10 de junho de 2012

Tantas emoções por viver.


 Dei-me ao trabalho de contar todas as emoções que tenho por viver. Claro que algumas terão escapado à minha contagem fortuita, mas nunca fui bom a Matemática. Alguns dirão que é prematuro demais sentir que os anos me escapam por entre os dedos, como pequenos grãos de areia da praia, apesar de não se tratar de um eufemismo abusivo. É-o assim, efectivamente.

 Viver intensamente como se não existisse mais vida para além da meia-noite; dizer o que se pensa, ir para onde se quer, comer o que se gosta, deixar as obrigações para trás, esquecer o presente. Talvez mergulhá-lo numa solução aquosa, vendo-o desfazer-se como uma aspirina colocada num copo com água. A impaciência que trago por vezes assume laivos de efervescência, sentindo-me a borbulhar por entre sensações que não consigo descrever.

 Amanhã há jantar de final de ano e não vou. Primeiro, porque o ano não acaba e o meu calendário é totalmente gregoriano. Será das poucas coisas em que respeito os preceitos católicos. Segundo, porque não acho que socializar deva ser uma imposição. Não os quero ver, não os quero ouvir, não quero falar 'porque sim', não quero dizer mal dos estudos 'porque faz parte', não quero ter espírito académico. Ficaria melhor num canto, sozinho, comendo um fast-food reles cheio de molhos horríveis e carnes duvidosas. Como não o faço, também não irei a jantares-convívio. Convivam!

 Uma vez que as emoções que tenho por viver não chegam até mim - e são tantas - fico-me pela companhia da minha sombra (espero aproveitar amanhã porque tudo indica que estará Sol). Não a tendo por perto, basta-me um insecto, um mamífero qualquer que passe, um cão, um gato ou até mesmo um rato, que tenha paciência para ouvir o ruído dos meus headphones e o barulho dos meus passos.
 Vivam!

14 comentários:

  1. Também eu apenas fui a um desses jantares. E de professores, só mesmo quando trabalhei em Manteigas, onde éramos unidos e amigos. Partilho pois da tua opinião.
    Contudo, "erros meus/má fortuna", não vivas ctgo apenas durante muito tempo... Por vezes este prolonga-se e quando acordamos é tarde de mais...

    Abraço.

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  2. Tenho a sensação que és uma pessoa sozinha, e por opção tua. Gostas de estar sozinho (ao que parece) mas será que isso te fará bem a longo prazo?

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  3. Paulo: Eu gosto de viver comigo, mas também gosto de partilhar as vivências. Não vivo apenas comigo.

    abraço :3

    Tânia: Eu gosto de estar sozinho, embora não me considere uma pessoa "sozinha". Estive com amigas na sexta-feira. Apenas sou selectivo e não gosto de fazer o que todos fazem, especialmente por obrigação. :3

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  4. [De novo] me identifico com um dos seus textos. Não curto esse tipo de festas. A bem da verdade, sempre que tinha esse tipo de coisa por aqui, eu não comparecia. Não somos obrigados.

    Estava lendo o primeiro comentário e me lembrei de uma coisa meio estranha: o fato de gostarmos de estar sozinhos é mal compreendido.A solidão é vista como algo ruim. Como se fôssemos tristes por isso (eu digo que é o contrário).Quantas vezes precisei de silêncio e não o obtive por conta das pessoas que estavam a minha volta? Em muitos aspectos da nossa vida (diária mesmo) a solidão é necessária.

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  5. Emilie: Oh, compreendeste bem o alcance das minhas palavras... O "estar-se sozinho" é visto automaticamente como algo mau, mas é bom estar só por vezes. Evidentemente, a solidão que nos é imposta socialmente por falta de atenção e estima (o que acontece sobretudo aos mais idosos), é uma solidão má. Eu divido tudo em bom e mau. Há poucos meios-termos na vida. :)

    :33

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  6. Mark, embora não tenha nada a ver com o teu tema, é uma das razões de gostar tanto de murakami, a solidão intencional das suas personagens.) tu também me pareces saído de uma das histórias deles, uma personagem, forte, mas delicada, solitária, mas quando te apetece companhia, vais procurá-la. e a magia sempre presente, nos seus enredos, como na tua vida.
    bjs.
    ps: tb não sou muito de jantares por obrigação - nem fui a viagens de finalistas...)

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  7. Eu sempre fui a estas festas, porque ia com amigos. O objetivo era estar com eles, e não pela festa em si. A festa é apenas um pretexto para estarmos juntos... Se não te identificas com ninguém ou não os sentes como teus amigos, é normal que não queiras lá estar. Esta é a minha conclusão sobre o teu texto. Desculpa se foi muito fria e racional...

    Grande Abraço :)

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  8. Margarida: Oh, muito obrigado pelas tuas palavras. Sabes (não querendo parecer presunçoso), acertaste em cheio ao definires-me. Não ando longo do que achas - e bem. :)
    Beijinho grande. :*

    Horatius: Há quanto tempo! Acertaste no ponto: não os sinto como amigos (à maioria). ;) Não, não, chegaste a uma conclusão totalmente racional e acertada. :)

    Abraço grande. *.*

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  9. "Estava sozinho e não fazia outra coisa que não encontrar-se a si próprio. Então, desfrutou da sua solidão e pensou em muitas coisas
    boas durante horas a fio."

    Nietzsche

    A solidão também tem um lado bom. Eu sou muito solitário. Por vezes sofro imenso. Mas na maior parte das vezes é algo que não me incomoda. Fizeste bem em não ir ao jantar. Estares a ir "porque sim" e não porque realmente te apetecia, seria uma grande asneira, pois irias passar um mau serão, sentindo-te forçado a estares ali, a marcar presença num ambiente que pouco te dirá. ^^

    Hughie :33

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  10. Hórus: Partilho contigo esse lado "solitário". :)
    Não conhecia essa citação de Nietzsche; obrigado! ^^

    hughie :333

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  11. Não digas "Há quanto tempo!", faz-me parecer que não tenho aparecido por aqui...

    A verdade é que te tenho seguido quase "religiosamente", mas não tenho comentado. Talvez porque sou muito objetivo e ultimamente andas muito reflexivo.

    (Não estou a dizer que não gosto, pelo contrário, admiro muito a tua escrita. Só não me sinto com bagagem para a comentar... )

    Um grande abraço :)

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  12. Horatius: Disse-o porque há muito que não "sabia" de ti. :)
    Obrigado pela tua atenção e pela tua objectividade (que também me faz falta!).

    Um grande abraço. :3

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  13. Nunca gostei dos jantares marcados por "obrigação": fim de ano lectivo, Natal da empresa, etc.
    Faço sempre um frete, se tenho mesmo que ir.
    Gosto de jantares, em que o convívio seja real e agradável para toda a gente.
    Isto não é incoerente com a organização daqueles jantares de blogs que costumo realizar (este ano não houve, porque não tive força para o organizar), pois aí as pessoas vão com gosto e não vão fazer um frete.

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  14. João, nem eu! Nunca gostei de fazer o que todos fazem precisamente porque... todos fazem! :s

    abraço :3

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