24 de setembro de 2011

Se eu conseguisse colocar o tempo em palavras, não necessitaria de vivê-lo.




Porque as aulas começaram e eu não comecei com elas. De facto, comecei dois ou três dias mais tarde, apesar do corpo dizer-me que estava a ter uma aula chata sobre "o vínculo estabelecido entre o devedor e o credor a que damos o nome de obrigação". O vínculo estabelecido entre o meu Eu, a faculdade, tu e o meu futuro também se chama obrigação. Obrigação também será a inevitabilidade de ter ver beijar aquela a quem chamo feia sem o ser, mas sem, também, ser bonita, interessante e sensual. Big deal, um corpo cavernoso, com espinha dorsal andante...

Olha, olha, estou a gostar mais, apesar das minhas adoradas histórico-jurídicas ficarem a chorar por mim dentro daquelas salas bafientas, ocas e de tinta de parede monótona. O mal não é inteiramente das salas; quem as frequenta tem a sua responsabilidade no panorama próximo, conhecido - sem dúvida - e cada vez mais atual.
Comecei a comprar as toneladas (uma hipérbole fica sempre bem) de livros e posso assegurar de que são pesados, à vista, massudos e cheios de linguagem que, má sorte, entendo.

Tenho ficado no jardim da faculdade, depois das aulas, a comer um gelado e a pensar na vida (onde estás incluído, por enquanto). Ultimamente, tem passado um rapaz que fica feito parvo a fingir-que-não-sabe-que-eu-sei-que-ele-sabe-que-eu-sei-que-ele-está-a-olhar-para-mim-imaginando-como-poderá-dirigir-me-a-palavra. E a mãe tarda em chegar. Agora, vem buscar-me à faculdade porque saio de tarde e fica-lhe em caminho. Não é tão querida?

Assim não carrego os livros pelo metro lotado. Tenho tanto para ler e tão pouca vontade de o fazer, parafraseando Fernando Pessoa. Acho que os livros estão bem assim, em cima da secretária, fechados e novos. Eu não lhes quebro a lombada e eles não me dão dores de cabeça. Sempre fui um rapaz com queda para o negócio.


7 comentários:

  1. As aulas por aqui tb já começaram....
    Boa sorte para este ano lectivo

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  2. Muito bom , so o titulo diz tudo :)

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  3. Uma palmada (grande!):

    já tiveste tantas oportunidades para lhe declarar os teus sentires... Go ahead!

    Não deixes que os anos (o tempo) se esquive por entre os teus dedos. Caso contrário, um dia, ao olhares para trás, já mais velho, constatarás momentos-etapas que já não terás oportunidade para repetir.

    Abraço.

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  4. Paulo, eu sei. Tu tens toda a razão, mas, sabes, as coisas são um pouco complicadas. Se fosse assim tão simples... Há barreiras da minha parte e da outra que neste momento são... intransponíveis. :X Todavia, obrigado pela tua sensatez e pelos teus conselhos sempre valiosíssimos.

    Abraço. ^^

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  5. Um dos posts mais negativos que li de ti; um Mark que eu não conhecia, longe daquela hiper actividade contagiante; porquê esse pessimismo?
    Ou estarei a interpretar mal?

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  6. Pinguim: Mais ou menos; não estou propriamente numa fase "boa", mas este texto é mais uma profunda ironia.

    Abraço, amigo. ^^

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