20 de julho de 2012

Tédio.


 O meu estado de espírito tem ditado um comportamento irrequieto. Talvez fruto do stress acumulado ao longo dos meses e do corpo se ressentir da vida citadina, não estou particularmente sensível à cordialidade da mãe e do resto da família. Agora, mais do que nunca, posso afirmar que me irrita saber que ainda não molhei os pés no Atlântico (mesmo desvalorizando a experiência do pai que o inferioriza ante o Índico).
 Preencher com motivos plausíveis a palavra merecer parece-me justificar o que está à vista de todos, e depois lá vem aquele trago a futilidade que me leva a pensar que sou permanentemente injusto, até mesmo tendo em consideração o período em que vivemos.

 Vivi absorto no meio de papéis, livros e sebentas, a que me predispus incinerar num auto-de-fé, naqueles momentos em que a angústia toma a réstia de serenidade que ainda se mantém viva. Paro, medito no crime que seria, mas sempre procuro arranjar uma desculpa que me permita aliviar o peso de tais indignos pensamentos - não encontrar uma cláusula no Código Penal que contemple um auto-de-fé de livros é uma delas. Trata-se de uma lacuna jurídica. Interessante.
 Falam-me do que há-de vir, de que o Sol ainda está posicionado bem no alto do hemisfério norte e de que as águas estão frias. Contem-me histórias.

17 comentários:

  1. Tu é que és um emérito contador de histórias.
    Cada texto teu é uma história tipo poesia em prosa...

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  2. Seus textos são deliciosos.
    Aqui está um friozinho gostoso, muito agradável. Aposto que seria de seu agrado. :)
    Abraço brasileiro, irmão português.

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  3. João: Obrigado. :)

    Ty: Pois, agora no hemisfério sul é Inverno. :)
    Eu adoro o Verão, mas não desgosto o Inverno. :)

    Francisco: Ainda não fui à praia este ano. Snif. :'(


    <3 a todos

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  4. gostei, Mark, na mesma senda dos anteriores, mas notei um amargo, o frio que o T. tb mencionou.
    Deixa lá, terás, com certeza, oportunidade para molhares os pézinhos no atlântico :).
    bjs.

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  5. Margarida: A tua sensibilidade feminina é algo de que nós, homens, podemos invejar. :)
    Sim, está lá o amargo. É a sensação de que o esforço não é recompensado, apesar de também haver muita impaciência. :$

    beijinhos :*

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  6. "Tédio"...
    É isso mesmo... Sinto-o associado a algum medo. Não gostei do ano letivo e continuarei... Acompanhar o alzheimer de minha avó é horrendo (nem o Exorcista 1 é tão assustador quanto as graves crises)...
    Curioso, escrevo com os tempos verbais incorretos, sem estrutura e sequência. Tédio meu por não conseguir expressar tudo o que me atormenta. Tantos têm sido os meus erros...
    Não queria utilizar um blogue com nickname mas parece que alternativa não tenho.
    Abraço-te

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  7. Paulo: Eu admiro imenso a tua persistência, coragem e dedicação em acompanhares a tua avó nestes momentos difíceis. O Alzheimer e as suas terríveis consequências são aterradores. Ouvem-se progressos na luta contra a doença nos jornais, na televisão, mas sem concretização na vida dos doentes. :/
    Que mais poderei dizer? :( Desejar força e coragem!

    abraço :3

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  8. É... Tem razão. A vida tá um tédio mesmo. Se cuida aí, Mark.

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  9. Citizen: As minhas férias estão entediantes, até ao momento. Ainda há dois meses pela frente. :)

    Obrigado e igualmente. <3

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  10. Podemos ir à praia juntos... vais ver que o tédio desaparece que é uma beleza... XD lol

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  11. Tenho certeza que suas férias irão melhorar. você terá ótimas férias! Espero que aconteça muitas coisas boas nesse período.


    Um abraço do Brasil.

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  12. Miguel: LOL És sempre o mesmo. :D

    Citizen: Muito obrigado. <33

    abraço :3

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  13. Miguel: Já me disseste isso uma vez. :) LOL

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