19 de agosto de 2011

Encontrei o mar.


Ontem, a praia não estava cheia, por incrível que o mesmo possa parecer. O vento que se fazia sentir perto do mar amenizou o calor de agosto. À medida que íamos chegando, fui tomando atenção ao que via através do vidro do carro.
Um carrossel girava sozinho, sem ânimo humano para lhe dar vida e cor. Pessoas caminhavam com um sentido definido, atraídas por um objetivo comum. Nuvens pequenas e pouco espessas tentavam eclipsar os raios quentes do sol.
Na rua da praia comi uma bola de Berlim com creme.

"Por que razão se chamará bola de Berlim a este bolo?"

Tenho uma relação especial com as bolas de Berlim. Comi algumas quando passeava com os pais na época em que éramos felizes.
Lembro-me de quando te riste, na faculdade, naquele dia em que deixei cair um pouco de creme da boca que ficou suspenso no meu queixo.
O mar estava calmo, qual gigante Adamastor adormecido. Não, não gostei do Camões no 12º. A falta de ondas era suprimida por um cheiro intenso a sal, aroma que me agoniava a ponto de vomitar durante a minha infância. Entrei na água límpida, uma vez que não havia ondulação que remexesse as areias agora estagnadas no fundo do mar. Um pequeno cardume de peixes cinza passou não muito longe das minhas pernas temerosas do frio da água. Eles nadam todos juntos com um sentido estabelecido, o de encontrarem mais facilmente o alimento.
Estendi-me na toalha, passando os dedos por entre a areia fina enquanto me encontrava distante daquele lugar. Uma criança jogando à bola com um senhor de idade precipitou o meu silêncio interior.

"Voltaremos os dois à praia?"

Hoje, respondo-me. Não o sei dizer. Mas sei, todavia, que o que senti da última vez foi intenso, simples que fosse, e com um significado para mim.

9 comentários:

  1. Tu escreves mesmo muito bem rapaz!
    Curiosamente hoje também eu comi uma bola de berlim...e olha que raramente como doces!

    Abraço

    http://www.rabiscosincertossaltoemceuaberto.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  2. Retoma essa intensidade, esse significado...

    Voa!

    Abraço.

    ResponderEliminar
  3. Obrigado. :)

    Abraço aos dois.

    ResponderEliminar
  4. Tanta poesia na tua prosa nos últimos tempos...

    ResponderEliminar
  5. Este não tem assim muita. O anterior tinha mais. :)

    ResponderEliminar
  6. Onde este a tua audácia que já todos nós conhecemos, caro Mark?
    Dá o primeiro passo e convida-o. Apesar da tua timidez e de gostares de ser tu o abordado, experimenta. Valerá, com certeza, muito a pena.
    Belo texto.

    Até já.

    ResponderEliminar
  7. Sapo, nós já fomos à praia no outro dia. (: E, por acaso, foi ele que teve a ideia. ^^

    Até já. **

    ResponderEliminar
  8. :)
    Este post fez-me sorrir. Daqueles que teimam em reaparecer.

    ResponderEliminar