7 de abril de 2011

Tarde de Estudo


Lembram-se da tal tardinha de estudo que combinei com o R.? Foi hoje. Depois das aulas, almoçámos e fomos até ao jardim da faculdade para estudarmos um pouco. Ambos nos sentámos num banco do jardim, mas, passado pouco tempo, o R. teve a magnífica ideia de nos sentarmos na relva... Bem, há imenso que não me sentava na relva. É terrível! Suja muitíssimo e tenho medo dos bichos que andam nesse verde fora... Lá me sentei e foi a carga dos trabalhos para começarmos a estudar. Nem foi mau de todo, uma vez que a temperatura da terra fresca contrastava com o calor que se fazia sentir.
O R. tem uma facilidade verdadeiramente admirável em ser informal. Senta-se, estica as pernas, coça a cabeça e fica assim, impávido e sereno, a contemplar não sei o quê... Eu estava constrangido, óbvio. Senti-me vulnerável, sentado naquela relva a sujar as minhas calças. Ele só se ria do meu ar meio enjoado. Pudera, não estou habituado, como ele, a determinadas situações. Só faltava a toalha, o frango de churrasco e as minis para parecer um piquenique na mata de Monsanto!...
Confesso que, às vezes, tenho curiosidade em saber o que se passa naquela cabeça. Ele não estava minimamente importado com o facto de sujar a roupa ou parecer mal estarmos naqueles preparos. Também, usa uns ténis já meio surrados - que para muitos é moda, mas para mim é horrível - e uns jeans que aparentam sujidade entranhada. Que estilo, meu Deus. Tem assim um estilo meio rebelde, totalmente diferente do meu.
Agora ganhou a mania de me chamar «menino de colégio», sabendo perfeitamente que isso me irrita. E quanto mais demonstro o meu desagrado, mais ele se ri e repete.
Vamos ao estudo... Sim, estudámos, até bem mais do que aquilo que supus inicialmente. Ele é inteligente e de início tirava boas notas, mas agora anda com mais dificuldades. Admito que gostei do meu papel de professor. Gostei de ver o seu rosto a contemplar o meu com alguma visível admiração e do seu ar concentrado (ou a tentar tê-lo).
Ainda confesso mais: confesso que desejei que me beijasse, apesar de saber que não o faria por estarmos num lugar público, sujeitos, provavelmente, a olhares indiscretos.
Tivemos sede e ele foi buscar-me um ice tea de pêssego, com uma palhinha, como sabe que eu gosto. Reparei nesse detalhe. Pedi-lhe que me abrisse a lata, até porque não tenho jeito, e ele fê-lo. Nessa altura senti-me verdadeiramente acarinhado por si. Senti-me como uma rapariga indefesa que está nos braços do seu namorado que a protegem do mal do mundo. Sim, pode parecer banal, mas foram minutos tão mágicos. Parecia tudo tão perfeito, tão idílico, que cheguei mesmo a ignorar nos meus pensamentos que nada tinha de semelhante àquele mero rapaz que estava ao meu lado.
Apeteceu-me tanto... Deitar-me no seu colo, insinuar-me, pedir-lhe um abraço caloroso... Nada o fiz. Todavia, creio que fizemos bastante à nossa maneira. Desta vez não houve festas na cara, mas houve pequenas demonstrações de que ele me trata com consideração e estima. Sabe que eu sou diferente, até meio atadinho para o mundo real, mas respeita-me.
Não trocava o dia de hoje por uma ida ao melhor restaurante de Lisboa ou à melhor loja de roupa.
Há momentos que não se compram e os de hoje são alguns deles.

9 comentários:

  1. qual Dama, qual Vagabundo. É um romance (ou BROmance) moderno :)

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  2. Fico feliz por saber que correu bem =)
    Só por acaso, nos anos anteriores costumava ir muitas vezes para o jardim atrás da faculdade de direito, é agradável e como não conheço ninguém dessa faculdade, ao menos não corria o risco de me verem sentado na conversa com outro rapaz assim com alguma "simpatia" a mais lol

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  3. Ainda bem que a tarde de estudo foi proveitosa e que ultrapassaste os bichos da relva xD
    E essa vontade de um beijo e de um abraço é compreensível. Todos nos queremos sentir especiais com determinadas pessoas...

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  4. Cá estou eu, de novo, com o meu entusiasmo nesta relação! :)
    Achei extraordinária toda esta situação da "tarde de estudo" e a descrição que fazes dela. Isso parece-me mais ter sido uma "tarde de namoro" mascarada de "tarde de estudo". :) "Á vossa maneira", como tu muito bem sumarizas.
    E as duas últimas frases que escreveste, acho que resumem tudo o que sentes! Eu acho bonito e sou da opinião de que não deverias ignorar os sentimentos. Força! Marca mais "tardes de estudo" e, quem sabe, um dia destes tens uma surpresa!

    Abraço,
    Ikki

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  5. Yes!!!!!
    Eu sabia que ia valer a pena. Força!

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  6. concordo ali com o Speedy, isso parece a Dama e o Vagabundo loooool xD já te estou a ver cheio de minhoquices com o solzinho, os bichos da relva e a beber o ice tea pela palhinha eheheh xDD
    Foi uma boa tarde é o que importa!
    Abr

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  7. O Ikki e eu somos dois incondicionais desse "romance"; ainda bem que não me sinto só.

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  8. Eu como já viste noutros comentários começo a ser um pouco ceptico. Nem é nada meu, um romântico inveretado, aqui a franzir a testa.

    Na faculdade eu adorava estudar na relva. Sujava as calças todas, mas na primavera quando o tempo aquecia e começava a aparecer um solinho simpático era tão bom...

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  9. Wow. Mas que dia fabuloso tiveste...

    Tenho saudades de sentir-me assim; mesmo sabendo que não voltará a repetir-se comigo.

    *

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