21 de dezembro de 2010

Dia de Compras


Ontem foi o dia oficial das minhas compras de Natal. Eu explico a razão do porquê de «Dia Oficial». É que geralmente eu vou às compras num determinado dia - o dia mais importante - e depois há sempre qualquer coisa para comprar, o que me obriga a ir noutros dias. Como são mais do que um dia de compras, o dia em que eu compro mais é o célebre «Dia Oficial». Exemplificando: eu hoje vou comprar uns presentes para a família mais afastada.
Como sabem, o R. ficou de vir comigo às compras. Às 14: 30 fui buscá-lo à estação. Pensei em não levar o carro, mas como queria ir a mais do que um shopping tornou-se necessário. Ele não está muito familiarizado com Lisboa, tive de ser eu a escolher os lugares onde iríamos.
Em primeiro lugar, fomos ao Amoreiras, onde comprei o meu iPhone 4. Ele, apesar de brincar, mostrava-se sério. Estava vestido de uma forma mais cuidada, se bem que o conceito de «forma cuidada» tem diferentes acepções consoante a personalidade de cada um. Usava uma t-shirt preta sob uma camisa aos quadrados vermelhos e pretos acompanhadas por uns jeans pretos e uns ténis pretos e vermelhos. Gostei da combinação preto/vermelho que sobressaía da sua roupa. Geralmente sou eu que gosto de usar duas cores-padrão dominantes. De seguida, passámos pela Springfield, onde comprei (mais) um casaco. O R. comprou uma t-shirt na C&A para oferecer a um familiar e comprou um perfume na Perfumes&Companhia para oferecer à mãe.
O R. estava a gostar bastante do Amoreiras, uma vez que estivemos lá algum tempo, mas depressa notou que eu estava a ficar algo impaciente. Motivo: queria ir ao El Corte Inglés.
Ele nunca lá tinha estado. Fomos ao parque de estacionamento, peguei no carro e voámos para lá.
Até a esta altura, ainda só tinha comprado duas coisas. O meu iPhone 4 (presente do pai, que está no Porto a viver mas não se esquece do meu «depósito generoso») e o casaco.
No El Corte Inglés comecei por comprar uns ténis para mim. Gostei imenso deles. Têm um verde que adorei. Passei pela secção dos perfumes e comprei o último da Paco Rabanne, o 1 Million. É uma fragrância fantástica. O pai usou desde sempre estes cheiros intemporais. Este perfume é uma delícia. Não tem aquele aroma intenso do modelo clássico (anos 60, 70), mas sim um aroma suave, jovial e moderno. O R. estava ligeiramente impressionado com a elegância daquele espaço até então novo para ele. Notei algum desconforto.
-"Isto é fino demais p'ra mim..." - sussurrou-me ao ouvido.
-"Descontrai. Não me faças rir..."
Entretanto, surgiu a hora do lanche. Fomos até ao último piso, ao salão de chá. O empregado trouxe-nos o menu. Ele estava meio baralhado com o que escolher, por isso, vi-me na obrigação de o ajudar. Ao invés do tradicional chá, pedi dois chocolates quentes clássicos e duas tostas mistas. Foi o bocadinho de tempo em que falámos mais à vontade. Disse-me que estava a gostar da tarde e que realmente um dia nas compras comigo era uma experiência única (até pelo tempo que eu demoro, acrescento eu...). O R. é uma simpatia. Fez questão de pagar o lanche, mesmo indo contra a minha vontade. Ele tem um lado muito requintado e educado, já tinha percebido essa faceta.
Voltámos às compras. Fomos ao piso Moda Jovem, onde comprei uns jeans fantásticos e uma camisa curtinha, meio subida e justíssima, como eu gosto. Subimos ao piso Electrónica e Electrodomésticos. Precisava de uma escova progressiva nova. Desta vez comprei um modelo fantástico. A empregada disse-me que era o último grito em tecnologia alisante. O R. comprou uma cafeteira eléctrica para oferecer à avó.
Descemos ao piso Moda Senhora. Comprei um casaco para a avó e umas luvas lindíssimas de renda trabalhada à mão também para a avó. Descemos ao piso dos pequenos artigos. Comprei uma caneta para o avô e outra para um tio. A um dado momento, lembrei-me que tinha de comprar um anjo para a árvore, uma vez que o que já tínhamos há imensos anos partiu-se o ano passado nas arrumações. Portanto, voltei ao piso superior das decorações natalícias...
Às tantas, o R. estava cansadíssimo de andar por ali. Apesar de não mostrar desagrado, constatei que estava entediado. Para além disso, fez questão de carregar todos os sacos, menos um, que estava comigo. :)
Fomos ao Balcão dos Embrulhos. Era a pessoa com mais sacos por ali. Estava tudo a olhar para nós. Senti-me constrangido. Este povo tem «olhar gordo»... Detesto! Depois de tudo devidamente embrulhado, fomos ao carro colocar os sacos. Tornava-se insustentável andar com tanta coisa.
No regresso ao shopping (sim, ainda não acabou, ahahahahah), fiquei na parte das consolas de jogos enquanto o R. foi ao banheiro. Uma vez que ele estava a demorar, fui comprar um jogo para a minha PSP (PlayStation Portable). Nem sei porque comprei aquela porcaria. Nunca lhe toco. Só não dou aos primos porque eles têm tudo. Estragam aquelas crianças de mimos (fala, fala...)! Pode ser que com este jogo novo ganhe alguma utilidade. No seu regresso, disse-me que tinha demorado porque foi comprar um presente de última hora e aproveitou e foi ao Balcão dos Embrulhos... Ainda fomos embrulhar o meu jogo. Sim, eu embrulho (mando embrulhar) os meus próprios presentes que compro para mim.
Saímos de lá eram 20: 30. O R. estava cansado. Notava no seu olhar. Eu, como é evidente, estava óptimo.
Fiz questão de o levar a casa, mas ele quase que me obrigou a deixá-lo na estação.
-"Eu deixo-te em casa, não me custa nada!" - disse-lhe.
-"Custa-te tempo, dinheiro e gasolina." - riu.
-"É o mínimo. A sério, trouxeste os sacos... foste... demais..." - continuei.
Ao chegar à estação, desliguei o motor.
-"Obrigado pela tarde." - agradeci.
-"Eu é que agradeço."
-"Vamos separar os teus sacos?" - perguntei.
Saímos do carro e fomos à bagageira retirar os seus sacos. A um dado momento diz-me:
-"Este é para ti."
-"Para mim? Mas eu não comprei nada para ti..." - senti-me envergonhado.
-"Aceita." - estendeu-me o saco -"Abre na noite de Natal." - sorriu.
-"Sinto-me envergonhado. Eu não comprei nada. A sério, desculpa-me..."
-"Não tens de pedir desculpa. Eu não comprei a pensar que ia receber alguma coisa. Só espero que gostes." - disse.
Era um momento propício para algo mais, mas só consegui dizer-lhe o seguinte:
-"Posso te dar um abraço?"
-"Claro." - respondeu.
Abracei-o, mas não o fiz como dois homens o fazem. Abracei-o de forma terna e prolongada, colocando a cabeça no seu ombro. Pude sentir o seu cheiro, sentir o calor dos seus braços que agora envolviam suavemente o meu corpo. Ele manteve-se estático, apenas os seus braços me envolviam. Vi a luz da cidade reflectida nas poças d'água.
Quis acariciar-lhe o cabelo, não o fiz; quis beijá-lo, não o fiz; quis beijar o seu pescoço, não o fiz.
Será que ele quis o mesmo?
O nosso abraço demorou uns dois minutos. Quando acabámos, meti-me no carro, liguei o motor e segui. 
Quando cheguei a casa, a mãe estava na sala de estar a ler um livro a meia luz. Entrei em silêncio e fui colocar os presentes por baixo da árvore de Natal. Não resisti à tentação e espreitei para dentro do presente que o R. me deu. É um livro histórico sobre a U.R.S.S. Ele sabe como adoro História. 
Fiquei à conversa com a mãe até subir para o quarto.
Foi um dia produtivo. Ahahahahah. Gastei imenso dinheiro e, sinceramente, ainda não fui ver o extracto das minhas contas. Eu queria o cartão Gold da mãe, mas ela não mo deu. :)
Dormi tranquilamente, descansando de um dia de compras diferente. 

17 comentários:

  1. Tens que comprar um presente ao rapaz! Nem parece teu!

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  2. coitado do rapaz dass

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  3. Hoje é o dia dos anónimos. LOL

    Anónimo, realmente, fiquei tão mal... É isso que devo fazer. :)

    Ai, anónimo 2, a-d-o-r-e-i o teu comentário, apesar da cobardia desse anonimato e do palavrãozinho vulgar com pretensões a ofensivo. :)
    Quanto ao "rapaz", não tenhas pena dele. Se ele não quisesse, provavelmente não teria vindo, não achas? (pergunta retórica, não respondas, ahahahahah)
    E como é Natal, Lots of Love para ti. ^^ Ahahahahahah

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  4. Comprar, gastar, consumir, adquirir... Adoro essa época, justamente por isso...

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  5. Porque é que eu tenho a sensação de te ter visto no ECi, no 5º Piso a escolher a escova? Se me disses que quem te atendeu, foi uma mulata de cabelo loiro (acho eu que ela tá em constante mudança) eram vocês!

    Btw, quando lá quiseres ir, diz qualquer coisa, que eu trabalho lá homem --'

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  6. Tiago, eu vi lá essa senhora e cheguei a ir perguntar-lhe uma coisa, mas quem me atendeu foi uma magrinha e novita. :) Mas, sim, provavelmente viste-nos. Eu perco montes de tempo. É provável que tenhas reparado em mim. :)
    Eu vou lá imensas vezes. Não sabia que trabalhavas lá. :)

    Lots of Love. ^^

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  7. ahaha lindo. parece que desta vez, o rude deu-te uma coça na boa etiqueta. senhor mark, tem de compensar a falha

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  8. Mesmo, Speedy. :( Foi muito mau da minha parte. Sou humano, sou falível. :)

    Tenho de compensar, é verdade. E eu sei como o faria, oh se sei... ;)

    Lots of Love. ^^

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  9. Uau, ele é mesmo querido e sabe como te encantar, acho que só por isso merece uma prenda.
    Gostava de ter visto a reacção dele quando o abraçaste daquela forma.

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  10. Essa falha é tão fácil de compensar....agora não lhe podes ir comprar um presente a correr porque não ia cair bem.

    O melhor seria escolheres uma data ao acaso (não sei, mas 14 de Fevereiro soa-me bem) e dares-lhe qualquer coisa inocentemente.....

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  11. Sim, Eric, ele tem um lado sensível, apesar de não o querer demonstrar. O abraço foi tão, mas tão bom... Apetecia-me não o largar. Ficar ali, abraçado, a sentir o seu calor... :)

    João, de facto, não lhe vou oferecer agora. Seria um atestado de imbecilidade da minha parte. Mas irei comprar qualquer coisa quando as aulas começarem. Já pensei nisso. :)

    Lots of Love to you both! ^^

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  12. Não é qualquer rapaz que se deixa abraçar por outro dois minutos. O presente para ele que seja fofinho.

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  13. Francisco, mas ele parecia uma estátua... Ficou imóvel. Lá colocou os braços timidamente nas minhas costas, mas para mim soube a pouco...

    Lots of Love. ^^

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  14. Oh Mark, Mark, então eu não te disse para lhe comprares qualquer coisinha?

    Acho que a esticidade dele se deveu aos nervos. Estava num sítio público, onde possivelmente circulariam pessoas e onde podia estar alguém da zona dele. Um abraço muito caloroso poderia ser suspeito (apesar de que estações de transportes são o sítio ideal para abraços calorosos). Da próxima vez dá-lhe um abraço quando ele for lá a casa. Pode ser que o resultado seja diferente... ;-)

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  15. Coelhinho, eu acho que é mesmo do seu feitio. Ele não é muito dado a estas manifestações de carinho. É muito pragmático nestas situações, pelo que já conheço dele. É "muito homem", digamos. :)
    Quanto ao presente, foi uma falha redonda da minha parte.
    Enfim.

    Lots of Love. ^^

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  16. Ai rapaz...tens que remediar essa pequena "gaffe", pois o R. merece.
    E há várias formas de o fazer e tu saberás encontrar a melhor forma de o fazer.

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  17. Pinguim: A melhor forma seria um presente bom demais. :)

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