10 de abril de 2011

Congresso Socialista


Acompanho atentamente o desenrolar da atualidade política em Portugal. Como já o referi, não acredito que existam boas e sérias alternativas no espectro político nacional. Parece-me tudo demasiado evidente, lógico e previsível. As pessoas estão cansadas de acreditar e mais cansadas ainda de se submeterem a sacrifícios em nome de um bem-estar que tarda em chegar. A esperança esvai-se a cada dia, a cada discurso, a cada eleição...
Vi, por alto, o Congresso do Partido Socialista à medida que também ia estudando. Há bastante tempo que não via tantas horas de televisão. Cheguei mesmo a pousar a caneta e a olhar com atenção para o que via. E vi, vi bastante. Vi, porventura, mais e mais do mesmo. As mesmas frases, as mesmas promessas, no fundo, os mesmos clichés políticos no início de mais uma campanha eleitoral.
Não há, decididamente, renovação nos cargos políticos deste país. O poder corrompe o Homem, disso não restem dúvidas. Aliás, é das poucas certezas que tenho na vida. A ânsia de mais e mais não permite que tenhamos opções realistas a médio prazo. Esta não é - nem pretende ser - uma crítica ao PS. Não é exclusivo do PS; passa-se um pouco por todos os partidos políticos. Verdade seja dita, o PSD tem alternado nas chefias do partido, apesar do mesmo se dever mais aos maus resultados do que propriamente ao desejo e à convicção de que a alternância democrática é saudável em qualquer sociedade pluralista. Jaima Gama disse que «não há insubstituíveis...», naquele que entendi ser um discurso muito vocacionado para o secretário-geral. Não obstante todas as críticas dirigidas à oposição, Gama lançou um tímido e discreto aviso a José Sócrates. Foi ovacionado de pé.
Ana Gomes discursou tarde. Indesejada? Talvez o seja. É considerada uma das vozes mais discordantes da governação socialista dos últimos seis anos. Navega sozinha num mar tumultuoso, a julgar pelo número de pessoas na plateia...
O desejado discurso do Primeiro-Ministro demissionário não me convenceu, a mim, que o apoiei em todos os atos eleitorais. Chamem-lhe desilusão, chamem-lhe o que quiserem, mas nem o facto de ter revolucionado o país em determinadas questões fraturantes é o suficiente para que o considere um homem à altura do cargo que desempenha. Portugal gosta de líderes fortes, com presença e um punho de ferro. Daí o velho abutre, como Sophia de Mello Breyner Andresen o apelidou, e todos os trejeitos conservadores e ligeiramente autoritários que encontramos nesta débil e precoce democracia, salvas as devidas diferenças. Sebastianismo do século XXI?
Não sei que resultado sairá no dia 5 de junho. Para ser sincero, pouco ou nada me interessa. Votarei, claro, isso não está sequer em causa. Uma coisa, porém, é certa: se vejo José Sócrates e Paulo Portas de braços dados, eles que tanto dizem mal um do outro, numa coligação pós-eleitoral, perco totalmente a (pouca) confiança que ainda me resta na política portuguesa. Um Bloco Central, PS / PSD, não me provoca tanta aversão.
Decididamente, perdi o tempo que deveria ter utilizado para estudar.

7 comentários:

  1. Obrigado por partilhares a tua reflexão.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  2. Apesar de ter umas convicções políticas bem definidas e seguras, não me revejo em nenhum dos políticos atuais. Nem mesmo naquele que é o líder daquele que seria o meu partido, dadas as minhas convicções políticas!
    Conclusão! Votar, votarei de certeza. Em quem? Isso não faço a mais pequena ideia!

    Abraço e boa reflexão política. Não te sabia interessado pelo tema.
    Ikki

    ResponderEliminar
  3. O que mais gosto na cena politica nacional é "os outros é que são maus", e nunca o "nós somos melhores que eles".
    Retiro do discurso que se faz que não importa ser bom, importa dizer que os outros são maus. Veremos o que tudo isto nos trará.

    Abraço

    PS: Boa reflexão!

    ResponderEliminar
  4. Infelizmente, dado o panorama político actual, perdeste mesmo o tempo que devias ter utilizado para estudar. Há uma falta de sentido de estado e de serviço público atroz na politica portuguesa. Espero que se algum dia fizeres parte dela que não te deixes corroer assim (lol, eu sei que tu és incorruptível).

    ResponderEliminar
  5. Neste momento, não há certezas quanto aos resultados eleitorais, por muito que Passos Coelho fale como "se já fosse Primeiro-Ministro"...
    A única certeza é que isto vai continuar muito mau.

    ResponderEliminar
  6. Eu acho que precisamos de outro 25 de Abril que limpe a corja das cunhas e dos tachos... Eu se fosse Primeiro Ministro ia para lá por dever patriótico e punha-me a mim mesmo a ganhar o ordenado mínimo. Pois a morar em São Bento e com despesas pagas pelo estado, enfim, chegava-me bem. Agora assim, têm todas as mordomias, levam fortunas e ainda por cima têm funcionários em empresas públicas a ganhar mais que o Presidente da República ou que o Barack Obama, epah, ridículo!!

    ResponderEliminar
  7. Salazar podia ser muita coisa mas nunca roubou o Estado, ele sim era um funcionário público ao serviço da Nação.

    ResponderEliminar