7 de setembro de 2012

Atrás da esperança.


   Há dois anos estava prestes a começar uma nova etapa. Se existia algum receio e se o coração batia aceleradamente de dia para dia, as expectativas não eram menores. Pelo contrário, adensavam-se à medida em que o dia se aproximava. Tudo era alvo da minha curiosidade: as praxes (fenómeno ao qual sempre me opus com convicção); a rotina académica; o odor dos verdadeiros manuais universitários, tão diferente do dos livros de Português, História, Psicologia, Geografia e demais do Secundário, e as novas amizades que inevitavelmente faria.

   Encarei a nova vida com o optimismo típico de alguém que inicia algo.
   
   A oposição às praxes, que relatei, na altura com uma indignação latente, é hoje uma memória que trago em mim com carinho. Os primeiros passos no amplo corredor, já enquanto aluno, sentindo a responsabilidade aumentar a cada degrau que subia, materializavam o objectivo que, afinal, é comum à grande maioria dos estudantes.
   O acesso virtual ao horário e às turmas, aos programas de cada disciplina e respectivos manuais, foi algo com o qual me debati na intensa manhã do primeiro dia de aulas. O nervosismo tomava conta de todo o meu corpo. As pernas tremiam inexplicavelmente, o leite com cereais ganhava a consistência de um prato cheio de iguarias tradicionais que enfartam à segunda garfada.


   A monotonia, mais tarde, acabou por derrotar a esperança e colocar-me no ridículo. Passei de nível de ensino, é certo, mas continuei no planeta Terra, no mesmo continente, país e cidade. Fora evitável criar tantas ilusões que jamais se concretizariam. Que mania eu tenho de sonhar!
   O ano passado já reflectia os estragos provocados pela impiedosa realidade. Continuei a acreditar que o segundo ano poderia ser mais interessante, surgindo algo que se repercutisse na minha vida. Não cheguei, todavia, a entrar no balão mágico da fantasia. Vi-o ao longe, tentadoramente desafiando-me para alcançá-lo, mas soube manter a serenidade.

   As aulas começam na penúltima segunda-feira deste mês. Em mim não mais moram desejos, excluindo o de continuar a trilhar o caminho que tenho seguido até então relativamente aos estudos. Já não corro atrás de qualquer resquício de esperança. 

   Aprendi a relativizar tudo: começarei, inevitavelmente sorridente, de estojo novo, arquivador e canetas, blocos de folhas e lapiseira, borracha e corrector. 
   Post-it, coloridos, preferencialmente.

12 comentários:

  1. Bom regresso às aulas e os maiores sucessos para mais um ano :)

    Abraço

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  2. Francisco:

    Muito obrigado.

    abraço :3

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  3. O balão mágico está uns metros à frente da tua faculdade... na FCUL, não embarcas porque não queres... lol XD

    Abraço e boas aulas ;)

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  4. Miguel: LOL :D

    abraço e obrigado :3 boas aulas para ti também.

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  5. Aprender a relativizar, é uma consequência natural de ter vivido.

    (Prefiro os post-it amarelos :)

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  6. sad:

    No fundo, é aprender a viver. :)

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  7. Mark, não deixe que a esperança morra em você :( Acredite que esse novo ano letivo vai trazer coisas boas. Tem que acreditar nisso!

    Abraços do Brasil!

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  8. Ty:

    Obrigado pelas doces palavras desde o Brasil. :')

    Já agora, parabéns por mais um 7 de Setembro, comemorado ontem. O ano passado, salvo erro, fiz referência a essa data importante. ^^


    abraço :3

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  9. é verdade que o futuro não se vislumbra nada fácil. se no fim do curso não te sentires satisfeito, tenta o outro amor, a História. pode ser que aí te sintas verdadeiramente realizado.
    quando se entra na faculdade, há muitas ilusões, mas a realidade depressa as absorve.
    bom ano lectivo.
    bjs.

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  10. Margarida:


    Ah, a História... *_* :(


    Obrigado. :3


    beijinhos :*

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  11. Não deixes de sonhar, Mark. O sonho e o anseio, e a sua confrontação com a realidade é que nos torna ambiciosos. E tu tens ambição, não és acomodado (ou não devias ser).

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  12. Coelhinho: Acomodado não diria; decepcionado, talvez.

    Prometo que irei recordar-me do teu conselho. :)

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