3 de julho de 2013

Finalista.


    Após um mês de avaliações, posso agora dizer, com toda a propriedade, que sou finalista. Já o era não o sendo, todavia, quis aguardar pela confirmação de todas as notas. O facto é que havia concluído as disciplinas necessárias para transitar de ano lectivo. Sinto orgulho pelo trabalho que desenvolvi e pela dedicação. Num mundo em que nem sempre o esforço é recompensado, é mais do que gratificante demonstrar o contrário: o empenho pode originar bons frutos. Não passa tanto pelas horas que se estuda, mas sim pelo método. Devo dizer que, nos dois primeiros anos da licenciatura, estudava bastante. Creio que cheguei a afirmá-lo aqui: umas quatro horas ininterruptas por dia. Era gratificante, sem dúvida. Estudar, para mim, nunca foi um sacrifício. Cresci a encarar o dever de o fazer como isso mesmo: um dever para com o meu futuro e, evidentemente, para com a mãe e o pai, este último que, apesar de longe, contribui financeiramente para a minha educação. Embora o fizesse com esse sentido de dever, procurei ter mais método e organização, retirando algumas horas de estudo em tentativas de esquematizar a matéria. Consegui manter o nível que impus a mim mesmo e retirei algum peso de cima.

   Nesta recta final, tive algumas surpresas. Não contava com o facto de figurar entre os melhores alunos a direito penal, de todo o terceiro ano, daquela instituição de ensino superior. Quando a professora-assistente mo comunicou, alertando-me no sentido de me preparar para uma conversa com a professora-regente, ex-juíza do Tribunal Constitucional, fiquei num estado de ansiedade indescritível. Não diria nervoso; expectante. Nada disse à mãe, aos avós, aos manos, as pessoas que me são mais próximas. A mãe só notou algo quando me viu sair de casa de fato e gravata, estranhando o motivo. Inventei uma desculpa. A conversa foi, na verdade, uma oral de confirmação (às quais já estou habituado) com contornos especiais. A senhora professora quis desvendar quem éramos, o que pretendíamos... quiçá se seríamos futuros colegas. Pela primeira vez, senti uma responsabilidade enorme:

«O que pretende fazer de futuro, senhor Mark? Já pensou na magistratura?»

    Não poderia disfarçar sem que ela o percebesse. Sabe mais na ponta do dedo indicador do que eu no corpo todo. Quis mostrar alguma segurança, afinal, os outros alunos tinham um rol bastante determinado quanto aos seus futuros profissionais... Por que não ser sincero? Disse que não sabia, calmamente. Falei no mestrado, doutoramento, adiando o mais possível. Sorriu e acenou na minha direcção, satisfeita.

    Quando contei em casa, por fim, o que se passara, a mãe quis dar um jantar informal para os mais íntimos. Rejeitei a sugestão porque, sinceramente, não vejo nada a ser comemorado. Não era o que esperavam de mim desde pequeno? Voltamos à parte do dever. Cumpri com a minha obrigação, não deixando de fazer algo por mim mesmo. É uma junção de ambos.

   O último ano do curso aproxima-se e, de certo modo, conforta-me saber que há outros níveis para além de. Adio por mais uns anos o inevitável. Sou péssimo a tomar decisões, desde sempre. Descarto por completo a hipótese de dar aulas. Ando com ideias no campo do jornalismo, já que História, enfim... Sim, jornalismo. Nomes como Miguel Sousa Tavares, Manuela Moura Guedes, Carlos Pinto Coelho... Paulo Portas (neste aspecto!), inspiram-me um pouco. Entre outros. É uma área abrangente. Sinto que será por aí.

   Quem sabe e ainda me vêem como jornalista político na televisão ou num jornal... Seria engraçado. 
   Por agora, orais de melhoria e férias.

31 comentários:

  1. Parabéns Mark. Não é fácil progredir em Direito, e ainda mais ser um bom aluno, ao ponto de os professores se interessarem. E eu sei, pois nunca fui desses eheh

    Mas há uma coisa ainda mais difícil, que é ser-se sem aluno sem ter a ambição desmedida e furiosa daqueles que desde pequeninos já sabem bem o que querem e têm a sua vida e o seu futuro todo bem planeado. Quando não há o drive da ambição, é-se bom aluno 'apenas' porque se tem capacidades, sobretudo a de usar a inteligência.

    Por todas estas razões, mais uma vez, parabéns! Aproveita bem o descanso das férias.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado pelas tuas palavras, Miguel.

      Lá é da praxe os regentes 'conversarem' com os alunos a partir de determinada nota. É um pouco claustrofóbico.
      Pois é, nunca fui demasiadamente ambicioso ou meticuloso. Na minha idade, não saber o que se quer chega a ser raro! Não tenho certezas nenhumas. :)

      Eliminar
  2. 3 comentários:

    1. Adorava ver-te todo formal;
    2. Parabéns por seres o melhor;
    3.1. Carlos Pinto Coelho ainda entendo, agora os outros... enfim;
    3.2. Jornalismo?! Tenho que ter mais cuidado com as nossas conversas (especialmente por causa da Manela Guedes);
    3.3. Concordo contigo em não quereres jantar informal intímo... se fosse só intímo... (lá está a minha veia maliciosa);
    3.4. Não queiras ser juiz sem que domines outras matérias como a da experiência profissional e a vida pessoal (embora neste caso é sempre de difícil domínio);
    3.5. É melhor parar de comentar que já excedi o meu "tempo de antena".

    loooool

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Adorei a esquematização. :D

      Bom, não fui 'o melhor'; fui 'um dos'. Éramos um grupinho pequeno, é certo, e foi só a direito penal. :)
      Enunciei os restantes porque são licenciados em Direito como o CPC. Eu sempre me interessei por jornalismo. Juiz, creio que é um pouco difícil: não sinto qualquer apelo ou vocação. :)

      Não excedeste nada. Gostavas de me ver todo formal porque achaste que o meu casaco amarelo-torrado, LINDO, me fazia um puto. Ainda me lembro. :D

      Eliminar
  3. Parabéns Mark! pela conclusão do ano letivo e pela boa nota e boa postura :)

    Grande abraço1

    ResponderEliminar
  4. muitos parabéns, Mark. dizes que é um dever, mas como és, não podia ser de outra forma, com excelentes notas. és muito inteligente e nunca te contentas com notas menos boas, a prova é que vais a orais de melhoria (não me recordo se são obrigatórias para firmar a nota, mas acho que já tinhas falado nisso ao jantar).
    os teus pais têm muito orgulho em ti, de certeza. :)
    quanto a seres jornalista, já ouviste falar no CENJOR? informa-te aí, não será necessário tirares outra licenciatura, mas especializares-te.
    bjs.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado pelas palavras, Margarida. :)

      As orais de melhoria têm como finalidade única aumentar a nota. A cadeira já está feita e é-nos dada a possibilidade de, em oral, aumentar ou, na pior das hipóteses, manter a nota. As ditas 'orais de confirmação', das quais já falei, são um mero costume; ou seja, quando um aluno têm uma determinada nota na avaliação contínua, o professor acha por bem fazer-lhe uma pequena oral de 'confirmação', tendo em vista confirmar a nota que o aluno obteve durante o semestre para a realização das provas escritas, que são sempre obrigatórias. É confuso. :)

      Nunca ouvi falar ou li, sequer, esse nome. Vou já pesquisar na internet! Interessa-me IMENSO! *.*

      beijinhos e muito obrigado, mais uma vez.

      Eliminar
    2. e se tu conseguires entrar no cenjor e fores um jornalista conceituado, ficarei muito feliz por ter feito parte disso, pelo menos um bocadinho ;) espero que consigas, aí ou noutro sítio.

      Eliminar
    3. Sem dúvida. Nessa altura, então, terei a oportunidade de te convidar para uma entrevista num programa sobre literatura ou gatos. :D

      Eliminar
  5. Muitos parabéns:-) mas isso são excelentes notícias! Podes ser o que quiseres, desde que te realize e te faça feliz. Claro está que será das decisões mais complicadas de tomar. Só no último ano percebi definitivamente o que queria, pode ser que o mesmo aconteça contigo:-) no entanto outros objectivos (bem distantes do direito) estão cá dentro enraizados, quem sabe um dia...
    Não te desejo sorte porque não precisas, tens capacidades estrondosamente necessárias, para precisar de sorte, o sucesso depende somente de ti.
    Muitos parabéns! E muita força para o caminho! :-)
    Um grande abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado pelas palavras e pelos votos, Meia Noite e Um Quarto. :)

      Espero que este último ano sirva também para clarificar a minha mente quanto ao futuro profissional. Devo dizer que não é algo que me tire o sono, mas penso.

      um grande abraço.

      Eliminar
  6. Muitos parabéns :D

    Um Grande Abraço amigo

    ResponderEliminar
  7. Muitos parabéns Mark. É bom ver alguém com objetivos, mesmo que ainda não saibas bem o que vais fazer, tens ideias e tens metas a alcançar, isso é louvável.

    Agora é seguir em frente, como sempre tens feito.
    Felicidades

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tu também estás a trilhar o caminho correcto. Aplicas-te e preocupas-te com os estudos e o teu futuro. :)

      Muito obrigado! :)

      Eliminar
  8. Parabéns e... go ahead!
    Abraço-te

    ResponderEliminar
  9. Como o tempo passa...
    Ainda "há dias" te vi a entrar na Faculdade e já és finalista...
    Todo o trabalho e o prazer que tens tido no teu curso, se reflectem no teu percurso académico que só se pode considerar brilhante.
    Claro que és merecedor de parabéna pelas metas já alcançadas e sei - tenho a certeza - de que irás muito mais longe nos teus estudos, nem que seja para adiar os teus eventuais projectos futuros, quer no campo específico do Direito quer noutro qualquer campo.
    Ser jornalista, um jornalismo credenciado necessita de tempo e de alguma experiência.
    Tu adoras História, tu escreves maravilhosamente bem...porque não investir numa escrita dentro desse tema? Há pouca gente a fazê-lo em Portugal, embora comecem a despertar alguns valores.
    Mas, seja o que for, sei que o farás bem e depois de uma ponderada reflexão sobre o assunto.
    Agora, relaxa, goza as férias e "estuda" um pouco mais de uma outra "universidade" em que ainda te faltam algumas importantes cadeiras - a Universidade da Vida!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É verdade. :) Lá por 2010, nos posts destes meses, relatava a entrada na faculdade. O tempo voa!...

      Obrigado pelas palavras, João. História é complicado porque o mercado de trabalho não é receptivo à investigação, que em Portugal é inexistente. Poderei, eventualmente, desenvolver alguns trabalhos nessa área, mas fá-lo-ei mais por prazer e hobby do que como 'modo de vida'.

      Pois, na 'Universidade da Vida' ainda nem entrei...

      abraço.

      Eliminar
  10. Se um dos melhores é gratificante. Só tens que saber aproveitar esse dom ;)
    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado, X., e bem-vindo ao meu blogue. :)

      abraço.

      Eliminar
  11. Parabéns,Mark,por esta conquista. Toda pessoa que se empenha vai longe em seus objetivos. Você é um rapaz aplicado,tenho certeza que vai se dar bem em qualquer área que quiser seguir,independente se for em Direito,História ou Jornalismo.


    Tchauzinho. :)

    ResponderEliminar
  12. Muitos parabéns. Não há nada como ver o nosso empenho, esforço e dedicação reconhecido. :) Ainda orais? Devias era ir já de férias, era o que era :)
    Abraço Mark.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, ainda, de melhoria. :)

      Obrigado! :)

      abraço, Arrakis.

      Eliminar