O meu mar nunca foi pacífico. O bater da ondulação na areia frágil deixou um rasto visível de destruição. Cada onda traz consigo pedaços de terra estranha e remexe grãos escondidos que não mais deveriam revelar-se à minha consciência. Apesar de tudo, inquieta-me a alma. Densas são as memórias como incerto é o futuro. Observando o infinito das águas, o que virá pode ser muito ou pouco, bom ou mau, doloroso ou agradável aos meus sentidos. Ambos terminam, porque se navegarmos para além das águas agitadas, chegaremos a terra seca. Assim é a vida. Tem percurso, destino e fim.
Como espectadores do bravo marinheiro, as gaivotas pairam sobre a vida voraz. Talvez querendo pescar para se alimentarem, talvez esperando pelo naufrágio aguardado e, porque não dizê-lo, certo. Para o marinheiro, a sua tarefa parece-lhe árdua. Acredita no caráter perpétuo das penas, mas sabe que a absolvição chegará. Que dualismo tão comum e tão impercetível!
Ovações e aplausos para os ousados que cumprem a tarefa com mérito. Regozijem-se as almas, o mar foi domado. É possível acalmar um mar em fúria? É possível, porquanto todos aqueles que anseiam o seu destino e o enfrentam, merecem alcançá-lo. Quem não consegue fica na praia, palco de vida estagnada. Ficam a sentir o rebentamento nos membros fracos, cujas areias voltam à superfície. Talvez mergulhem, sem barco nem maré, sem escafandro ou submarino, aguardando o derradeiro momento.
Este post esta muito bom!!!
ResponderEliminartexto delicioso! :-)
ResponderEliminarOs teus textos de férias têm sido muito bons; com mais tempo disponível e a mente menos ocupada, tens feito uma belíssima introspecção a ti e à tua vida.
ResponderEliminarParabéns.