisão que não vais gostar. nada é totalmente bom mas podes conseguir tirar partido e conhecer o encanto de muitos sítios.

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    3. Não gosto NADA da língua francesa. A língua alemã, pelo contrário, adoro. Aquele pragmatismo, aquela raiz germânica super interessante! Love it!

      Sim, tens toda a razão. Eu sou realmente avesso a "noitadas", com ou sem álcool. Mas é assim tão estranho? Ahah

      Quando for a Paris - se for - será de coração aberto, prometo. :)

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  2. Eu estive em Paris e gostei, em Londres nunca estive mas deve ser interessante! Ainda vou conhecer. E concordo como Aaron, não tem mal ir ao Bairro. Ias, bebias outra cena e pronto, nada de mal nisso :)

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    1. Eu quero imenso conhecer Londres, Dublin, NY, Washington, Otava, Sydney, Camberra, por aí. :D

      Sim, sim, okay, já sei disso. Não quis ir, pronto, fica para a próxima. Lol

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  3. Amo Paris, não é a minha cidade preferida, essa é Nova Iorque mas amo Paris, não a acho suja nem feia e lá perco a preguiça toda e passeio horas a fio e vou passear pelas Galerias Lafayette e vou sempre a Versalhes, porque é Versalhes. Um amigo com casa em Paris não é nada de se deitar fora.

    Mas não gosto do Bairro e também teria declinado o passeiozinho.

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    1. Ahahah, ele até podia ter um apartamento na 5th Avenue.

      A Versalhes já "o caso muda de figura". Tenho algum interesse, histórico. :)

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    2. Não tenho palavras para descrever Versalhes.

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  4. Mark, experimentar coisas novas é um importante passo para crescer.
    Não se aprende tudo nos livros! E não, não me refiro ao álcool que aí também me abstenho ;)

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    1. Eu sei, mas não estudo mais do que o necessário, acredita. :)

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    2. então talvez devesses "estudar" outras coisas :)

      r. o Porto é encantador!

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  5. Gostei da forma como resolveste a questão! ^^
    Acho que cada pessoa sabe o seu próprio ritmo e se tu achaste que era melhor assim, é o que importa! ^^

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    1. Bem, misturei pensamentos. Não lhe disse partes do que escrevi aqui.

      Ele é um rapaz simpático, cordial, e eu correspondi. Mas não mais que isso. :)

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  6. Meus senhores, agradeçam a Deus o Mark não beber álcool.
    xD

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  7. Tsk Tsk Tsk

    E eu à espera de um beijo de fugida, um murmuro no ouvido. "Não percebi" lololololol

    Quando vais conhecer Paris?!

    Vale a Pena :)

    Abraço amigo Mark

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    1. Medo, Francisco!

      Não sei. Mas acredito em ti. :)

      um abraço.

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  8. Bem, eu adoro Londres, ok, mas "Paris é uma festa!!!".
    Quem pode dizer mal de Paris, mon Dieu?
    E adoro a língua francesa, foi em francês que li quase tudo na adolescência - Camus. Gide. Peyrefitte, Vaillant...E a nossa Cultura tem raízes francófonas totalmente.
    Quanto ao Bairro, é um sítio interessante para se ir de vez em quando, não necessariamente sempre.
    Finalmente o teu encontro; embora muito "soft", foi apesar de tudo um primeiro "rendez-vous" e tem que se começar por algum lado.
    Haverá com certeza mais encontros com outras pessoas, talvez menos "soft", não forçosamente "hard". E vai haver, estou quase certo uma ida nocturna ao Bairro que não é o antro que as tuas palavras depreciativas parecem indicar; afinal tu ainda nunca lá foste à noite, como podes ter opinião?

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    1. Bom, houve uma tendência absurda, visível até no hino, de imitar os franceses. É país que não me seduz. Prefiro mil vezes o Reino Unido - nosso velho aliado. É preciso não esquecer que os franceses tentaram invadir-nos por três vezes, fracassando, e que estava nos seus planos dividir o país com a Espanha.

      O nosso direito civil é quase por inteiro de origem alemã, restando pouco do francês. No direito administrativo e constitucional é que as semelhanças são mais visíveis, sim. Quiseram espelhar a República Portuguesa na correspondente francesa. Não sei se é suficiente para que aludamos a uma "cultura francófona", mas pronto, aceito. :)

      Foi mais um reencontro. Conheço-o há anos, éramos crianças.

      Nunca fui lá à noite, mas já vi vídeos e fotos, além de testemunhos. Parece-me uma confusão. E eu mesmo sou avesso a espaços de diversão nocturna.

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  9. Quando li a frase "Dou um jeito no cabelo, reforço o perfume e saio." pensei para comigo mesmo: O Mark dá só um toquezinho e fica pronto para espalhar magia. O que, pelos vistos resultou.

    Também não teria aceite o convite para o Bairro. Não conheço, mas já fui a espaços de diversão noturna, e devo dizer que não é de todo a minha onda. Prefiro um barzinho calmo, para por a conversa em dia, que discos...

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    1. Oh, nada disso, é que já estava mesmo em modo "descanso" (felizmente, tiro a roupa antes de me deitar!).

      O rapaz tem queda para bajular, apenas isso. Engatar. Claro que me queria em Paris para "algo mais", seja lá o que isso for na sua fecunda imaginação. Eu percebi desde cedo.

      Sim, não há nada como um barzinho calmo, social.

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  10. Podes sentir alguma coisa por ele, mesmo que seja apena amizade. E não podes ver "engatezinho" em tudo :p
    Mas gostei do que li. Vais ao teu ritmo mas vais muito bem :)
    Abc

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    1. Sim, é um amigo.

      A parte do "vais ao teu ritmo" é que não entendi. Parece que tenho de atingir determinado patamar, que estou em processo de evolução tendo como meta acabar no Bairro Alto a beber shots ou deixar-me seduzir por este e aquele. O meu comportamento e as minhas decisões são, em si, finalidades e não etapas. Eu sou assim e não pretendo mudar, Sérgio. Não acho que esteja certo ou errado. Tenho o meu código de conduta e dele não prescindo. Tornar-me no que subjaz à tua afirmação seria ir contra os meus princípios, e aqui não há qualquer valoração de ordem moral no sentido de os considerar melhores ou piores: são os meus.

      um abraço. :)

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    2. não era isso que ele queria dizer com "vai ao teu ritmo" :P

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    3. Há várias interpretações. Eu interpretei nesse sentido. Quando dizemos que alguém vai "ao seu ritmo", pressupomos um determinado objectivo, um caminho que se trilha e que culminará num patamar. Por exemplo, alguém quer fazer X que eu fiz anteriormente com celeridade, mas esse alguém consegui-lo-á mais lentamente, "ao seu ritmo". Ir "ao ritmo" é indissociável de uma meta. E eu não acho que o meu procedimento seja em si um meio, mas sim um fim. Eu sou assim. :)

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    4. Não era isso de facto; querias dizer apenas que vais aonde queres, quando queres e bebes o que queres; "vais ao teu ritmo", e isso não tem mal nenhum. Nem tinhas que beber álcool, por razão nenhuma.
      E, valha-me Deus se alguma vez, nas minhas palavras, estaria uma qualquer ideia de evolução que implicasse acabar no Bairro Alto. Mas deixa-me dizer-te que sair à noite para o Bairro ou para outro sitio qualquer, não implica ter que ir beber shots ou entrar em jogos de sedução.
      Abraço :)

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    5. Interpretei mal as tuas palavras. :)

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  11. POOOORRA Mark você deixou este gato giro escapar meu príncipe!!!! Não acredito! Mas tudo bem , você é quem sabe o que quer ou não em um relacionamento, só sei de uma coisa: sortudo é aquele que conquistar teu coração!

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  12. Que grande corte que deste ao rapaz Mark Manuel! LOLOL

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    1. Também não sou Manuel. :D

      Bah, um bajulador, chato. :s

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    2. Mas ainda assim, foste ao café com ele... :P

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    3. Oh, ando cansado de estudar, as frequências aí, não o via há algum tempo, pronto, aceitei. :)

      Mas não sinto mesmo nada por ele. Lol Nem fisicamente, nem psicologicamente, nada. :D

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