28 de abril de 2010

Racionalidade


«Quem é muito racional é infeliz no amor!», disse-lhe a amiga. Fiquei a pensar nessa frase durante o resto do dia.
O amor exige racionalidade, é certo. Apesar de ser um sentimento que nos deixa num estado de loucura e alienação efectiva, a razão deve estar sempre presente. Porém, será que o amor e a razão são compatíveis? A razão comanda as nossas atitudes, as nossas acções. A todas imprimimos um cunho racional. Meditamos sobre as mais diversas situações. O amor, quase sempre, não é acompanhado de grandes manifestações de racionalidade. O amor é cego, não escolhe alturas, nem olha para interesses pessoais. Refiro-me ao amor verdadeiro. A razão do coração e a razão da consciência e da mente não se cruzam neste processo da compreensão humana. Descartes defendia a separação entre a res cogitans e a res extensa. A mente e a matéria separadas para sempre. Daí surgiu o princípio de que a razão não influencia directamente as questões materiais. A matéria é algo palpável, sujeita às vicissitudes mundanas, como as paixões e o amor. A razão, por sua vez, está presente nos pensamentos lógicos, calculados e premeditados. É algo que transcende as questões da matéria e do corpo.
Até que ponto a razão deve influenciar as emoções é uma questão de elevada importância. O amor, apesar de ser esse sentimento que escapa às leis racionais, deve ser acompanhado de alguma ponderação. A racionalidade tem de existir, de forma a impor limites essenciais necessários a todo o tipo de relações humanas. No entanto, a racionalidade desmedida e sem controlo pode provocar condicionamentos à livre expressão do amor em toda a sua plenitude. O amor não é compatível com a racionalidade exagerada. Precisa de ponderação, é certo, mas de forma alguma deve ser um sentimento mecânico, totalmente racional e pensado. As emoções devem fluir normalmente. O amor extingue-se quando a razão ultrapassa os limites do admissível. Por esse motivo, a racionalidade exagerada destrói o amor, mesmo quando este parece forte e indestrutível.
É preciso um meio-termo para o amor. Não pode ser cego, mas também não pode ser pensado. Surge, explode dentro de nós. Depois, compete-nos a nós a colocação de métodos racionais para o manter.
O amor e a razão podem se confundir, não sendo totalmente opostos. Mais, completam-se.
«Quem é racional é feliz no amor!»

3 comentários:

  1. Adoro os teus posts, são profundos e é incrivel como consegues passar sentimentos tão profundos para um site. Tens jeito.

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  2. Adorei o teu texto. Bem elaborado e feito. Parabèns!!!!

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  3. Nem é verdade, nem é mentira. ;)

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