15 de janeiro de 2011

Presidenciais


Uma vez que as eleições presidenciais se aproximam rapidamente, creio que é necessária alguma reflexão sobre os candidatos e o futuro do país. Sempre me interessei imenso por política, não só devido ao contexto familiar em que estou inserido, mas também porque me provoca uma enorme avidez por mais informação. Afinal, é o cargo mais importante e de maior responsabilidade em Portugal  (apesar da figura omnipresente do Primeiro- Ministro).
Bom, vamos aos candidatos.
Aníbal Cavaco Silva. Abomino. A mãe e toda a família materna veneram o homem, considerando-o eficaz e imprescindível para o país. Para mim, é uma pessoa demasiadamente conservadora, daquele conservadorismo saloio e despropositado. É daquelas pessoas para as quais "o amor" é feito de luz apagada e sempre na velha posição do missionário. Será imprudente julgá-lo por mais do que a sua mera actividade política, no entanto, tenho a sensação de que se o conhecesse não gostaria dele. Antipatizo fortemente com a sua cara. Para além de todos os motivos enunciados, defendo a renovação política nos cargos e, sobretudo, de rostos. Cavaco Silva foi Primeiro-Ministro de 1985 a 1995 e Presidente da República Portuguesa de 2006 até ao dia de hoje. Já chega.
Manuel Alegre. Era o meu candidato desde o início. Senhor de uma Esquerda liberal e democrática, parecia-me o homem indicado para o cargo. Contudo, ao reflectir melhor, o que é que um poeta percebe de política? E quando chegar a hora de tomar decisões? Será que vai rezar ao Luís de Camões e ao Fernando Pessoa? É melhor que se deixe ficar pelos manuscritos...
Fernando Nobre. Não sei o que esse senhor é ou pensa. É de Esquerda, é de Direita, é o quê? Em que campo se posiciona? Eu sei que a dicotomia "Esquerda - Direita" está ultrapassada, mas ainda é a que se utiliza. Quais são as suas opiniões e convicções nos assuntos cruciais e decisivos? A mim, surge-me como um grande ponto de interrogação. Quer, no fundo, agradar a todos; não vai agradar a nenhum, pois vai ganhar nada mais do que juízo.
Quanto ao candidato comunista, lamento mas não me pronuncio. Na minha modesta e franca opinião, o Partido Comunista Português devia ter passado por uma enorme reestruturação à semelhança dos partidos comunistas de outros países europeus: nuns, extinguiram-se; noutros, mudaram de nome. A União Soviética já acabou oficialmente há vinte anos e Cuba aguarda pela morte de Fidel para seguir o seu caminho. O tempo do PCP já era.
Ainda existem outros candidatos, mas são tão insignificantes em ideias e em percentagem eleitoral que nem merecem qualquer observação. É verdade, nem sei bem quem são.
Perguntarão: "Vais abster-te?" Não, não vou. O dever de todo o cidadão é votar nas eleições do seu país logo que possa. Só assim adquirimos legitimamente o direito de poder criticar. Quem não escolhe, deixa que escolham por si.
É evidente que irei votar. Irei contemplá-los com um lindo e maravilhoso voto nulo. Vou desenhar uma borboleta fantástica no boletim e perfumá-la com um toque de Hugo Boss. Está decidido... Hum, surgiu-me uma outra ideia: mando-os, a todos, para um sítio que eu cá sei. É de ponderar, é de ponderar...
Cambada de inúteis. Mais cinco anos de razia e infortúnio.

11 comentários:

  1. Voto nulo não, que isso é o mesmo que não votar. Voto em branco!

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  2. Voto nulo não, que isso é o mesmo que não votar! Voto em branco :)

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  3. Gostei da tua análise dos candidatos e confesso que sempre pensei que votarias Cavaco.
    tens razão, se o conhecesses pessoalmente, como eu o conheci,(foi meu Assistente, em Económicas), não terias gostado dele, mesmo nada.
    Eu, como sempre, nada tenho a esconder: vou votar em Manuel Alegre; não digo que seja o candidato ideal, mas é, para mim, o melhor candidato. Será difícil que Cavaco não vença à primeira volta; mas se isso não acontecer, M.Alegre será o próximo a habitar Belém.

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  4. Quanto às presidenciais, eu apesar de ser menor, gosto de estar minimamente ligado à politica. Patilho a tua opinião quanto ao Cavaco, é muito superficial e desprezo os seus discursos. O sr.Fernando Nobre, para além de não saber discursar, limita-se a prestigiar a sua campanha devido ao seu passado.
    Para mim, o mais acessível é mesmo o Alegre, mas como bem dizes, não tem estofo para presidente da república..
    Bah...Se pudesse votar, faria o mesmo que tu, talvez sem a borboleta, mas com o toque de perfume ^^
    Abraço Mark.

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  5. O Manuel Alegre é um vira-casacas. É para o que lhe dá (mais de preferência). Na altura da primeira votação para o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, violou o "voto estipulado pelo partido" e votou sim. Que rebelde... Depois, veio a dizer que a adopção de crianças por casais do mesmo sexo lhe causava engulho! Engulho!
    Um voto meu, não tem de certeza. Apesar do Cavaco Silva ser muito mais conservador e ter, claro, as suas estratégias (tal como os outros) que, do meu ponto de vista, deviam vir em segundo lugar, é coerente. O meu voto vai, certamente, para ele. Mesmo depois das posições anti-homossexuais que já teve e demonstrou. Face ao panorama, entre todos, parece-me ser aquele que não é tão mau. Pelo menos é coerente.
    Sara

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  6. Concordo plenamente com o Pinguim quando escreve " Manuel Alegre; não digo que seja o candidato ideal, mas é, para mim, o melhor candidato."

    Sinceramente, nenhum deles "me enche o olho", mas Cavaco não, pf!

    Caso existisse um outro bom candidato (Jaime Gama ou Rui Rio, por exemplo), seria bem melhor dos que foram apresentados. Mas neste panorama, sem dúvida que irei assinalar Manuel Alegre no meu boletim de voto!

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  7. Ai pah amei o toque sofisticado do perfume do Hugo Boss no boletim de voto !
    E a borboleta, ai a borboleta...
    Eheheheh...

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  8. Tens de rever essa tua estratégia, porque o voto nulo não conta e dá primazia aos outros candidatos, já que estas eleições são indexadas à formula dos 50 por cento.

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  9. concordo ali com a Sasha, gente sofisticada é outra conversa. hugo boss no boletim de voto lol xD
    é muito requintado o menino. xD
    abc

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  10. Eu sou dos da tua família, embora concorde com a tua cítrica do conservadorismo. Penso que será mais apropriado dizer “conservadorismo católico” do que o “conservadorismo saloio e despropositado”, que tu usaste. Não nos esqueçamos que o senhor estudou no estrangeiro, não é daqueles que tirou o diploma ao domingo na Universidade Independente. É, inegavelmente, um homem portador de um conservadorismo católico ultrapassado, e que me chocou bastante quando ao receber o Papa como Chefe de Estado lhe fez vénia e beijou a mão. Inadmissível! No entanto é o candidato com maior experiência, é o candidato que garante que não haverá radicalismos na Presidência da República, entre outras qualidades, estas são indispensáveis para o grave momento que o nosso país vive.

    Um Presidente poeta não seria necessariamente mau. Os rótulos enganam. O que é “um poeta”? O que é “um político”? O que é “um gay”? Não passam de faces de uma pessoa, muitas vezes (senão sempre) estereotipadas, e o que conta é o todo.

    O problema do Alegre é estar refém de dois partidos antagónicos, sendo que verdadeiramente ele não se identifica com nenhum deles, o BE está à esquerda de mais e o PS de menos, isto tendo em conta o pensamento de Alegre. Além de que o Louçã e o Sócrates só não se esganam em praça pública porque não podem, embora eu adorasse ver.

    Não me leves a mal, mas pensa no que o gesto de votar significa, pensa no que ele custou a ganhar, pensa que durante cerca de meio século ele não teve qualquer valor em Portugal. Um voto é algo sagrado, é algo maravilhoso, é alguém a entregar o poder nas mãos de outrem, a depositar a sua confiança nessa pessoa. Não profanes esse gesto com borboletas. Nem te faço um apelo ao voto útil, que na minha opinião é em Cavaco, apenas digo que quando uma pessoa não se identifica com nenhum candidato vota em branco, nem é preciso levar caneta. Agora, fazer desenhos num boletim de voto qualquer saloio (agora sim) com a quarta classe sabe fazer, ou então a minha irmã mais nova.

    Um abraço. Não te quero convencer a votar Cavaco mas ao menos espero convencer-te a não fazeres desenhos no boletim.

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  11. Acho tão injusto dizer que "o que é que um poeta percebe de política?" como dizer "o que é que um gay percebe de política?". Qual é o mal do homem ser poeta? É político há 30 anos! Mas só embirram por ser poeta. É preciso que seja economista para ser bom político? O Winston Churchill era escritor!

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