24 de fevereiro de 2009

Frida Kahlo

Enormíssima pintora mexicana, Frida Kahlo (1907 - 1954) é o rosto de uma mulher sofrida, amargurada, mas de uma sensibilidade única, que deixou para a posterioridade pinturas que retratam a dor, de uma forma especial. Aquela a quem um dia chamaram de surrealista, de facto nunca o foi; Frida pintava a sua dor física e emocional. Em pequena teve poliomielite, que a deixou com sequelas físicas; mas o mais grave aconteceu, quando em adolescente sofreu um acidente de autocarro que a deixou marcada para sempre, levando-a a ser sujeita a cirurgias durante toda a vida, visto ter sofrido múltiplas fracturas ósseas, que também a impossibilitaram de ser mãe, sonho que tanto queria concretizar.
Foi casada com o também pintor mexicano Diogo Rivera, casamento atribulado, mas estável. Frida era bissexual, e tal como o seu promíscuo marido, também ela tinha as suas aventuras extra-conjugais, nomeadamente com o político soviético, Leon Trótski, que esteve exilado em sua casa.
Os quadros de Frida impressionam pela dor contida, e todo o desespero visível sobressai claramente, sem que para isso tenhamos de fazer qualquer esforço. As inúmeras referências ao seu estado físico, levam-me a admirar profundamente o seu trabalho e toda a sua ousadia como mulher. Frida foi revolucionária, até politicamente; num país profundamente dominado pela cultura norte-americana, Frida Kahlo defendia os seus ideais marxistas, deixando alguns trabalhos de índole política. Mas, o que trouxe prestígio a Frida foi o seu sofrimento. Esse estado levou-a a ser conhecida em todo o mundo, feito admirável para uma mulher que passou longas estadias acamada.
"Espero alegremente a saída, e espero nunca mais cá voltar." (Frida Kahlo)

22 de fevereiro de 2009

Tão famosos, tão iguais...

Todos os dias somos surpreendidos com notícias que nos dão conta da vida tão pouco ortodoxa de alguns famosos. As celebridades geralmente são colocadas num patamar especial, mas se repararmos bem, têm vidas semelhantes às dos comuns mortais, e por vezes, com mais escândalos ainda. Vejamos, Michael Jackson tem sido das celebridades mais polémicas de sempre. As suas supostas cirurgias plásticas, a sua doença vitiligo, os seus branquíssimos filhos; a cantora Rihanna e o rapper Chris Brown mais as suas agressões; Madonna e os seus relacionamentos...
São semelhantes aos anónimos, com a diferença de que são conhecidos. O dinheiro traz fortuna, passo a redundância, e também os paparazzi, as polémicas e tudo o resto. Ser conhecido não é sinónimo de educação, de aristocracia, mas sim sinónimo disso mesmo: fama. A fama pode, ou não, ser efémera, o que não será o caso deste famosos que referi acima, mas está intimamente ligada ao mundo do espectáculo, enquanto a aristocracia está ligada aos costumes, à tradição, ao que se pode chamar de alta sociedade. A maior parte dos famosos não são aristocratas, e os aristocratas fogem da fama como "o Diabo foge da cruz...".
Em Portugal, não temos verdadeiramente nem uma coisa, nem a outra, existindo no entanto, algumas famílias tradicionais.
Geralmente, pensa-se que os famosos são entidades fora do comum, mas a verdade é que têm as mesmas vontades, os mesmos desejos. Sofrem e vivem como todos, e também merecem respeito pela sua vida e privacidade. Afinal, nos dias de hoje, qualquer um pode ser famoso; aristocrata, lamento, mas nem todos o serão. Acima de tudo, a educação e a classe fazem parte ou não de nós.

9 de fevereiro de 2009

Um rapaz que encontrei no mundo real...

No sábado passado, num centro comercial bem conhecido da capital, depois de fazer umas compras bem fúteis de coisas que não têm importância nenhuma nem trazem felicidade a ninguém, enquanto estava a andar, deparei-me com um rapaz na casa dos vinte anos, sozinho, sujo e com um ar de quem não vive no mesmo mundo que as "pessoas de bem", num mundo próprio e isolado. Estava e vivia como se mais ninguém existisse naquele momento. Parei para pensar naquele rapaz, e segui-o pelo centro, em busca de perceber um pouco mais daquele comportamento. Não parecia estar bem psicologicamente, agindo como uma pessoa com distúrbios. Mas não fiquei com uma sensação de repulsa, bem pelo contrário, apeteceu-me ajudá-lo. Ao andar, fazia círculos em torno do mesmo lugar, parava nas mesmas montras. Sozinho, tinha a sua cabeça como companhia. Era um rapaz com bom aspecto, elegante, mas a vida já tinha feito das suas naquele ser tão jovem ainda. Tinha saído do hipermercado, onde tinha comprado uma tablete de chocolate e umas maçãs, que comia desalmadamente enquanto percorria um lugar tão cheio e tão vazio. Talvez fosse a sua única refeição, afinal ninguém compra aquilo para comer enquanto anda no centro comercial. As mãos, limpava-as às calças, com uma naturalidade de quem não tem de manter aparências, de quem não está em sintonia com o mundo real. Instintivamente, pensei em falar com ele, talvez fazer-lhe alguma companhia e falar um pouco, mas detive-me, pois percebi que poderia não ser bem entendido. O medo da reacção travou-me os sentidos. E só eu reparei nele... Talvez ninguém olhasse para aquele ser humano tão abandonado, tão estranho, mas ao mesmo tempo tão solitário e necessitado. Depois de um tempo a segui-lo, decidi sair do centro comercial.
Talvez nunca mais o veja, talvez as nossas vidas nunca se cruzem, mas jamais me esquecerei daquele rapaz,   tão novo, e que o medo impediu de chegar, de falar... e que arrependido estou.

6 de fevereiro de 2009

Muito sério?, ou nem tanto?...

Há algum tempo atrás, não muito, um amigo meu que vou identificar como G., disse-me que ao ler o meu excelentíssimo blog, achou o conteúdo um pouco sério demais, o que não se coaduna com a minha personalidade, que até considerava divertida e descontraída...
Meditei seriamente sobre o assunto, e cheguei à conclusão de que a minha dupla personalidade se aplica também ao blog. Assumo, de uma forma congénita, um dualismo muito próprio, que me traz coisas boas e más. Atrai invejas de muito boa gente, que não lida bem com o meu sucesso e que tenta fazer de tudo para prejudicar; mas também atrai pessoas pela minha simpatia e espontaniedade, que revelo nos mais imprevistos momentos. Esta dupla personalidade também se manifesta nas minhas acções, que variam mediante com quem estou a lidar, e com a complexidade das situações. Não perderei mais tempo a falar de mim, por agora.
Em relação ao blog, caro amigo G. e leitores, os conteúdos, ao serem definidos por mim, variam entre o actual, social e político, com a influência do meu exacto estado de espírito no momento. No entanto, retomarei uma variante mais impessoal e jovem, mantendo todo o estilo que me caracteriza.

1 de fevereiro de 2009

Caso Freeport

Muito se tem falado acerca da integridade moral do Primeiro-Ministro o Engº José Sócrates; mas a mim pouco me importa se, de facto, existiram favorecimentos ilícitos ou não. O que deveria verdadeiramente importar à população é o desempenho do Engº José Sócrates enquanto Primeiro-Ministro, desempenho esse que considero notável. Parece-me ser um homem bastante capaz, coerente e com espírito prático. Corajoso, não tem medo de enfrentar lobbies e tomar medidas impopulares. Não sou socialista, nem me identifico totalmente com a doutrina do Partido Socialista, mas aprecio a actuação de Sócrates. É, sem dúvida, o homem mais eficiente para ocupar o cargo que está a exercer e não se afiguram alternativas visíveis, pelo menos até agora.
Pergunto-me, por vezes, se não estará a ser vítima de uma cabala para diminuir a sua credibilidade, o que é tão frequentemente usado como arma política. A altura é a mais favorável, na medida em que estamos em ano de várias eleições; mas o contrário também pode suceder, e em vez de uma destruição política, a imagem de José Sócrates pode sair bem mais fortalecida. As maiorias absolutas são sempre incómodas, e uma divisão de força leva um partido político dominante a fazer algumas cedências, mas Portugal necessita de uma maioria que governe sem medos; que tome decisões que tire o país do marasmo em que se encontra.