15 de agosto de 2011

Manuscritos.


Ontem, deitei-me sobre a cama a ler folhas soltas, umas dos inúmeros diários que escrevi durante a minha infância e adolescência; outras de pedaços de papéis que fui acumulando ao longo dos anos. É incrível a sensação de nostalgia e ao mesmo tempo de distanciamento que senti ao ler frases e textos que me pareceram tão díspares da minha realidade atual. Li cada folha, cada página, uma por uma, e demorei horas a fazê-lo. Encontrei palavras e frases que, à primeira vista e se não soubesse que as tinha escrito, negava terminantemente que fossem da minha autoria. O período cronológico de cada texto vai desde 2001 (infância) até 2009 (já com o blogue, mas quando ainda escrevia folhas soltas do diário). No meio de tanta papelada, curiosamente, não encontrei um único erro ortográfico, embora seja facilmente constatável a imaturidade presente. O período mais fértil deu-se em 2004 e 2005, quando gostei de alguém pela primeira vez e tive a necessidade de expressar tudo no papel. O divórcio dos pais, em 2006, foi prolífero também...
Comi quase um pacote de bolachas Belgas ao ler tantas folhas soltas, palavras esquecidas e emoções distantes. No entanto, ao reavivar tantas memórias, todas me surgiram no pensamento como um filme que passa em frente aos nossos olhos. As fotografias perdidas no meio de algumas páginas ajudaram a produzir esse efeito.
Vi cores, senti dores e entrei em períodos que julgara perdidos. Nada se perde em nós. Absorvemos tudo, o bom e o mau, o idílico e os fantasmas.

9 comentários:

  1. Magnífico exercício: organizaste as tuas gavetas (aquelas que fazem parte de ti!).
    É bom não deixarmos que estas fiquem totalmente fechadas. Assim, ao visitá-las, temos a oportunidade de não cometer erros do passado e olhar o nosso interior.

    Abraço-te!

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  2. Caraca! é tão bom relembrar o passado, e manuscrito é algo tão profundo, que pra mim tem um valor imensurável...
    Abraços

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  3. Também tenho montes de diários - literalmente, montes. E não tenho mais, porque todos os que foram escritos entre os 12 e os 18 foram queimados - queimados no fogo mesmo. Embora já não escreva diariamente - ainda deito uns rascunhos de quando em quando para os moleskines que presentemente me acompanham... - tenho cerca de 25 cadernos e agendas que correspondem ao período entre os 18 anos e os 27... De vez em quando também dou umas espreitadelas, porém logo os fecho. Talvez levem o mesmo destino dos outros...

    Abraço.

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  4. Paulo: Sim, eu nunca fecho as "minhas gavetas" totalmente. Gosto principalmente de fazer esse exercício de instrospeção. (:

    Abraço.

    Ro: É bastante profundo, sobretudo porque deixamos lá a nossa vida e aquilo que sentimos. (:

    Abraço.

    André: Eu também já pouco ou nada escrevo em rascunhos e folhas soltas. Aqui no texto referia-me precisamente às folhas soltas dos diários e a manuscritos que por aqui e ali fui deixando.
    Se me permites uma opinião, acho que deves mantê-los. (: São um pedaço da tua vida e da tua história pessoal que um dia, mais tarde, gostarás de recordar. (:

    Abraço.

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  5. Ao contrário de ti e do André, é raro escrever pensamentos ou considerações do dia a dia; mas tenho uma memória bastante boa e faço esse exercício de "volta ao passado", mentalmente.
    Acredito que esses escritos sejam mais precisos e daí, mais preciosos.

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  6. Pinguim, volto tanto ao meu ainda pequeno passado que nem imaginas...
    Consigo lembrar-me de cada pormenor da minha vida, alguns mais do que outros, mas estes escritos têm um efeito nostálgico em mim. Chego a sentir a angústia que porventura teria quando os escrevi... ^^

    Abraço.

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  7. nunca fui muito chegado a escrever a minha vida em diários e cenas do género xD Perco-me um bocado a escrever lol mas é bom que o faças ou que o tenhas feito porque funciona quase como uma fotografia: é um bocado da tua vida

    abc '

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  8. Tomás, escrever, para mim, funcionava como uma catarse do quotidiano. Chegava do colégio ou de um sítio qualquer e colocava no papel tudo o que sentia. À época, o objetivo não era o de perpetuar as minhas emoções e a minha vida, mas sim de "desabafar"... ^^

    Abraço.

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