18 de fevereiro de 2010

Militares de Abril - Casamento Gay

Um grupo de militares de Abril, ou seja, militares que participaram na Revolução de Abril de 1974, irá entregar uma carta de forma a contestar a recente aprovação da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Estes militares, ao todo 25, consideram o casamento homossexual como uma «aberração». Um dos militares diz mesmo que esta iniciativa é tão importante como aquela que restituiu a liberdade aos portugueses, em 25 de Abril de 1974. Ver aqui.
Mais uma vez, as decisões de âmbito político sofrem condicionamentos externos de forma a pressionar o poder legislativo. Depois de todas as pressões religiosas, juntam-se também as pressões militares.
É inaceitável que num Estado de Direito, como é o caso do Estado Português, sejam aceites este tipo de acções que visam sujeitar o poder político a não legislar sobre determinadas matérias. Não se trata apenas de um grupo restrito de militares; agora como anteriormente, alguns militares sentem-se no direito de se imiscuirem em questões legais e jurídicas. Não conheço a fundo a realidade nos outros países onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado, mas tenho a sensação de que se trata de uma pressão sem paralelo. A nostalgia que medeia o período entre 1974 e 1982 tem de acabar. Desde a revisão constitucional de 1982, os militares foram definitivamente afastados do poder político, com a extinção do Conselho da Revolução.
Estes revivalismos, para além de serem injustos, são extremamente perigosos porque comprometem a liberdade governamental e o exercício pleno da legitimidade democrática.

6 comentários:

  1. É quase patético esta colagem de alguns militares de Abril à homofobia de Isilda Pegado & Cª.
    É como que uma "prova de vida" de quem já está "morto e enterrado" há muito tempo. Mas quem são estes senhores para se arvorarem o direito de expressar juízos de valor sobre assuntos que apenas lhes devem interessar sob o ponto de vista pessoal? Alguém, hoje, se interessa pela opinião destes defuntos.
    Mas isto tem raízes: logo em 1974, quando da revolução de Abril, um dos membros da Junta de Salvação Nacional, Gen. Galvão de Melo, afirmou, a propósito das primeiras tentativas de afirmação de direitos homossexuais, que a revolução não se tinha feito para "apoiar prostitutas e homossexuais"...
    Elucidativo, não achas?
    Abraço.

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  2. A mim também me faz confusão, mas não me parece que estas pessoas representem a instituição militar... E, quer queiramos, quer não, na democracia as pessoas podem opinar e fazer petições...

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  3. É a luta da vida deles. Tenho a sensação, tal o empenho, que eram capazes de morrer se a causa vingasse. E tanto problema por aí...
    Eu já tinha ouvido falar desse episódio com Exº Gen. Galvão de Melo. Enfim..
    Abraço Pinguim.

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  4. É verdade, Angelo. A democracia é para todos. É importante aceitar estas realidades. Mas, da parte militar, não me parece ser muito legítimo. :)

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  5. Estes "Velhos do Restelo" deviam era estar calados, pois dentro das forças armadas existe aquilo que eles querem encapotar e a prova disso é haver um policia que já deu uma entrevista em que se assumia como homossexual. O homossexual não faz mal a ninguém, só quer ser feliz á sua maneira. Porquê então esta fobia? Todos temos o direito de ser felizes, por isso era de bom tom os governantes e seus parceiros se preocuparem em fazer aquilo que deveriam fazer( que é olhar pela nação que os elegeu) em vez de andarem a ditar sentenças.

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