31 de março de 2012

No barco a remos.


 Às vezes, tenho a noção de que sou idealista demais. Quando imagino algo, quando construo uma sucessão de imagens na minha cabeça, um projecto qualquer que, à partida, não teve começo nem fim, tudo é idílico e perfeito. Esqueço-me de que as coisas não são assim. De que no meio de um jardim solarengo, também cai a chuva; de que uma fatia de bolo, por mais deliciosa que seja, também faz mal em demasia; de que aquele que parece o mais perfeito dos dias pode trazer dissabores até ao cair da noite; de que atrás de uma alegria, muitas vezes espreita uma desilusão.
 O mesmo se aplica aos relacionamentos. Não tenho experiência, mas sempre tive a estranha noção de que para mim teria de ser mágico, quase sagrado. Talvez nos moldes de um filme de cinema. Uma cena pensada ao pormenor, concebida com um esforço monumental e com as palavras certas, ditas depois de tardes seguidas a estudar um guião. A luz suficiente, o cenário imaginado, a pessoa certa e os diálogos mais belos, improváveis e certeiros.
 O que queria - porque não tive a ousadia de pedir - não existe.
 A vida não é um filme e nós não somos actores, contrariamente ao que muitos defenderão.
 Em todo o caso, cenas como esta ficam sempre bem.




18 comentários:

  1. como eu te compreendo... enfim...

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  2. Também faço isso. Crio épicos filmes, êxitos de cinema dignos de um Óscar.
    Mas infelizmente não passam disso, filmes, sonhos que a nossa mente criou para nos confortar num determinado momento, para sonharmos.
    Mas até agora não é proibido sonhar, certo?

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  3. "porque não tive a ousadia de pedir...", és tu próprio a reconhecer.
    Tu tens que investir no amor e não ficar apenas no imaginário...
    Sobre o vídeo, já viste o filme?
    É muito bom, e retrata uma história verídica do tempo da Guerra Fria.

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  4. E eis que um dia, quando menos esperas, és o actor de um filme, o galã ou personagem principal, que mesmo sem guião, a cena decorre com a maior naturalidade e sentirás no teu coração que foi o momento ideal e especial.

    Meu caro, para mim não há guião que torne um momento especial. Acontece simplesmente.

    Abraço

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  5. Mas que lindo texto.
    Adoro a maneira como escreves e és capaz de transmitir uma mensagem de uma forma sentimental e tão pura.
    Gostei muito.

    Beijinho*

    p.s-peço muita desculpa não ter vindo ter visitado o teu blogue,ando com alguns problemas que me impedem de estar muito tempo na blogosfera.
    Mas vou estar mais atenta aos teus post.

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  6. Miguel: ^^

    Lobo, não, ainda não nos é proibido... ^^

    João: Sim, vi o filme há poucos dias e gostei imenso. A qualidade das imagens não me levaria a acreditar que data de 1984. Também gostei imenso do Ruppert Everett.

    Ribatejano: :)

    Sonhadora: Oh, não faz mal. Eu também nem sempre leio tudo o que vocês escrevem, devido à falta de tempo e atenção, mas mais a atenção. Infelizmente, por causa do ritmo louco da minha faculdade e do meu curso, sinto que ando a perder a atenção, ou seja, dificilmente consigo concentrar-me a ler alguma coisa. :/
    Obrigado! <3 *

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  7. Querido Mark:

    Se não somos nós a desejar o melhor para nós mesmos,serão os outros a desejá-lo, por mais boa vontade que tenham?

    Pois, a mim também parece-me que não! :P

    Por isso luta, sonha, cria o filme mais bonito e perfeito possível...

    No fim, talvez se torne realidade de forma diferente do que imaginaste, mas pelo menos graças ao sonho, tu pudeste criar prioridades, estabelecer objectivos e como o Universo é regido por Leis como a Lei da Atracção, quem sabe se as coisas até correm melhor daquilo que imaginaste? :)

    Um grande abraço :3

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  8. Hórus: Sabes, eu deixei de pensar em viagens pelo Universo. Aprendi que as estrelas estão longe demais. Por isso, limitei-me a confiar na Lei da Gravitação Universal e, como consequência, em manter os pés bem assentes na Terra. :) Claro que, no fundo, espero sempre que um vaivém aterre no jardim de casa da avó e me leve até à Lua. Se lá estiveram, por que motivo eu não poderei ir? :)

    Abraço. :33

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  9. É caso para dizer: "o céu é o limite!" :)

    Eu também gosto muito dela! ^.^
    Ainda não fui, mas vou na próxima 2ª feira! ;)

    Hughie :3

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  10. Não seja tão realista...Sonhe! sonhar é bom, nos faz ser mais ousados. A realidade é fria demais,por vezes. O sonho é uma forma de nos transportar ao nosso mundo da imaginação, nos faz criar nossas próprias histórias. A realidade?! deixa para o nosso dia a dia. A realidade é importante,mas é chata demais, sem graça! Prefiro sonhar, com os pés no chão,mas sonhar...

    Um dia você vai encontrar a pessoa certa... Talvez ela possa está em Portugal,em lisboa,no seu bairro, talvez possa está na Tailândia, ou até mesmo no Brasil, no Rio de Janeiro... ahaha Nunca se sabe!

    Grandes abraços,portuguesinho.

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  11. Citizen: Ahahah, quem sabe. :) Bom, na Tailândia é um pouco longe. :D
    Gostei do "portuguesinho". :$

    Abraço! ^^

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  12. Olá Mark.
    Fizeste-me sonhar.
    Já te disse que gosto muito do modo como escreves?
    Se não disse, digo-te agora!
    Transportas-me nas tuas palavras e eu sinto-me bem.
    Abraço. <3

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  13. "de que uma fatia de bolo, por mais deliciosa que seja, também faz mal em demasia;" --- ou pode ficar com bolor ;)

    Sim, belo excerto do video, mas sabes que a vida costuma ser sempre romanceada nos livros e nos filmes (é por isso que até a tragédia é quase bonita nestas artes do cinema e da literatura). E embora isso tudo que dizes do cenário perfeito, ambiente ideal, até mesmoa s palavras escolhidas e estudadas, pode acontecer ainda melhor se for natural espontaneo, porque é sempre a naturalidade que garante que é genuíno o que vivemos... o resto são cenas de filme e idílios mais ou menos longe do sentir... ;)

    HUgs**

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  14. Pedro: Oh, muito obrigado. :)
    Abraço! :3

    Daniel: O teu comentário está tão correcto e fez-me pensar imenso em cada pedaço de verdade que encontrei nas tuas palavras... Por mais belas que estas cenas sejam, que verdade guardarão? Na realidade, a falta de prumo na argumentação e nos hipotéticos cenários é suplantada pela genuinidade.
    Hugs! :3

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  15. À semelhança do Miguel "como te compreendo!" (listen what I tell you, please!)

    E para não ser repetitivo, eis que reforço as palavras do Pinguim e de todos aqueles que vão ao seu encontro.
    Não tenhas medo. Com esse maravilhoso sorriso, dá a mão. Nós estamos aqui para te apoiar!!!! (pelo menos eu estou!!!)

    Big hug.

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  16. Paulo: Obrigado pelas palavras. :)
    Abraço. :3

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  17. É algo que se aprende com o tempo, construir hipóteses de cenário com novas incógnitas, com alterações não planeadas. Costumava chamar a essas situações worst-cenario-possible. É uma estratégia de fuga, para o caso de tudo o resto correr mal. Quando lidamos com essas situações como parte do próprio plano em vez de excepções, torna-se divertido pensar no que pode acontecer. E se um dia acontecer de facto, acho que me vou sair muito bem. E tu também.

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  18. Coelho: Tens razão, é sempre bom estarmos precavidos para tudo, começando, desde logo, por idealizar os piores cenários. Depois, o confronto com a cenário possível não será tão assustador. Mas, diz lá, era bom que tudo corresse como no cinema. :)

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